Capítulo 16

231 19 171
                                    

Ouço batidas na porta, meu corpo se recusa a se mover e não tenho a mínima vontade de forçá-lo a isso.

— Senhorita? — ouço Rita chamar — Trouxe sua comida.

Ela abre a porta e liga a luz do meu quarto, minhas retinas ardem e fecho os olhos rapidamente, ouço ela pegar a bandeja que estava em cima da cômoda ao lado da minha cama e trocar por uma nova.

— Não comeu nada outra vez? — ela me pergunta e logo solta um suspiro — Você deve comer... Não pode continuar assim... Seus amigos vieram te ver, sabia? Mas o Takemichi não deixou eles subirem, vai ficar tudo bem... Se esforça um pouco, tá?

Me esforçar em razão à quê?

Ouço algo pulando em minha cama seguido de um miado, o gato se aproxima do meu rosto lambendo, a língua áspera faz com que eu retorça o rosto, Rita se aproxima o tirando de perto.

— Vou te deixar sozinha, senhorita... Coma ao menos um pouco tá?

Ela fica um tempo parada esperando alguma resposta, mas logo desiste e ouço seus passos até a porta, onde ela apaga a luz e logo sai do quarto.

Eu não sinto fome, não sinto frio ou calor, sinto apenas essa escuridão no vazio em meu peito. Ele se foi, eu não consigo... Não posso acreditar... Meu amor...

Mas tudo foi um pesadelo né? Se eu conseguir voltar a dormir e acordar, ele estará aqui, comigo e nosso gatinho... Mas já faz dias... Por que não consigo dormir? Quem quero enganar? Eu já belisquei minha pele ao ponto de rasgá-la e ele ainda não voltou, se fosse um pesadelo, eu já teria acordado... Take, por que não pode voltar? Por qual motivo os deuses, ou seja lá quem for, nos deu esses poderes se não podemos usá-los em nossa conveniência? Por quê?! Como eu não consegui retroceder? Eu falhei, falhei com ele.

A porta se abre novamente, antes que eu pudesse descobrir quem era, a luz se acende, dessa vez eu nem me importo com a ardência em meus olhos, apenas aceito como penalidade por falhar.

Já chega de fazer cena! — Takemichi, grita — Ele se foi! E daí? Já faz um mês, supera! Vai ficar depressiva por isso? Quanto drama!

Ele anda pelo quarto nervoso, abre as cortinas e me encara. Então o Takemichy voltou pro futuro...

Se olha no espelho, a quanto tempo você não toma banho? Tá fedendo! — tento me lembrar, mas não consigo — E você tem que ir pro médico... Até quando vai viver assim? — até ele voltar... — Falaram que depressão tem cura! Toma os remédios e vai para as consultas!

A dor se torna ainda mais insuportável, a lembrança da vida dele se esvaindo em meus braços, não sai da minha mente. O meu vazio aumenta mais ainda... E uma escuridão se apossa dele, sinto vontade de morrer, fecho os olhos lembrando uma última vez do calor do corpo dele, do macio de sua boca, do sorriso dele, a voz... E como um raio, algo aparece diante dos meus olhos.

Em um piscar de olhos volto a realidade, confusa com a visão que acabo de ter, Que diabos foi isso? Eu voltei... Ou eu previ? Não... Tenho certeza que Baji morreu em meus braços, mas não me lembro de nada até a Rita batendo em minha porta, então, previ o futuro? Não é hora para isso! Brigo comigo mesma olhando ao redor, eu estava lutando com os capitães da Valhala, estava na defensiva, dois dos capitães me atacavam em dupla, então como se minha vida dependesse daquilo, eu comecei a atacar sem piedade.

— Que porra é essa garota?

O que sobrou me perguntou após eu ter derrubado os dois que me atacaram juntos, com um chute frontal direto, onde consegui pegar aquele cassetete de ferro e com um giro acertei a lateral da cabeça, do que vinha por trás. Sem perder tempo avancei no que restava e com toda a minha força, acertei sua cabeça.

Retroceder - Tokyo RevengersDove le storie prendono vita. Scoprilo ora