「Blank Space - Nomin」

II - Calm afternoon

"Sr. Arco-íris
Ei Xiao, quer vir aqui
em casa hj?
[13:04]

You
Do nada?
[13:05]

Pode ser, mas seus pais vão gostar disso?
[13:05]

Sr. Arco-íris
Eles nem estão em casa
[13:05]

Pra variar
[13:06]

You
Ah...
[13:06]

Já estou saindo
[13:06]

Não coloque fones, não estou querendo ficar trancado para fora
[13:07]

Sr. Arco-íris
Pode deixar :)
[13:07]"

     Xiaojun riu para si mesmo, mas se sentia um pouco triste pelo amigo. Sabia que ele se sentia muito sozinho, seus pais quase não paravam em casa porque estavam sempre muito ocupados com seus trabalhos e, por mais que ele tivesse Jisung, o garoto tinha o próprio ciclo de amigos e estava na adolescência como o próprio Jaemin. Ele tinha a mesma tendência de ficar trancado no próprio quarto estudando, em call, ou só mexendo na Internet como qualquer jovem da atualidade. Não poderia estar o tempo interno ali para Jaemin. Por isso Dejun acabava fazendo o papel de irmão mais velho para Na, mesmo que fosse um pouco mais baixo e perdesse um pouco a postura de responsável que tentava manter.

      Desligou o telefone e colocou-o em cima da cabeceira para não esquecer. Pegou uma mochila preta dentro de seu armário e colocou seu computador, carteira, alguns mangás e uma troca de roupa caso precisasse - sabia que Jaemin iria pedir para que ele ficasse, como sempre. Mas, como não queria sair sem avisar, bateu na porta do escritório de seu pai com cuidado, pois sabia que este não gostava de ser incomodado, ainda mais enquanto trabalhava.

     –Entre, Dejun – não era uma surpresa para o mais velho que seu filho fosse lá bater na porta. Primeiro porque ele sempre fazia isso, segundo que ele era o único único além de si mesmo dentro da casa.

      –Estou indo para a casa do Jaemin, não sei que horas eu volto ou se vou voltar – e fechou a porta.

      Digamos que não tivesse uma relação muito boa com seu pai. Ele era muito rígido e conservador, mas seu filho era o completo oposto, então em certo momento parou de se importar com o que ele fazia. Tanto que agora nem mesmo sabia se ele estava em casa ou não. Se recusava a mudar sua preciosa rotina por causa de um garoto inconsequente.

      Porém, Xiaojun continuava insistindo. Avisava para o pai quando ia sair, mas não dizia para onde. Tentava informar seu progenitor sem deixá-lo saber para os lugares que ia, pois sabia que ele ficaria mais decepcionado do que já estava. Não queria ter sua saúde mental desestabilizada por um homem que não queria saber do próprio filho, por isso tentava manter uma pequena relação com ele. Mal sabia o pobre Xiaojun que aquilo só o feria mais e mais.

      Foi para a cozinha e enfiou alguns salgadinhos e doces dentro da mochila para logo subir para se quarto novamente. Pegou o telefone da cabeceira e chamou sua cachorrinha, Bella, para a cozinha, onde colocou comida no pote preto dela e a acariciou com todo o cuidado possível. Ela era sua maior companheira nos momentos difíceis.

      –Eu tenho que ir, meu amor... – a cadela o encarou com um olhar sentimental e pulou em cima de si, lambendo sua cara toda e deixando-o todo melado de baba, que não fez muita questão de limpar direito. Bastou passar o braço pelo rosto.

      Quando ia saindo, Bella o seguiu até a porta, mas não tentou sair. Estava apenas se despedindo.

      Pegou seu celular no bolso e mandou uma mensagem para s pai pedindo que ele alimentasse a cadela. Pelo menos dela ele cuidava.

      Chamou um táxi em um ponto próximo, o caminho não era muito longo, mas não era curto o suficiente para que não se cansasse demais.

"You
Já estou chegando
[13:24]

Sr. Arco-íris
Okaaaay
[13:24]"

     Às vezes se assustava com a velocidade que Jaemin respondia à mensagens. Ele ficava o tempo inteiro grudado ao telefone, não se desligava por um segundo sequer. Sabia que isso se dava ao fato do rosado não ter atividade alguma pelo horário da tarde em maioria dos dias, mas não era nada saudável ficar aquele tempo todo olhando para a tela. Nem mesmo Jisung, que amava coisas tecnológicas, principalmente jogos de computador, ficava esse tempo todo encarando os aparelhos eletrônicos.

       Xiaojun só ficava preocupado com seu melhor amigo.

      Uma vez, Kun, um amigo/ficante/namorado, disse para si que ele tinha o péssimo costume de se preocupar mais com os outros do que com ele mesmo. E Dejun não discordava, na verdade, sabia muito bem que não conseguia se colocar acima dos outros como deveria fazer.

      –É aqui? – o taxista perguntou, tirando Xiao de sua bolha imaginária.

     –Sim, obrigado – tirou o dinheiro da carteira. Tinha dado o número exato então não precisaria esperar o homem lhe dar o troco. – Tenha um bom dia.

     –Para você também.

     Xiaojun saiu do carro em movimentos calmos, não tinha pressa, nem haveria motivos para tê-la.

      Tocou a campainha da casa chique e não demorou muito para um Jaemin com headphones atender.

      –O que eu disse sobre não colocar fones?

      –O que importa é que eu escutei a campainha e você não está trancado para o lado de fora. Inclusive, estava pensando em fazer uma cópia da chave para você, vai que eu morro aqui dentro e ninguém descobre.

      –Vire essa boca para lá! E de qualquer forma, a chance disso acontecer é quase nula, porque o Jisung ainda mora aqui.

      –Talvez, mas nada é impossível.

      Xiaojun revirou os olhos com a brincadeira mórbida do amigo, mas já estava mais do que acostumado.

      –Você deveria parar de brincar com coisas assim – aconselhou se jogando no grande sofá bege.

      –E você deveria parar de ser tão folgado.

      –Sendo assim, estamos quites.

     Essa foi a vez de Na revirar os olhos, mas internamente ele achava graça do comportando relaxado do amigo. Sabia que ele só ficava assim em sua casa, porque na própria ele se sentia um completo estranho, e Jaemin poderia confirmar que o clima daquela residência realmente não era confortável, e a única coisa que trazia paz para aquele lugar era Bella, que encantava a todos.

     –Trouxe alguma coisa para fazermos?

     –O de sempre.

     –Mangás, besteiras e PC?

     –Mangás, besteiras e PC.

     A tarde foi divertida, poderiam afirmar, mesmo com as coisas de sempre e sem muita agitação, eles gostavam da sensação de calmaria que uma tarde de inutilidades trazia.