DAMA DA NOITE (Renée Dwyer)

2. DISCUSSÕES

BELLA

A ideia de ter Renée conosco mesmo que por um dia não agradou a todos. Parte de mim até se sentia tola ao querer algo daquela proporção naquela altura do campeonato. Revelar sem revelar algo para Charlie já fora doloroso demais. Por mais que eu não o tivesse perdido, as coisas nunca foram as mesmas. Ele sabia, afinal, que algo havia mudado. Que eu... Querendo ou não, não era mais exatamente eu como qual ele conheceu.

Pensar que estaríamos expondo minha mãe à mesma realidade me dava calafrios e, ao mesmo tempo, ansiedade.

Eu não poderia me aproximar demais. Na verdade, ninguém poderia. Portanto, por mais que usássemos lentes nos olhos e movimentássemos os ombros de forma que nos fizesse mais humanos, nada sairia tão natural quanto na época em que era uma mera mortal.

Renée amava sol. Jamais poderia cogitar triscar em uma fração de sol. Renée gostava de abraços e, uma vez em contato com seus braços, ela logo estranharia o fato da minha pele e do meu toque estarem tão frios.

Ela poderia ser e estar distante, mas toda mãe conhecia genuinamente seus filhos. Independente de quão estranho e diferente eles estejam.

Carlisle mirou minha face com certa cautela e pesar. Eu conhecia ele o suficiente para saber que, por mais que a minha vontade fosse contra tudo aquilo que tentávamos pregar, ele jamais darias as costas para mim. No fim, Carlisle não era apenas o meu sogro, sendo pai do homem que eu me casei. Ele acabou se tornando um segundo pai. Um mentor e conselheiro que presava pelos bons agrados.

Acompanhei seus olhos amarelos até que fossem reerguidos novamente. Se ele fosse um humano, certamente respiraria fundo antes de dizer qualquer coisa.

- Não posso fingir que isso não é arriscado, Bella - comentou depois de um breve silêncio. - Não é impossível. Já fizemos uma vez. Com o seu pai e as coisas ocorreram muito bem, por sinal.

- Posso não conhecer a mãe da Bella, mas acredito que ela não seja tão tranquila quanto o Charlie. - Jasper interveio com uma manifestação em tom baixo. Encontrei seu olhar e pude notar uma espécie de graça e sarro em suas palavras. Era difícil decifrá-lo quando era exatamente Jasper quem conseguia controlar o que sentíamos. - Eu notei, no pouco que estive em contato com ela no casamento que, Renée tem uma convicção muito astuta e poderosa. Quase como uma habilidade ímpar. Os pensamentos dela são fortes, Edward consegue nos dizer isso mais do que eu.

As mãos de Edward apertaram contra meus braços como se ele quisesse fortalecer ainda mais o nosso toque. Mas, no final, aquilo era apenas uma afirmação de que seu irmão estava correto. Como sempre.

- Foi o que comentei com Bella hoje mais cedo. Os pensamentos de Renée são como um furacão. Não diria literalmente confusos, pelo contrário, sua intuição e todo viés reflexivo que ela ramifica são como uma perturbação para mim. Consigo lê-la, mas não sem acabar com dor de cabeça. Se ela quisesse e, ou, soubesse, conseguiria me expulsar facilmente de sua mente apenas baseando pela força desproporcional que senti ao trilhar por seus pensamentos.

- Pelo visto, se realmente for dessa forma, nem mesmo Jasper conseguirá contornar as suposições que ele fizer sobre nós. A cerimônia e festa de casamento não lhe causou tanta estranheza por que sua mãe estava focada em você, Bella. Agora, ela estando aqui... Conosco, a probabilidade dela prestar muito mais atenção em nós vai de 0 a 100 por cento. - Carlisle avisou. O vampiro loiro com traços europeus e rosto polido a marfim deu um passo a frente e ponderou a cabeça. - Mas não sou a pessoa mais adequada para definir a índole de sua mãe. Se você acha válido correr o risco, estaremos com você, mas precisa também ter o conhecimento de todas as coisas que estão em jogo neste momento.