Lee Eunji é uma pessoa muito, muito curiosa

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Jake Shim é um sem-vergonha. Ele e meu irmão conversavam alguma coisa sobre o colégio, e fiquei de ouvidos em pé ao mencionarem o nome de uma garota e Jake sussurrar a palavra "quedinha", dando sorrisos suspeitos.

Para a infelicidade da criatura aqui, os dois malandrinhos resolveram terminar a conversa no quarto, deixando-me intrigada o resto da tarde e com um sentimento doído no peito. Jake parecia adorar o assunto, mas o que poderia ser?

Fingi não ser enxerida pelo tempo que pudesse aguentar. Mas segunda de manhã, quando Heeseung terminava de ajeitar a gravata do uniforme e o aroma do café da mamãe perfumava a casa, invadi seu quarto a troco de respostas.

— De quem vocês estavam falando aquele dia aqui em casa, Hee? Pra até fechar a porta do quarto, deve ser alguém bem importante.

— Se a gente não queria que ninguém ouvisse, acho que não é muito da sua conta, maninha — rebateu numa risada fraca, penteando o cabelo em frente ao espelho embutido ao guarda-roupa. Depois de passar um perfume exagerado de tão forte, virou para trás e me encarou. — Você tem que parar de ser tão curiosa assim.

— É meio difícil quando você e o Jake vivem trocando segredinhos e risadinhas por todo o lado. — Sentei na cama dele, o rosto emburrado. Muitas vezes, eu mesma me odiava por ser a irmã mais nova. Embora grande o bastante em idade e tamanho, Heeseung ainda me tratava como uma garotinha boba de sete anos, inocente e irritante. — É claro que vou querer saber também... Me sinto excluída! Caramba, se não vão me contar, pelo menos fofoquem longe de mim, né?

— E não foi o que a gente fez? — Ergueu os ombros, franzindo a testa. Heeseung deu um riso soprado, aproximando-se para apertar a minha bochecha. — Por isso trancamos a porta, boba.

— Mas antes sussurravam pela sala e eu estava lá também...

— Eunji, você estava assistindo dorama! A gente não imaginou que estaria interessada no assunto até que percebemos o tamanhão da sua orelha ouvindo tudo.

Num movimento ágil, agarrei o travesseiro da cama e o lancei na direção dele, que desviou e ainda o atacou de volta, acertando minha cara e desmanchando o meu cabelo arrumado.

Sem respostas às perguntas que eu queria, voltei para a sala e esperei o bonito terminar de se arrumar para podermos seguir para o colégio, mas Heeseung enrolou tanto que até Jake chegou primeiro.

— Caramba... — Jake olhou para seu relógio de pulso, assustado com as horas. — O Hee tá se arrumando ainda?

— O que você acha, Jake? Lerdo do jeito que ele é...

— Perdoem a demora, senhores — avisou-nos meu irmão, saindo do quarto como se estivesse indo para um encontro e não para o colégio. Já estava perfumado o bastante antes, mas nãoooo, ainda borrifou mil e tantas vezes mais aquele perfume enjoado que doía a cabeça. — Podemos ir agora.

Durante o caminho, os dois patetas faziam de tudo para me deixar ir sozinha na frente só para fofocarem tranquilos atrás de mim, soltando aquelas malditas risadinhas.

— O que é tão engraçado assim pra não pararem com os relinchos? — Chegou um momento que precisei intervir. Simplesmente necessitava saber. Minha curiosidade natural explodia. — Já tá chato isso.

Eles se encararam por dois segundos e caíram na risada, dizendo:

— Nada não.

— Sei... — Mas eu não me daria por vencida. Precisei passar mais um vexame: — Aposto que é sobre aquela garota que comentaram na sala, a possível quedinha do Jake.

Jake Shim é um cara muito, muito irritanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora