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GORKY
Em russo, significa extremamente amargo. O sobrenome perfeito para Damon e Anthony. Um oposto do outro, não só em aparecia, mas na personalidade. As únicas duas coisas que os dois tinha em comum era: desejavam a mesma coisa. EVANGELINE T...
Acordo do meu transe, olho para o lado em busca de um relógio que me indicasse as horas.
O quarto de Damon era totalmente preto, com alguns detalhes dourados. Uma cama centralizada no meio de seu enorme quarto, uma pequena mesa à esquerda e à direita. Duas portas de frente para a cama, uma eu sei que é o banheiro, ele me mostrou ontem, a outra acho que é o closet.
Uma porta de vidro duas vezes maior que a que eu possuía em meu quarto, dava a vista para a floresta.
A visão do paraíso. Certamente não estou falando sobre Damon.
Na parede das duas portas, ao lado de uma grande escrivaninha, e acima, três estantes, uma só com livros, e as outras duas com troféus e medalhas.
Consigo ver um pequeno relógio embaixo da escrivaninha, me aproximo fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar Damon.
Estendo a mão em direção ao relógio, que marcava sete horas e quatorze minutos. Lembro que às dez horas aquela empresa de ontem irá passar para trocar as fechaduras.
Decido me adiar, com certeza vou ficar envergonhado quando Damon acordar.
Estou com medo de ir para casa, mas depois que trocarem as fechaduras, e eu consertar as câmeras, espero estar segura em minha própria casa.
Coloco o relógio de volta no lugar e recuo um pouco, mas algo chama minha atenção assim que passo o olhar por baixo da mesa.
A mesma bolsa que Anthony e Damon levaram para a festa. Me viro um pouco e analisando Damon, ele ainda estava na mesma posição, percebendo que sua respiração estava pesada e ele suava um pouco, talvez tendo um pesadelo.
Com o pé empurro um pouco a bolsa meio aberta, não consigo ver muito, empurro um pouco mais e vejo uma faca e algo vermelho.
Puxo um pouco com o pé.
Minha fantasia.
Cerro minha mandíbula, olho para Damon, que se vira e murmura algo.
Por que minha fantasia estava na bolsa? Lembro que a tirei e depois perdi.
Saio da escrivaninha e vou até a porta do quarto dele, preciso sair.
Antes de tocar na maçaneta, ouço a voz rouca de Damon.
── Peça a Anthony para levá-la, é muito cedo para sair sozinha.── não me viro para ele.
Fecho os olhos e abro a porta.
Começo a seguir o longo corredor tentando refazer os passos de ontem. Me deparo com as escadas, começo a desce-las.
Do topo vejo Anthony saindo de uma porta próxima a sala.
── Bom dia, acordou cedo.── ele diz sem me olhar.
── Bom dia, já estou de saída.── olho para a porta de entrada.
Anthony direciona seu olhar para mim e cruza os braços. Ele usava uma blusa azul marinho e calças pretas.
── Vai pedi táxi?── pergunta erguendo a sobrancelha.
── Não, vou a pé.── não iria pedir para que me levasse se tenho pés e posso ir caminhando para casa.
── Não vai. Venha, vou levá-la. ── ele vira as costas e caminha até a porta de entra.
── Não quero incomodar, não precisa.── tento alcança-lo.
── Vai incomodar se não me obedecer.── ele segura a porta para que eu passe.
Suspiro aceitando a carona.
Anthony caminha para fora da casa e abre o portão. Seu carro já estava na rua, provavelmente já iria sair ou havia chegado de algum lugar.
Entro na parte de trás do carro, Anthony entra logo em seguida e liga o carro.
Estava um silêncio total, queria enfiar minha cara dentro do estofado do carro e só sair assim que chegamos na minha casa.
Decido quebrar o silêncio, assim talvez diminua o clima tenso presente.
Será que ele também está sentindo ou é só loucura da minha cabeça? olha para o retrovisor, Anthony mantinha a mesma expressão de sempre.
── Rachel chegou que horas?── tento não gaguejar.
Que porra acontece comigo? toda vez que tenho que falar com Damon e Anthony me sinto uma adolescente no início da puberdade que nunca interagiu com um homem na vida.
Anthony demora alguns segundos para responder, talvez não esteja afim de conversar.
── Não sei. ── observo ele apertar os dedos no volante. ── Certamente entre uma a duas horas.
Apenas concordei com a cabeça e olhei para fora do carro. Estávamos na rua da minha casa.
Graças, acabou a tortura vergonhosa.
Anthony para o carro na frente da minha casa.
── Qual coisa não hesite em ligar.── ele me olha pelo retrovisor.
── Ligarei.── respondo.
Abro a porta do carro e desço.
Suspiro mentalmente preparando-me para entrar em casa novamente.
Preciso arquitetar algum plano caso venha acorrer novamente.
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