- Almas gêmeas e procuras -

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"Os gregos antigos acreditavam que os humanos já tiveram quatro braços, quatro pernas e uma única cabeça com duas faces... Éramos felizes, completos. Tão completos que os deuses, temendo que com isso não fôssemos adorá-los, nos dividiram ao meio, deixando nossas metades vagando pela terra em sofrimento... para sempre desejando, desejando e desejando, a outra metade da alma."
Filme: Você nem imagina.
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Akaashi sempre teve um sonho que achara infantil e até mesmo digno dos filmes, séries e livros românticos de todos os tipos; Do clichê ao mais improvável de todos: achar a sua alma gêmea romântica e viver momentos super fofos, melentos e incríveis ao seu lado.

Com o tempo ele percebeu que esse seu sonho seria quase impossível, (ou era o que ele achava) já que se descobriu demissexual e gay muito cedo, com o tempo acabou percebendo que quase todos os seus "crushs" de infância haviam sido apenas obsessões para suprir, de alguma maneira, a carência e a pressão imposta pelo mundo inteiro que ele sentia em ditar que "todos os adolescentes deveriam ter algum crush e amor juvenil, é como as coisas são e não tem como isso mudar" e sim, essa foi uma frase que ele mesmo ouviu, vinda de sua mãe que assim como o seu pai, não havia aceitado muito bem a nova descoberta do garoto após ele se assumir, seus pais até que aceitaram bem o fato dele ser gay. Bem os allos não entendem como é sentir pouca ou nula atração romântica, ou apenas por alguém que você tenha criado uma ligação emocional ou intelectual. É compreensível que não entendam.

Keiji decidiu que apenas iria deletar aquela frase e toda a situação da sua cabeça para focar na melhor parte de tudo aquilo: eles não haviam expulsado ele de casa, ou algo do tipo como normalmente acontece. Ele não saberia o que fazer neste caso.

E como eu havia dito, quase todos os seus crushs de infância eram apenas obsessões. Havia um específico que ele sabia e tinha a completa certeza: não era apenas uma obsessão e sim, ele o amava. Bokuto Koutarou era o nome dele, seu antigo amigo do ensino fundamental o qual ele não se separava nem por um segundo, eles sempre estavam juntos como arroz e feijão, beijinho e brigadeiro ou piupiu e frajola. Akaashi o adorava e quando teve que mudar de país, eles fizeram uma linda promessa que, apesar de tudo, ficou guardada no coração do moreno todos esses anos e agora, sete anos depois, ele tinha certeza que iria cumprir.

Há sete anos Keiji saiu de Tokyo, deixando todos seus amigos e a sua antiga vida para trás, mas agora ele retornava, mais velho, maduro, cheio de esperanças e saudades.

Ainda não sabia como nem onde iria encontrar o seu amado amigo de infância, não sabia se ainda morava na mesma casa ou se havia se mudado, não sabia de absolutamente nada da sua vida atual. Eles perderam contato há 5 anos atrás quando ele perdeu seu telefone junto com seu chip e a saudade só havia aumentado. Mesmo que o garoto pudesse não gostar dele de volta, ele só pensava em revê-lo e pular num dos seus abraços quentes, que mais pareciam o abraço de um urso, já que mesmo aos 8 anos Bokuto já tinha o porte gigantesco e Keiji amava isso nele.

Com o aviso do comandante do avião, Akaashi estava fora dos seus devaneios e se preparava para o pouso do mesmo. A animação tomava o seu corpo, sua antiga casa era seu próximo destino para logo após rever alguns amigos que havia conseguido o contato há algumas semanas.

Definiu que naquele pouso, a partir daquele momento, cada passo dado por ele era uma nova oportunidade de vida aos seus queridos 16 anos.

Após dois longos dias finalmente de volta a Tóquio, o moreno se sentia exausto, só pensava em dormir e se preparar para seu primeiro dia de aula. Precisaria se matricular no vôlei e lá no fundo torcia para que Bokuto estudasse naquela mesma escola e continuasse jogando vôlei, lembrava também de como amava levantar para o mesmo e ver seu sorriso quando perguntava: "UAU, você viu aquilo?! SEU LEVANTAMENTO FOI PERFEITO E O MEU ATAQUE AINDA MAIS". Lembrando de vários momentos felizes como aquele, soltou apenas uma risada nasal e finalmente adormeceu no seu quarto esperando que sonhasse com essas queridas memórias do passado; Ele precisaria de forças para enfrentar o amanhã.

Na manhã seguinte Akaashi se levantou, teve um banho demorado, tomou seu café da manhã e enquanto escovava os dentes, ele revisava todas as suas tarefas do dia em um checklist mental. Sem que percebesse suas pernas tremiam de entusiasmo e davam pequenos pulinhos com a ideia de que poderia estar estudando com Bokuto novamente, mas com a mesma rapidez que o entusiasmo veio, ele se desfez.

- Merda. Merda. Merda. E se ele não estudar nessa escola? E se ele se mudou também? E se ele não lembrar mais de mim? E se ele se lembrar mas não quiser mais falar comigo? E se ele não lembrar da promessa? E se... E se...

Eram tantas possibilidades que pensar naquilo já estava o enlouquecendo! Não precisava de mais preocupações e alguns dias atrás havia feito uma promessa própria de que não se preocuparia com mais nada além de encontrar seu amigo assim que soube que voltaria para Tóquio.

Assim que terminou tudo, se despediu da sua mãe e seguiu seu caminho até a escola. Eram apenas 10 minutos andando, então assim que saiu de casa, pôs seu fone e colocou Twice no máximo, ele amava aquele girlgroup coreano mais que tudo e com certeza seu álbum favorito era formula of love o qual estava viciado no momento, mas o rosto que as pessoas viam na rua era de um garoto normal e sério, ninguém imaginaria que nos seus fones tocava em looping uma das músicas japonesas mais fofa do grupo: Candy pop.

Seguiu seu caminho em silêncio e assim continuou em sua aula até o horário do almoço, onde resolveu que iria logo resolver sua matrícula no vôlei. Já estava meio desanimado e entediado pois passou a manhã toda na sua sala e bem, Bokuto não estava, mas estava feliz que havia simpatizado grande parte da sua turma e já tinha conseguido vários amigos, mesmo preferindo ficar na dele.

Chegando na quadra da escola, logo avistou uma mesa com um dos treinadores do time e foi logo fazer sua inscrição. Seus olhos então, brilharam ao avistar o nome conhecido no time titular.

...
Akinori Konoha
Haruki Komi
Koutarou Bokuto
Shūichi Anahori
Tatsuki Washio
Yamato Sarukui
...

"Eu finalmente te reencontrei"

Finalmente ele estava aliviado, toda aquela vontade e saudade finalmente tinha se acalmado, não precisaria mais pensar em encontrá-lo, ele estava ali, ao seu alcance. Será que ainda o chamaria de 'Kaashi? ou já saberia como pronunciar seu nome? As perguntas dançavam na sua mente como leves sentimentos de uma pura alegria

Keiji riu com seu pensamento idiota, claro que na época em que se falavam eles eram apenas crianças, mas Bokuto sempre foi meio "bestão", falador e sempre muito animado, enquanto ele era mais fechado e só aproveitava as brincadeiras e os monólogos do maior.

- Algum problema, jovem? - O treinador disse tirando-o de seu transe. - Você está sorrindo para um pedaço de papel, o que é meio preocupante... Vai querer assinar, ou desistiu?

- Sim, me desculpe, vou assinar... Acabei me distraindo.

- Certo, certo. - O mais velho riu. - Esses jovens de hoje em dia...

- O senhor poderia me dizer quando os treinos vão começar?

- Amanhã! Então, já venha preparado.

- Muito obrigado.

Então ele saiu mais do que feliz para enfim almoçar, terminar suas aulas da tarde e voltar para casa, e se preparar para o próximo dia.

Moonlight • [BokuAka]Onde histórias criam vida. Descubra agora