- Porque eu acabei de ter uma conversa interminável sobre isso, porque eu não deveria usar a minha velocidade no máximo só pra bater em alguém inconveniente, porque isso fez com que nós dois perdêssemos o dia inteiro de treinos, porque é algo que exige muito do meu corpo... Eu poderia continuar, mas a lista é bem longa, então: não.
Ele a encarou em silêncio por um tempo na tentativa de determinar se ela estava sendo sincera ou não.
- Qual a porra do sentido de ter uma habilidade e não usar ela? - perguntou irritado.
- Eu posso usar, mas não faz sentido usar sem necessidade. - apontou ela, parecendo perder a paciência aos poucos. - E não é como se eu precisasse dela para ganhar de você.
Kiara deu meia volta na tentativa - mais um vez - de voltar para dentro do alojamento, quando Bakugo a interceptou novamente.
Tudo bem, ele era capaz de admitir que aquilo que ela havia feito era do caralho, mas daí a dizer que ela ganharia dele sem suar muito era demais, afinal, Katsuki também era muito rápido em um luta, e até onde ele havia entendido, a velocidade normal dela não era tão impressionante assim.
- Tá tirando com a minha cara, idiota?
- Não mesmo. - respondeu ela olhando-o bem nos olhos.
Um claro sinal de desafio.
Katsuki gostou daquilo, fazia tempo desde a última vez que sentiu vontade de esfregar na cara de alguém que ele era realmente bom. Mesmo que agora ele não se sentisse tão forte quanto antes.
Reparou só naquele momento que ele havia segurado o pulso dela para a impedir de entrar, sentiu-se um pouco desconcertado por ter agido de forma tão involuntária, mas não deixou aquilo transparecer. Soltando o pulso dela devagar, Katsuki se afastou alguns passos.
- Até amanhã, cenourinha.
Ele viu quando Kiara revirou os olhos, deu meia volta e entrou.
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Kiara nunca havia se sentido tão leve em toda a sua vida.
Era quase como se estivesse flutuando, mas quando abriu os olhos e viu que a lâmpada do quarto estava a cinco centímetros do seu rosto, ela reparou que de fato estava mesmo flutuando.
Kiara girou o corpo tentando de alguma forma encontrar estabilidade, mas a gravidade zero era uma merda a qual ainda não havia aprendido a lidar. Com um certo custo ela conseguiu girar o corpo e apoiar os pés no teto para impulsionar o seu corpo para baixo.
Deitada na cama estava Ochako, com o braço pendendo para baixo tocando o chão no espaço onde deveria estar o colchão e a própria Kiara, flutuando pelo quarto estava uma das luvas que a colega usa para dormir.
É claro que aquela porcaria havia se soltado, Ochako se mexe tanto enquanto dorme que era um milagre ela já não ter colocado um carro em órbita.
Empurrando o corpo com ajuda do impulso das pernas, Kiara conseguiu agarrar a cabeceira da cama. Era totalmente contra acordar pessoas, mas considerando que o colchão que ela usou para dormir não estava em nenhum lugar do quarto, e que a janela estava aberta, achou que seria razoável acordar a garota antes dela mesma sair flutuando para conferir como estava a atmosfera.
