Chapter 1 - Lemon in the eyes, claws on the arm

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Capítulo 1 - Limão nos olhos, garras no braço


2 meses antes

Um rosnado escapou da boca da rosada.

Sakura gostava de se considerar madura e sofisticada, coisa que ela obviamente não era. No geral, tentava manter a paciência, mas seu braço estava ardendo, e por mais que não sangrasse, doía. E só por isso rosnou de volta para os filhotes de tigre que se encontravam escondidos no canto do seu quarto, no que um dia havia sido uma linda cama de casal, cortinas floridas, um tapete macio e uma bela coleção de travesseiros.

Agora só era madeira quebrada e espumas de colchão espalhadas, panos rasgados e travesseiros destroçados. Por isso ela não podia culpar os filhotes. Essa culpa caia exclusivamente no seu dedo podre pra homem.

Um dos filhotes rosnou em resposta, mostrando as garras estupidas e se encolhendo.

Bicho ingrato.

Ela estava, literalmente com a cabeça a prêmio, por ter, nas palavras daqueles retardados, roubado a mercadoria. Não é como se ela tivesse realmente roubado, até porque tecnicamente, não pertencia a eles.

Toda a culpa era novamente do seu dedo podre.

Devia amputar essa merda.

O dia anterior havia sido uma confusão só. Tudo começou bem, ou relativamente bem. Tomou um bom café da manhã - com resto de pizza fria da noite anterior -, e se preparou para mais um dia de procura de emprego. Estava tomando banho, cantando 7 rings da Ariana Grande - como se ela tivesse dinheiro para comprar diamantes -, quando seu telefone tocou.

Toda manhã seu namorado ligava, para ver como ela estava. Era uma coisa meio chata, mas quando não atendia, ele aparecia na sua porta irritado. Isso certamente devia ter servido de indicação para a personalidade do homem.

Serviu? Claro que não.

Decidida a começar o dia bem e não se irritar, ela desligou o chuveiro e correu atender o celular. Acontece que não era ele, e sim um dos seus possíveis empregadores.

Sakura tinha conseguido uma linda entrevista de emprego.

Animadíssima, voltou para o banho, e ficou tão ocupada cantando ainda mais alto, que não ouviu o telefone tocando, dessa vez sendo seu adorável namorado - que havia se tornado ex algumas horas depois.

Ela não olhou o celular quando saiu de casa, e quando viu a ligação perdida, respondeu com uma mensagem que estaria ocupada pela tarde e falaria com ele depois.

Sakura nunca respondia assim, mas também não havia ficado tão empolgada há muito tempo. A entrevista era para trabalhar de recepcionista em um hotel, uma das poucas vagas com plano médico e vale alimentação. Teria até convénio com o dentista! A vaga era ótima, o único problema é que pegaria o turno da madrugada, que apesar de ser puxado, garantia um adicional noturno.

Dinheiro era sempre bem vindo.

A entrevista estava marcada para às 11, e ela chegou no local indicado vinte minutos antes. O entrevistador - que ela supunha ser o gerente - a chamou para um café em frente ao próprio hotel, e apesar de ser meio esquisito, era uma coisa bem comum com esse povo que tinha dinheiro.

Ele chegou um pouco depois. Alto e negro, com um sorriso encantador. Conversaram durante trinta minutos, e ele se ofereceu para mostrar o hotel, para ela ir se familiarizando. Aparentemente a vaga era dela, e poderia começar a trabalhar na próxima segunda.

AlphasWhere stories live. Discover now