Cap1-Maria Castillo

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-Merda...-levantei-me apressada do sofá e corri mais uma vez até à casa de banho.

Era a terceira vez hoje que vomitava e nada se mantinha dentro do meu estômago já dolorido.

Terminei de vomitar, lavei os meus dentes e passei uma água na cara. Olhei para o meu reflexo e suspirei quando me vi pálida daquela maneira.

-Algo está errado...-respirei fundo.

Saí da casa de banho, vesti o meu casaco e peguei no meu telemóvel e chaves do carro e saí do meu apartamento.

Conduzi por aquelas ruas cheias de trânsito até ao hospital mais próximo da cidade e entrei pelas urgências mesmo. Tentei de alguma forma explicar à rececionista o que eu tinha e ela logo me encaminhou até uma pequena sala onde me mandou esperar que alguém chegasse.

Esperei cerca de 10 minutos que mais me pareceram horas quando uma médica de uns quarenta e poucos anos entrou se apresentando como doutora Cristina.

-Pode-me dizer que sintomas está a sentir no momento senhorita Maria?-ela perguntou.

-Tenho andado com muitos enjoos,  vomito a toda a hora, tenho sentido um cansaço estranho e com muito apetite também-enumerei cada um dos meus sintomas.

A doutora ficara a olhar para mim como se já soubesse o que eu tinha e o meu maior medo era que eu tivesse alguma doença sem cura ou os meus dias contados.

-E o seu ciclo menstrual como tem andado?-ela pousou a caneta em cima da mesa e olhou para mim-tem andado normal? Tem falhado? Conte-me.

Olhei para a doutora sem perceber onde ela queria chegar, mas achei normal ela fazer aquelas perguntas, pois ela era médica, certo?

-Agora que fala nisso...-pensei um pouco e só naquele momento é que percebi que a minha menstruação já não descia há cerca de um mês atrás-eu acho que a menstruação já não desce há um mês.

-Já previa a sua resposta-a doutora falou já se levantando e indo até a um pequeno armário no canto da pequena salinha-preciso de lhe fazer umas análises para a conclusão da consulta-ela aproximou-se de mim e entregou-me um copinho.

Olhei para ela e assenti.

-Tem uma casa de banho no final do corredor, primeira porta à esquerda-ela sorriu.

Fui até à casa de banho e logo fiz xixi para o copinho onde logo saí e voltei à pequena salinha onde vi a doutora a preencher umas folhas.

Entreguei o copinho e ela logo pediu que eu aguardasse na sala de espera enquanto faziam as análises e assim o fiz.

Não vou mentir, eu estava muito nervosa, tão nervosa que tive de voltar à casa de banho, mas desta vez para vomitar novamente.

Passadas cerca de duas horas a doutora voltou a chamar-me até à pequena salinha com um papel em mãos ao qual me entregou e me parabenizou.

-Parabéns minha querida-ela sorriu.

-Como assim?-olhei para ela confusa-não estou a compreender.

-Está grávida.

Sentei-me na cadeira ao meu lado e acredito que naquele momento eu estivesse mais pálida e branca que uma folha de papel.

-Espere...espere...como assim grávida?-olhei para ela totalmente assustada-isso é impossível, eu não posso estar grávida doutora.

-Os resultados mostram o contrário menina Maria-ela falou com tantas certezas.

-Você não está a perceber...eu...eu...-respirei fundo-eu nunca estive com ninguém.

-Sabe que hoje em dia há imensas maneiras de se engravidar Maria-a doutora falou-e acontece que muitas vezes mesmo o homem ter ejaculado fora, há sempre uma pequena possibilidade de uma pequena gotinha de sémen ter entrado e aí já sabemos o que acontece, certo?

-Certo, mas eu...

-Agora o que tem de fazer é de marcar uma consulta com o seu médico de família e a partir daí ele saberá como a ajudar e guiar.

-Mas...

-Agora se me der licença preciso de atender outro paciente-ela falou levantando-se.

Saí da sala me despedindo da doutora ainda sem acreditar no que havia acontecido.

-É impossível...-encostei a cabeça para trás assim que entrei no meu carro.

Aquela doutora era louca se pensava que eu iria acreditar e concordar com uma coisa daquelas. Médicos também cometem erros e de certeza que ela estava errada.

Liguei o carro e conduzi até à farmácia mais próxima do hospital e comprei seis testes de marcas diferentes não me importando com a cara de espanto que a farmacêutica fizera.

Saí da farmácia e voltei para casa onde me enfiei na casa de banho e fiz os seus testes. Onde eu arranjei tanto xixi? Eu não sabia, mas sabia que tinha de tirar aquela minha dúvida.

Esperei uns infindáveis minutos que me pareceram séculos e assim que olhei para eles, todos tinham os dois risquinhos vermelhos.

Arregalei os olhos ainda desacreditada com o que estava diante de mim.

Era impossível.

Olhar para todos aqueles positivos deu-me a volta ao estômago e mais uma vez tive de vomitar.

Dei descarga na sanita e logo meti todos aqueles testes no lixo e sentei-me no sofá da sala.

Respirei fundo e comecei a chorar. Acho que só ali, naquele momento é que a ficha me caiu de verdade.

-Meu Deus...-passei as mãos pela cara desesperada.

Como é que aquilo era possível sequer?

Eu nunca tive um namorado em 19 anos da minha existência, nunca me entreguei para ninguém, então como é que aquilo aconteceu?!

Se eu estava realmente grávida, porque é que o meu ginecologista não me tinha dito nada antes?

Ele de certeza que saberia de alguma coisa, afinal tudo isto começou há um mês e foi exatamente há um mês que eu fora lá.

Peguei no meu telemóvel e liguei para a clínica a marcar uma consulta com o meu ginecologista, mas o que me disseram foi que ele tinha sido transferido para outra clínica, mas que eu poderia marcar consulta com a médica ginecologista que ficara a substitui-lo caso eu pretendesse.

Naquele momento eu não me importei e simplesmente aceitei. Eu só queria esclarecer o que estava por detrás deste mal entendido.

Tudo estava confuso na minha cabeça e eu só queria saber toda a verdade.

Senti mais uma vez as minhas lágrimas descerem pelo meu rosto e chorei mais uma vez.

Depois da morte dos meus pais há cerca de dois anos atrás fui obrigada a virar-me sozinha neste mundo cruel.

Recebi uma pequena-grande herança das suas mortes e logo comprei um pequeno apartamento longe de todas as lembranças ruins. Entrei para uma boa universidade à qual frequentava durante o dia e durante a tarde até às 22h00 horas da noite trabalhava num café conhecido.

Não queria viver às custas da herança dos meus pais e por esse motivo fiz-me à vida, mas agora? Agora como eu iria conseguir lidar com os estudos, um emprego e uma...criança?!

-Minha nossa...-passei as minhas mãos na cara.

Respirei fundo e suspirei cansada.

-Tudo se vai resolver...-coloquei as minhas mãos na minha barriga e funguei-eu espero que sim-sussurrei pousando a minha cabeça na beira do sofá.

Virgem MariaWhere stories live. Discover now