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Kai Hacker

O barulho ensurdecedor dos meus irmãos, os cachorros da minha mãe e a dor na minha perna, me acordaram com a bela percepção que de fato eu voltei para minha casa depois de 5 anos fora. Acho que ontem eu não tinha assimilado isso porque estava anestesiada pela saudade que senti daqui.

Depois que vi minha família, na fila de desembarque, onde a minha mãe Lilith e minha avós Maria e J pulavam e acenavam, meu pai Vincent e meu avô Damon seguravam um cartaz escrito "BEM-VINDA DE VOLTA, BOLINHA DE AMOR" com meus irmãos sorrindo largamente na frente do meu avô Nate, meu peito se encheu de amor e gratidão. Eu era amada demais para deixar o que aconteceu comigo me tirar a felicidade de estar de volta ao meu lar.

— Sel, diz para o Kalel que ele não tem o direito de espantar todo garoto que aparece na nossa porta - Kimi invadiu o meu quarto enfurecida. Seus longos cabelos ondulados e escuros combinavam com sua pele escura como a da nossa mãe. Minha irmã era exatamente igual a Lilith Hela quando tinha os mesmos 15 anos.

— Quem o Kalel espantou a essa hora da manhã? - Olhei para minha mesa de cabeceira e notei que no relógio marcava 8:23 da manhã de uma sexta-feira.

— Noah, ele combinou comigo de vir me buscar para a aula - Sentou no final da minha cama e cruzou os braços irritada. Noah é o garoto que ela não parava de falar sempre que eu ligava para ela por vídeo chamada.

— Ele notou você, então? - Sorri de lado.

— Notou e agora o Kalel espantou ele - Disse entre os dentes e gruniu irritadiça. — Acredita que ele soltou o Kion quando Noah desceu do carro?! Ele foi atender a porta e soltou a coleira de um Pitbull. - Me olhou com os olhos arregalados e as bochechas infladas. Uma risada ameaçou romper minha boca, mas disfarcei tossindo.

— Não acredito! - Fingi estar chocada.

— Do pior Pitbull, Kai! - Passou as mãos pelo rosto.

— Noah está bem? - Perguntei me sentando com cuidado e encostando as costas na cabeceira acolchoada.

— Está, porque graças a Deus, Kalel teve a decência de abrir o portão automático, e deixar eu sair na frente dele. Se tivesse somente os dois, Noah não teria como parar o Kion - Jogou os braços para cima.

— Calma, Kimi. Você vai encontrar o Noah e explicar tudo direitinho - Disse terminando de fazer um coque despretensioso. Peguei meu celular para ver se tinha alguma mensagem de Brian... Absolutamente nada.

— Ele saiu daqui dizendo que nunca mais falaria comigo e que meus irmãos são loucos - Choramingou.

— Eu sou louco! - Kalel entrou falando bravo. — Kael é muito bonzinho para a própria tristeza dele. - Rolei os olhos com a aceitação do pequeno bastardo.

— Crianças, parem! - Falei com despreocupação.

— Kimi é uma sonhadora se acha que vou deixar ela ficar com um garoto que está terminando a escola e fica desfilando com uma garota por semana. - Kalel me encarou com um sorriso desdenhoso e amargo.

— Você não tem poder sobre as minhas escolhas, seu bastardo! - Minha irmã se levantou para enfrentar o irmão.

— Bastarda é você, sua pirralha inconsequente. - Ele a olhou de cima a baixo como se fosse insignificante.

— Todos saíram do meu útero, vão chamar de bastados os filhos de vocês quando os tiverem - Minha mãe parou na porta.

— A senhora viu o que aconteceu, mãe?! Seu filho é um selva... - Kimi começou a falar mas bastou a minha mãe levantar o dedo indicador para ela se calar.

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