AÇÃO DE GRAÇAS

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CONTOS 2022

MANHATTAN, NOVA YORK
23 de Novembro
10 C°

Vanessa podia ter a certeza plena de que era feliz. Por tantas razões e fatos diários. E não que a sua vida fosse perfeita, porque estava longe da perfeição, mas porque ela sabia ver beleza nos detalhes mais simples.

E quando chegava o final do ano, Vanessa sentia o clima de gratidão exuberante, ainda mais perto do dia de ação de graças e do natal.

Vanessa Watson Davenport amava o clima do final do ano.

─ Você não pode fazer isso!

─ Por quê?

─ Porque você... Porque não!

Vanessa sorriu ouvindo a discussão de seus filhos. Theodoro e Elisa Davenport sempre se provocavam. Era rotina e tradição.

─ Elisa, eu sou mais legal do que você e o papai vai me escolher para ir com ele na última reunião de negócios. Porque eu sou o filho predileto.

─ Você é o mais novo! Um pirralho, tão pequeno que ninguém vai te ver na reunião.

E eles se afastaram pela casa com a disputa de quem iria na confraternização da empresa do pai.

Vanessa escreveu o último tópico na lista e levantou os olhos para o marido a obervando do outro lado da ilha da cozinha.

─ Perdeu alguma coisa, Zac?

─ Meu coração. Ele está bem aí com você.

Ela sorriu e Zac fez o mesmo. Não importava quantos anos se passassem, não importava quantos filhos tivessem e até se fossem avós, Zachary e Vanessa seriam para sempre eternos namorados.

─ Considerando que tenho dois corações batendo em mim. ─ Vanessa acariciou a barriga de grávida e Zac se aproximou. ─ Melina está acabando com minhas forças. É minha quarta gestação, achei que seria mais fácil.

─ Acho que gerar uma vida nunca será fácil, mesmo para as mulheres que têm dez filhos.

─ O que não é meu caso, Sr. Davenport. Depois que a Mel nascer, eu fecharei a fábrica.

Zac gargalhou e puxou a esposa para um abraço.

─ O que estava fazendo?

─ Lista de compras para amanhã.

─ O que é amanhã?

─ Zac! ─ Ela empurrou o marido, que riu. ─ Dia de Ação de Graças e você tem muito que agradecer.

─ Ah, é? Como o quê por exemplo?

─ Que sua esposa grávida não te mate antes do ano acabar.

─ Agradeço por isso. E agradeço por ter essa esposa grávida ao meu lado por todos esses anos e por todos os que vier.

─ Você é sempre assim, fala palavras bonitas para mudar a sua situação.

─ Sou um bom bajulador. ─ Ele jogou uma piscadela. ─ Quer que eu vá ao mercado com você?

─ Pai! ─ Sophia gritou se aproximando correndo.

Como uma conexão, quatro Davenport invadiram a cozinha como avalanches.

─ Diz para os mais novos que eu serei sua dupla na despedida da empresa. ─ Sophia cruzou os braços.

─ Se for pensar por ser a mais velha, eu mereço isso ─ Jully comentou pensativa. ─ Além do mais, no próximo ano eu estarei casada e nem morarei aqui. Acho justo eu ser a filha escolhida da vez.

com amor, o meu natal Onde histórias criam vida. Descubra agora