𝕱𝐈𝐑𝐄 𝐈𝐍 𝐅𝐋𝐄𝐒𝐇

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       Deuses, ela era destemida. Mesmo cometendo alta traição, ele só conseguia pensar em como ela era tentadora. Algo mudara em sua esposa com o passar dos dias, e um fogo rubro, que costumava surgir nela em algumas ocasiões específicas, finalmente se apossara de todo seu corpo.

       Ela era fogo em forma de mulher. E ele nunca vira chamas tão belas.

       — Além do mais — a mulher ardilosa prosseguiu — Está mesmo querendo exibir realeza Targaryen utilizando todos os símbolos que Maegor, o Cruel, fez questão de manchar? Muito sugestivo que o usurpador volte a utiliza-los... é realmente muita falta de conhecimento histórico. Mas creio que essa parte deva ser mais culpa de seus conselheiros, que reinam por você, do que sua.

       E curvou sua cabeça a Alicent — A rainha não poderia ter escolhido símbolos menos corrompidos? Francamente...

   Aegon, no entanto, socou o trono de ferro, e o assento cortou-lhe a mão, rasgando sua carne. Ele mordeu sua língua, claramente alternando entre ódio e dor enquanto sangue respingada. O trono já estava o rejeitando, pensou Aemond. Aegon então caminhou até sua sobrinha, encarando-a de cima em baixo.

       — Eu poderia a matar com um piscar de olhos — ele sussurrou.

      — Sim, mas para piscar, teria que primeiro tirar seus olhos de cima de sua taça de vinho.

       Houveram algumas risadas abafadas. Aegon levou seus olhos até os dela com cólera pura. Pelo menos a paixão platônica que sentira por ela a vida toda estava terminada, Aemond pensou com satisfação. Visenya sabia como se fazer ser odiada. Ele soube que se não fossem casados, seu irmão a tiraria dali agora e mandaria Sunfyre a devorar.

       Ele cortaria o pescoço de seu rei antes que aquilo ocorresse. Já era Aemond, assassino de parentes, matador de dragões, por que adicionar regicida a esses títulos? Por ele, tudo bem.

       Mas para a sorte de seu irmão, ele soltou um mero sorriso, recuando — Anime-se, sobrinha. Não preciso que dobre seu joelho, nem que me aceite como seu rei. Por hora.

       E voltou a se assentar ao trono — Só preciso que fique aqui, seguindo sua penosa existência trancafiada em sua torre, definhando enquanto sua mãe arranca seus próprios cabelos de preocupação, temendo perder mais uma filha. Preciso que fique presa para que seu maldito dragão não seja montado, e os negros percam a única cavaleira que poderia ter chances de derrubar a Vhagar. É assim que você irá ganhar essa guerra para mim, sobrinha.

       Aquilo enfim pareceu atingir Visenya. Ela era muito próxima da mãe, ele sabia, além do mais, havia recentemente perdido seu irmão pelas mãos dele, assim como a irmã que veio ao mundo natimorta dias atrás.

       Dois irmãos mortos e dois pais mortos, ele contava. E agora, estava afastada para sempre de sua alma, seu dragão.

       Algumas crianças simplesmente nascem com tragédia em seus sangues.

   Anya engoliu o choro, dizendo — Você não conhece minha mãe, tio. Medo e luto não a derrubam, mas a acendem. Ela virá contra você, contra todos vocês, com fogo e sangue — ela deu um passo na direção do trono, com o rosto resplandecendo dor e ressentimento — e eu estarei na minha janela, sorrindo enquanto assisto seu império ruir, rei fajuto.

       Aegon estava odioso, parecendo quase a ponto de levantar-se dali e ensinar ele mesmo uma lição a ela. Mas a rainha interviu.

       — Basta. Foi o suficiente.

       — A princesa Visenya claramente repete os venenos que foram implantados por sua mãe — diz a Mão, tentando acalmar o rei — Lamentamos por isso e esperamos que o tempo a convença da razão. Até lá, o rei oferece sua benevolência.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 - 𝘁𝗵𝗲 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗿𝗮𝗴𝗼𝗻Where stories live. Discover now