— Como foi na escola Arthur? – pergunto enquanto caminhamos até o centro carregando a carroça.

— Foi bem legal, você sabia que Nova York é a capital do Mundo? A tia Lúcia que me disse – diz empolgado.

— Ele voltou muito esperto – bagunço seu cabelo – vejo que vai ser um belo médico – sorrio.

— Sim, você já está ficando velha também, tenho que cuidar de você

— Me respeita cara, eu apenas tenho dezenove anos – dou um tapa em sua cabeça.

— Já viveu seus melhores anos – debocha.

Arthur sempre falou que queria ser médico para cuidar da minha mãe, ele é um encanto de criança.

— Você vendeu a metade das flores – seus olhos brilham ao encostar a carroça perto de uma fonte.

— O dia dos namorados tá chegando meu caro, essa época os apaixonados de plantão vivem comprando rosas – Digo arrumando a plaquinha que anunciava o preço das flores.

— OLHA A ROSA DONA MARIA, VENHA COMPRAR A ROSA DOS CARVALHOS, VOCÊ NÃO IRÁ SE ARREPENDER – Artur grita tentando chamar a atenção do pessoal.

— Que linda rosa – uma garotinha chega perto do Arthur.

Vejo o Arthur fascinado pela a beleza da garota, mas não era para menos. Ela era branquinha, olho azul e cabelos longos e castanhos claro.

— Você gostou? – pergunto.

Ela apenas concorda com a cabeça com um sorriso.

Sinto a barra da minha blusa ser puxada, percebi que era o Arthur me chamando para contar alguma coisa.

— Ela é muito linda – sussurra

— Eu sei – sussurro de volta rindo.

— Você gostou mocinha? – pergunto me levantando.

— Sim eu gostei muito – responde com um certo brilho nos olhos.

— Se você quiser...

— Sofia! Já falei pra você não pegar qualquer porcaria de rua – uma voz grossa me corta.

Um homem alto de pele clara, se aproxima aos poucos da garota. Ele trajava um terno muito elegante, gostaria de descobrir sua expressão, porém ele utilizava óculos escuros, mas não era o suficiente para ocultar sua beleza.

— Não é porcaria, você que é porcaria – Arthur diz intrigado.

Arthur é muito estressado, mas convenhamos que aquele ser mereceu, como ele vem ofender o meu trabalho?

— Fica na sua pirralho que eu não estou falando com você – ele responde apontando pro Arthur.

Vejo a ira nos olhos do Arthur e em segundos ele avança em cima do homem, mas graças a Deus eu conseguir segura-lo antes.

— Segura esse selvagem – o homem fala alto.

— Selvagem é você, tu não desrespeita ele que o menino não te fez nada – falo enquanto segurava o Arthur com força.

— Me solta, eu vou pegar ele, eu vou bater nele – Arthur se debate nos meus braços.

— Você e mais quantos? – o homem provoca.

— Heitor deixa eles quietos – a menina pede.

— Não se meta Sofia! Esse menino é um moleque de rua, não devemos dar atenções a eles.

A menina revira os olhos e sai andando em direção ao grande prédio que havia em frente. Ele observa os passos da garota e logo me encara.

— Não quero ver nenhum dos dois perto dela! Vocês devem ser ladraozinhos manipuladores – rosna

A não, ai ja foi longe demais! Estava me segurando para me controlar, mas esse otário passou dos limites extras que eu tinha.

Arthur se acalma em meus braços e me olha esperando a minha reação.

— Escuta aqui, a gente pode até ser "moleques de rua – dou ênfase – mas a gente nunca ia roubar um centavo de ninguém – aponto o dedo em sua direção – Somos honestos e apesar das condições que vivemos, não se passa na nossa cabeça assaltar alguém seu imprestável! – prendo as lagrimas e abraço o Arthur.

— Se tem uma coisa que você não tem, que se chama humildade! Talvez tu tenha um pouco de compaixão e siga seu caminho antes que eu jogue a carroça com tudo em sua cabeça – Digo com a voz raivosa.

— Não tenho e não quero ter, e não é uma garota que vende míseras flores que vai mandar em mim – tira os óculos olhando nos meus olhos.

Seus olhos era de cor azul, quase da mesma cor que os meus, eram lindos, mas o dono deles era uma pessoa tão baixa de caráter.

— Helô, não liga pra ele, ele é um infeliz que não tem amor, vamos terminar de vender todas as flores e ir visitar a vovó logo naquele hospital – ele da um sorriso me olhando com olhos brilhando.

— Escute seu filho – o homem debocha

— Ela não é minha mãe – Arthur diz bravo – Mas é mais que uma, ela me ensinou a amar e é isso que as mães fazem – olho pro meu menino com olhos marejados e dou um sorriso pra ele.

O homem engole seco e apenas nos encara. Arthur sai dos meus braços e pega a carroça andando em frente e gritando como ele sempre fazia. Encaro o homem pela a última vez, que tinha os olhos vidrados em mim. Levanto a cabeça e sigo o meu menino.

A menina das flores.Where stories live. Discover now