Parte Final

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— Aperi portas mortis, et suscipe hanc creaturam in aeterna corporis et animae tuae sorte!¹ — Gritou Kai, recitando os versos que lia em um livro antigo que carregava em suas mãos. Nada aconteceu. Ele olhou para seus amigos, que devolveram um olhar confuso.

Repentinamente as folhas ao redor voaram formando um pequeno redemoinho em volta da criatura. As velas se apagaram e o corpo seco foi erguido por uma mão invisível á cinco metros do chão. Seu corpo, ou o que restará dele, se desintegrou aos poucos. O único vestígio deixado foram suas cinzas, que cairm lentamente até o chão, como folhas secas no outono.

— É isso? Acabou? — indagou Raoni, como se despertasse de um sonho.

Kai balançou a cabeça lentamente,. concordando, ainda olhava as cinzas de Maximiano no chão. Perdido em seus próprios pensamentos.

— Ótimo — falou Otto — Até que não foi tão difícil assim.

Todos sorriram.

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No alto de uma gameleira não muito  distante, um homem os observava. Vestia trapos de roupas de décadas atrás. Estava descalço, apoiado no tronco da árvore.

Era Vicente.

Kai o viu de longe. Sorriu e acenou. O homem retribuiu o aceno e lançou um sorriso fantasmagórico, que mostrava seus dentes podres amarelados.

Quando Raoni e Otto perguntaram para quem ele estava acenando, Kai deu um desculpa qualquer e chamou para casa, prometendo pagar pizza. Com isso eles logo esqueceram do assunto.

No caminho tudo que Kai conseguia pensar era em seu avô, e na velha lenda que ele lhe contara quase uma década antes.

FIM

(251 palavras)

¹Abra as portas da morte e receba esta criatura no destino eterno do seu corpo e alma!

A LENDA DO CORPO SECO | CONTO Where stories live. Discover now