Máfia 2000

3 weeks before halloween

Íris Pov

A faculdade de direito passou a ser chata quando descobri que nem só de livros,anotações,folhas e leis vive um ser humano.Mas acho que minha colega Liz não entende isso,ver o quanto ela fica com a cara enfiada em livros,páginas e mais páginas de medicina me da uma certa agonia.
Ela quase nunca sai de casa,nem sei se tem amigos ou família.O Natal eu passo no Brasil com minha mãe e minha tia,e quando eu volto ela tá sempre aqui,parece que nunca saiu.

—ei -encosto na porta do seu quarto como se não a tivesse observado por torturantes segundos de longe. -vou sair,volto só amanhã

—são...-ela olha no relógio do computador -sete da noite

—exatamente. -mando beijos pra ela e ando pelo corredor até a porta,pego a minha cópia da chave e saio do apartamento.

Não trouxe mais nada a nao ser minha bolsa com itens de festa,sendo eles:batom,spray de mel,óleo pras pontas do cabelo,chiclete,carteira e..camisinha,bom..itens de festa.

—Boa noite Gege ‐aceno pro porteiro do predio que abre o portão pra mim.Meu deus,Getúlio é um nome ridículo,principalmente se você está no Brooklyn.

Olho pros lados,acabo vendo o seu carro preto no fim da rua.Coloco a mão na cintura fazendo uma expressão de espera,sei que ele tá me olhando.Entao o carro começa a andar e para na minha frente,entro assim que a porta é aberta.

—você tem que parar de agir feito um foragido -ele ri alto,caraca..isso foi meio irônico. -beleza,oque temos pra hoje? -ele estende um cigarro já aceso na minha direção.

—só uma dica:não é cigarro -ele ri e eu reviro os olhos,tá tirando uma com a minha cara?pelo cheiro já dá pra perceber. -esse é dos bons,fresquinho,tem nem uma hora que foi comprado.

Pego o cigarro colocando entre os dedos,coloco na minha boca e dou uma tragada,maconha realmente boa.O carro da partida,ele faz a volta na rua e entra no beco de sempre.

—aonde vamos hoje? -olho pra ele

—não é em Las Vegas dessa vez,é aqui mesmo,mas é surpresa -um sorriso se forma no canto dos seus lábios,meu deus que boca maravilhosa.

—eu conheço todas as boates daqui,deixa eu adivinhar,hm...1 OAK? -ele faz que não com a cabeça. -Paradise Club?

—pelo amor de Deus,olha a minha cara -ele sorri olhando pra mim por segundos. -vc acha que vamos pra uma boatezinha? -ri pra si mesmo e eu me calo,sorrio de canto pensando aonde vamos chegar.

..........

Puta merda,isso é serio?.Saio do carro e olha a faxada do lugar,merda..um cassino?

—quais as chances da polícia fazer uma limpa aqui hoje?? -ele pega minha mão e beija.

—quem? -ri mais uma vez. -fica tranquila,Agatha só decepcionou uma vez. -Agatha?Agatha também tem negócios aqui?

Dou de ombros,lhe dou um selinho e ele me guia até as portas de entrada,quando elas se abrem um grande salão é revelado,cheio de homens de preto e jogos pra todo lado.As mulheres vestiam vestidos longos e brilhosos,não me senti intimidada.Eu usava uma roupa preta de couro muito decotada,provavelmente eu chame mais atenção....

—Íris,você por aqui -Agatha anda na minha direção com saltos irritantemente barulhentos e um vestido preto,aquele colar no seu pescoço custa o dobro do valor de dois apartamentos no centro.

—pois é...eu não sabia que você tinha negócios aqui,tá bonita -sorrio

—muito obrigada,eu que não sabia que você morava aqui,descobri isso falando com o Dylan no telefone mais cedo. -sorri e revira os olhos pra ele,nao parecem se gostar e as vezes se gostam,nunca entendi essa animizade -pode ficar a vontade ok?se quiser apostar ou sei lá,se divirta -ela sorri de canto,olha pra uma mesa de apostas e vai até lá.

Me viro pro Dylan cruzando os braços,dou um sorriso e olho ao redor por alguns segundos.

—então,quer apostar comigo? -rio

—não tô afim de roubar o dinheiro que você nem tem.Aposta oque?$20 dólares? -completamente sem graça.

—reprovo sua brincadeira,agora quero que me pague uma bebida de pedido de desculpas. -olho pro bar

—uouuou senhorita,não sabia que isso te ofendia.Tequila ou vodka? -ele me olha.

—você sabe que pra mim tequila é fraca. -pisco,antes de ir até o bar deixa um tapa na minha bunda. -vou andar por aí -aviso.

Vou de braços cruzados passando pelos grupos de pessoas apostando o salário de um médico,um advogado e um engenheiro juntos.Fiz uma cara feia por um homem perder $20.000 dólares,cacete,muito dinheiro.

—ei,não quer vir apostar comigo? -uma menina me chama com a mão e eu vou até ela. -é um jogo de montar,mas tem pegadinhas,acho que sou a única que sei a maioria delas,cinquenta fases.Vai arriscar?

Rio sem saber oque fazer,olho pros lados,Dylan está segurando a minha garrafa enquanto conversa com um loiro.

—quanto? -pergunto

—podemos começar com oque vc tem -ela sorri

—aposto $1.000 dólares que você não passa da fase dez,eu pego as fases seguintes. -ela sorri e liga a maquina com uma ficha.

......

Quanto mais vodka eu tomava,mais eu apostava.Quando eu vi,já estava num jogo do outro lado do salão,Dylan ao meu lado torcendo pra eu não perder mais de $200.000 dólares (eu não tinha $200.000 dólares pra pagar caso eu perdesse).

—então senhores,a última rodada -o cara que eu não sei o nome fala,só sei que ele tava girando uma roleta.Minha cabeça também tava girando. -qual a aposta?

—número 32 -um cara que eu realmente não sei de onde veio mas que estava apostando comigo,fala.

—número hm....-digo meia bêbada tentando enxergar os números que sobraram. -número 29

A roleta começa a girar e o moço joga o dado,o dado gira e gira e gira e gira.Sinto a mão do Dylan nos meus ombros,olho pra ele e o mesmo abre um sorriso,só então percebo que ganhei.

—PUTA MERDA,$200.000 DÓLARES?isso é serio? -olho pra mesa,o homem da roleta me empurra a pilha de dinheiro que estava no centro. -todo seu

Dylan me ajuda a pegar toda a grana.Saimos dali e fomos pro carro sem nem dar tchau

—puta merda! -ele sorri -vc é meu orgulho,mais de duzentos mil dólares trapaceando? -sim,eu meio que fui desonesta,mas tipo...o cara da roleta tava ao meu favor.

—acho que vamos nos dar muito bem daqui pra frente -sorrio -quero sair desse muquifo.Que tal irmos pra sua casa em Las Vegas e..transarmos pra caralho? -é o milésimo sorriso que ele dá no dia,e dessa vez é largo,cheio de malícia.

—você lê a minha mente -ele liga o carro -ver você trapaceando me deixou duro pra cacete.

Pego as notas de dinheiro e coloco nos meus pés,mordo de leve meu labio quando paro pra pensar no tanto de grana,como vou esconder isso?