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—Porque você têm que ser tão chato? —Alícia revira os olhos impaciente —Eu tenho que terminar essa redação até amanhã.

—Eu só quero que você brinque um pouco comigo, estou sem sono —Noah se senta ao seu lado na cama.

—A gente pode brincar amanhã, o que acha? —A garota faz uma careta.

—Eu estou com saudades do meu pai —Noah respira fundo.

   Alícia encara o irmão compreensiva, conhecia aquela dor melhor que ninguém. Afinal, quando seu pai morreu ela tinha praticamente a idade de Noah.

   A dor do luto era horrível, mas Noah enfrentava um momento difícil, a rejeição paterna.

   Um pai que simplesmente decidiu que ter um filho não era mais importante do que construir uma carreira.

    Talvez na cabeça do pai de Noah todos os presentes que ele manda ao filho, consegue minimizar a dor do abandono.

—Olha... —A garota o puxa para um abraço de lado —Você sabe que eu te amo muito não sabe?

—Às vezes parece que não —O garoto cruza os braços.

—Para de ser idiota —Alícia solta uma risada e o garoto sorri travesso —Não fique com saudades dele, você têm a mamãe, o Dan e a mim!

—Eu sei...

    Alícia deposita um beijo na cabeça de seu irmão mais novo, Noah não precisava de ninguém que não fazia questão de estar em sua vida.

—Você têm que me falar quem fez isso com você!! —A voz desesperada de Lucille chama atenção dos irmãos que correm para a sala.

—O que aconteceu? —Alícia pergunta surpresa ao ver o estado lastimável em que Daniel se encontrava.

—Eu apenas caí de bicicleta —O garoto fala com certa dificuldade —Eu estou bem...

—Não é o que seu rosto diz —Alícia suspira.

—O Daniel tá cheio de sangue, eca —Noah faz uma careta.

—Me da um abraço Noah? —Daniel solta uma risada fraca.

—Eu não, você tá fedendo.

—Hey mocinho, porque não está na cama?  —Lucille pega o caçula no colo.

—Eu estou sem sono —Noah dá de ombros como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—Pois trate de ir dormir, amanhã você precisa acordar cedo para ir para escola.

—Mas mãe...

—Sem mas! Já para cama —Lucille coloca o filho de volta no chão.

—Que saco, eu vou ir embora dessa casa —O garoto sai pisando duro fazendo Alícia rir.

    Sua mãe acompanha o garoto para se certificar de que ele iria realmente para a cama, Alícia aproveitou o momento a sós com o irmão para perguntar o que realmente tinha acontecido.

—E então... —A garota o encara e ergue uma das sobrancelhas esperando a resposta.

—Não foi nada, apenas cai de bicicleta —O garoto evita contato visual.

—Ah sim claro, e você é um péssimo mentiroso —Alícia suspira —Dividimos a barriga da mamãe Dan, eu te conheço muito bem! Sei muito bem quando você está falando a verdade, e no momento você não está.

—Você é chata —O garoto solta um gemido de dor —O que você quer?

—A verdade.

—Foram alguns garotos, acho que estão me perseguindo —Daniel suspira.

𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 • ᴮᵒᵇᵇʸ ᴮʳᵒʷⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora