02 | Violino com efeito confusão

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    Chuuya observava atentamente Dazai mexendo no violino, o moreno havia ido e voltado da sala de materiais com novas cordas mesmo Chuuya tendo as dele, e o disse: "Essas não são as desse violino, quer que ele tenha o som de um violino machucado?"

    Dazai realmente aparentava por incrível que pareça saber o que estava fazendo, estava totalmente concentrado e sendo bastante cuidadoso com o violino, chegava a ser estranho o quanto ele parecia familiarizado com esse tipo de coisa.

— Prontinho! — exclamou sorridente levantando o violino acima da cabeça. — Perfeitamente bem.

— Mas já?! Não se passou nem cinco minutos! — exclamou perplexo. Dazai sorriu convencido.

— Isso é brincadeira de criança, a única coisa difícil seria restaurar a beleza desse violino. Ele está mais mal cuidado que você.

— Cala a boca! Agora me dê isso para eu levar para o Tachihara e ganhar meu horário de almoço. — tentou arrancar das mãos de Dazai, mas o moreno foi mais rápido e o afastou.

— Na na ni na não! Temos que ter certeza de que as cordas estão firmes.

— Você não é o luthier especializado? — perguntou sarcástico.

— Eu sou. Mas já fiz a maior parte do trabalho. Então você toca. — sorriu e entregou para Chuuya. — Anda, toca uma musiquinha aí.

    Chuuya suspirou e posicionou o violino nos ombros.

— Que música?

— Qualquer uma.

— Tá. — bufou e levantou o arco o posicionamento no violino.

"Faz tanto tempo desde a última vez que fiz isso..." pensou. Chuuya deu início as notas iniciais, o som do violino estava realmente ótimo e Dazai havia feito um ótimo trabalho, ele tinha que admitir. O som estaria melhor se não fosse pela imensidão de sujeira dentro do violino e o estado dele também não estava o melhor do mundo, no entanto ele ainda produzia um som bom.

    A música que veio na mente de Chuuya foi Arcade, a música que ele nunca foi muito fã, mas apareceu tantas vezes em sua vida que ele acabou decorando contra a vontade. O tempo parecia ter parado e ele nunca tinha parado de tocar, era uma ótima sensação de nostalgia com a magia do violino que parecia ter voltado. Sua mente se esvaziou do agora e voltou ao passado lembrando de quando começou a tocar, seu pai o ensinando como se pegava um violino e seu primeiro show, estava tão aéreo com o momento que nem percebeu o olhar chocado e misturado com encanto de Dazai.

    Dazai não sabia que Chuuya era violinista há tempos atrás e o ver tocando tão maravilhosamente assim o pegou de surpresa. Chuuya tocava tão bem que e poderia ouvi-lo tocar quantas vezes fossem, a música continuaria encantada. Aquela música não totalmente boa por causa da condição do violino conseguia transbordar um sentimento profundo de raiva.

   Chuuya estava bem, até vir memórias que ele não desejava e então ele sentiu-se novamente irritado. Aquela música não estava perfeita, o violino podia estar ruim, não importava. Ela não estava boa, por alguma razão ele não se sentia mais cheio de sentimentos bons como antigamente e não entendia isso, por isso se irritava toda vez que tocava e por isso desistiu de tocar. Chuuya parou de repente de tocar.

— Poxa, tava até que legalzinho. Por que parou?

— Já vimos que o violino está bom.

    Se apressou em responder tentando disfarçar a irritação, Dazai percebeu que ele apertava com força o arco e o violino, no entando decidiu não comentar sobre.

— Tudo bem então, mas recomendaria levar logo esse violino porque o sinal vai tocar agora. — olhou para a tela do celular. — Exatamente... agora.

    Dito e realizado, o sinal ecoou por toda a escola desesperando Chuuya.

— Maldito! Por sua culpa eu tô atrasado! — pegou sua bolsa as pressas e saiu correndo pela escada. — EU TE ODEIO DAZAI!

— Também te odeio. — sorriu e riu em seguida.

    Dazai ficou meio curioso sobre o acontecimento de agora, não tinha a intenção (por enquanto) de forçar Chuuya a tocar novamente, mas que aquilo foi magicamente bom ele confessava.

— Esse violino certamente fez pacto com o capeta.

— CHEGUEI! — exclamou invadindo a sala de música assustando os presentes, Chuuya levantou o violino. — Pronto. Afinado e consertado.

— Você é um anjo, Chuuya! — disse Tachihara pegando o violino. — Como conseguiu? Quem o consertou?

— Misteriosamente, o Dazai. — disse se sentando em um dos tapetes espalhados pelo chão e abriu a mochila pegando seu almoço. Encarou os amigos que o encaravam pasmos.

— O Dazai fez isso?! — exclamaram Higuchi e Tachihara.

— Eu também não achei que ele estava falando sério quando disse que sabia consertar isso. — abriu seu lanche e começou a comer, sentindo seu estômago aliviado que já estava quase se devorando.

— Nossa, vamos chamar ele pra consertar a guitarra da Gin então. — disse Tachihara.

— Já falaram com o Oda-sensei?

— Claro, eu cumpro com o que prometo. — falou Tachihara convencido. Higuchi tossiu.

— Eu que te lembrei.

— Meros detalhes.

— Não importa quem lembrou ou cacete que for. Só calem a boca e me deixem comer. — ordenou Chuuya, os três presentes obedeceram sem reclamações, afinal deviam isso ao ruivo mais baixo.

    O violino em sua frente, o consertado por Dazai parecia encarar a sua alma se tivesse olhos, o ruivo não conseguiria explicar com palavras o que era aquela sensação. Mas sentia que ela não o deixaria em paz.

"Dazai seu desgraçado."

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𝗛𝗶𝗸𝗮𝗿𝘂 𝗡𝗮𝗿𝗮 | 𝙎𝙤𝙪𝙠𝙤𝙠𝙪Where stories live. Discover now