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ERA PARA ser uma manhã de sexta-feira comum para Seo Changbin. Onde estava dispensado do trabalho por aquele dia inteiro e poderia dormir até mais tarde, enterrado em seus macios e confortáveis cobertores de algodão perfumados com lavanda.
Só que não era uma sexta-feira comum.
Para a infelicidade do alegre coreano, logo às cinco e meia da madrugada ele é despertado brutalmente pelo toque infame do seu celular com uma ligação do seu chefe/sócio pedindo para comparecer urgentemente à confeitaria onde trabalhavam.
Pelo tom de voz do amigo ao telefone, Changbin percebeu que algo sério estava acontecendo, mesmo que o outro não tenha se dignado a dar mais detalhes sobre o que estava se passando. A princípio imaginou ser alguma espécie de pegadinha vinda de seu colega de trabalho, fazendo-o acordar cedo num dia de folga, porém logo descartou a ideia, Hyunjin não era do tipo que faria algo desse gênero, o pobre garoto mal sabia contar uma piada digna.
Meio a contragosto e movido pela mais pura curiosidade, o rapaz de cabelos castanhos (mais dormindo que acordado), veste uma roupa um pouco mais apresentável e sai de casa em direção à pequena confeitaria Hyunjin's SweetCakes. Mesmo que por duas vezes no caminho sob a fina garoa matinal e o frio que penetrava a alma, ele tenha pensado em retornar para sua cama quentinha, não se arrependeu de atender ao estranho pedido de Hyunjin quando o encontrou sentado numa das mesas da confeitaria em uma pose derrotada e um pedaço de papel em mãos.
— Hyunjin? Está tudo bem? — questionou preocupado, recebendo como resposta um olhar vazio do chefe que lhe estendeu a pequena folha de papel e murmurou:
— Leia em voz alta, por favor. — sua voz estava tão quebrada que se surpreendeu por ter saído algum som de sua boca quando pronunciou aquelas palavras.
— O que é isso?
— Apenas leia. — sentenciou.
— Tudo bem. — respirou fundo e prometeu a si mesmo estrangular Hyunjin caso aquilo fosse uma pegadinha de mal gosto e ele estivesse atuando. — "Por favor, espero que um dia me perdoe por invadir sua loja dessa maneira..." Espera, fomos invadidos? Quanto levaram?
— Você ainda não terminou de ler.
— Hyunjin, temos que chamar a polícia!
— Termine, Changbin. — ordenou por fim com um soluço cortando a frase... estava chorando? Hyunjin nunca chorava, geralmente era o oposto, sempre irradiava uma felicidade extrema e revigorante, agora Changbin estava realmente incomodado.
— Hyunjin, eu... — Changbin provavelmente iria dizer ao amigo o quanto aquela situação parecia surreal ou algo parecido, mas se calou, o mais sensato seria fazer o que havia lhe pedido e depois convencê-lo a ligar para a polícia. — Ok. "Eu juro que não sou esse tipo de pessoa, não faz ideia do como eu me sinto um rato agindo de maneira tão repugnante, mas eu estava desesperado e quando me vi, já havia aberto a porta. Eu lhe garanto que não toquei em nenhum centavo no caixa e prometo pagar todo o prejuízo que lhe causei."
Ao, por fim, terminar sua leitura, Changbin estava tão estático quanto Hyunjin estivera quando chegara na loja de doces. Não ousava sequer piscar os olhos.
— O que ele roubou? — perguntou num sussurro quase inaudível, como se o momento não permitisse mais que isso.
— Uma fatia de bolo. — apontou para um pequeno pires em cima do balcão e um arrepio fez seu caminho pela espinha do castanho, fazendo suas bochechas rosadas perderem a cor.
— Como é? — ainda não acreditava no que havia escutado.
— Changbin, nesse instante, lá fora existe alguém tão faminto e angustiado a ponto de invadir uma confeitaria apenas por um pedaço de bolo e pedir perdão por isso... — lágrimas grossas escorriam em quantidade pelo rosto de ambos os sócios enquanto falava. — Como eu poderia chamar a polícia para alguém assim?
— O que iremos fazer? — Changbin pergunta se sentando ao lado de Hyunjin encarando o vazio.
— Vamos encontrá-lo.
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