Medo Bobo - Rosattaz

Capítulo 8

Os dias foram se passando tranquilamente e a semana foi avançando até o dia do primeiro jogo da Superliga feminina. As meninas do Minas estreariam no campeonato jogando contra o time de Brasília em casa. Ainda era início de temporada, mas era um jogo de muita importância já que testaria o entrosamento da equipe que havia passado por alterações há pouco.

Carol estava a caminho do ginásio cantarolando as músicas que tocavam no aleatório. Estava animada e confiante, mas sempre cautelosa como em todos os jogos. Sabia o potencial do time e de suas colegas e esperava que estreassem com um resultado positivo a seu favor.

Quando chegou, foi direto ao vestiário onde encontrou suas parceiras em humor descontraído e animado. Pri Daroit gargalhava de algo que Léia e Thaisa falavam, Macris trocava palavras com Pri Heldes e Pri Souza, ao outro lado Kudiess e Kisy tentavam gravar uma dancinha no Tik Tok e se acabavam de rir porque a mais nova não tinha nenhuma coordenação.

Carol sorriu para a cena que encontrou em sua frente. Mas foi breve.

No canto, quase que escondida, viu Rosamaria sozinha e muito séria. Achou estranho já que a mais nova sempre estava sorrindo e interagindo com algumas das companheiras. A observou por alguns segundos mais se decidindo entre se aproximar ou deixá-la quieta.

Suspirando fundo, optou pela primeira ação.

- E aí, ansiosa para a estreia?

A mulher a encarou em um sobressalto, arregalando um pouco os olhos.

- Desculpa, não quis te assustar – Carol emendou logo em seguida enquanto se sentava ao seu lado – Tá tudo bem?

- Tá tudo bem sim, não se preocupa. Eu só tava distraída – Rosamaria se recostou no banco em que estava sentada e olhou de novo para a mais velha – Tô um pouco nervosa.

- Nervosa de um jeito bom?

- Não sei – a mais nova apoiou a cabeça para trás e fechou os olhos enquanto respirava fundo – não treinei 100% nesses últimos dias pra não forçar muito meu pé e tenho certeza de que isso vai me afetar. Não quero decepcionar...

Carol a olhou por um momento pensando nas palavras certas pra dizer.

- Rosa, olha pra mim – esperou que ela o fizesse antes de continuar – lembra do que eu te disse semana passada? Isso continua sendo uma verdade, você é o melhor que nós temos. E você não aliviou no treino porque quis, foi necessário. O time confia em você, agora quem precisa confiar é você também. Tenho certeza que alguns dias sem dar o seu 100% não vai te afetar. Não se pressiona tanto...

Quando terminou de falar percebeu que sua mão havia migrado sem perceber até a mão da outra, que repousava em sua perna. Retirou a mão sutilmente e se levantou dando duas palminhas.

- Agora bora se animar, que hoje é seu primeiro jogo de volta ao Minas e você vai arrasar – Carol lhe entregou um sorriso aberto e animado enquanto começava a se retirar para terminar de organizar suas coisas.

Rosamaria podia sentir a mudança de humor acontecendo dentro dela e retribuiu o sorriso se levantando também.

- Ei, espera – a de olhos verdes falou segurando a mão de Carol – obrigada de novo.

Carol sorriu, deixou um aperto carinhoso em sua mão e lhe deu uma piscadinha.

- Me agradece de novo depois que a gente ganhar esse jogo.

E nesse animo todas terminaram de se organizar e logo em seguida já estavam todas se aquecendo na quadra. A Arena UniBH estava lotada e a torcida estava animada dando um incentivo a mais para a equipe. Ainda era a primeira rodada do campeonato, fase em que os times estavam reconhecendo terreno, mas nem por isso deixava de ser menos importante.

Os dois primeiros sets foram extremante disputados, a equipe de Brasília estava entregando um jogo complicadíssimo para o Minas, mas as meninas haviam conseguido vencer. No terceiro e quarto set, porém, as mineiras estavam com grande dificuldade de abrir vantagem no placar levando o adversário a empatar o jogo.

No tie-break o Minas se encontrava outra vez com dificuldade em manter uma vantagem considerável no placar. Nicola havia poupado Rosamaria nos últimos dois sets, mas acabou optando por usá-la outra vez tentando dar um pouco mais de força no ataque.

E como esperado, funcionou. Todas as bolas que eram levantadas em sua direção, ela virava.

O placar estava 12x12. O clima era tenso em quadra e todas estavam super focadas na bola que serviria o Brasília.

Rosamaria fez a recepção passando a bola perfeitamente nas mãos de Macris que optou por uma china com Gattaz, sua jogada infalível. Ponto do Minas.

13x12.

Era a vez de Rosamaria no saque. Se preparou, respirou fundo e sacou. Ace. O time comemorou o ponto e aquilo serviu para recarregá-la.

14x12.

Outra vez, ela no saque. Se preparou, lançou a bola que foi recepcionada com dificuldade do outro lado da quadra e logo a bola havia retornado em sua direção com o ataque adversário. Defendeu a bola perfeitamente, outra vez deixando-a nas mãos de Macris que levantou a bola para ela. Numa pipe perfeita a loira fechou o placar garantindo a vitória do time e logo toda a equipe lhe abraçava e pulava comemorando.

Quando todos a deixaram respirar foi a vez de Carol abraçá-la forte.

- Eu disse que você ia arrasar – Carol a soltou rindo e dando um empurrãozinho em seu ombro – agora vai lá pegar seu Viva Vôlei, o troféu é seu.

Rosamaria não tinha percebido que já haviam anunciado a jogadora a receber o troféu e tão pouco que era ela. Saiu meio desnorteada enquanto as companheiras seguiam gritando seu nome e fazendo festa, elas sabiam o quanto aquilo era importante para a loira. Enquanto isso, Carol a observava com um sorriso divertido.

Ficava feliz de ver como a mais nova havia se saído no jogo, sabia de seu potencial e queria que ela percebesse isso também.

Depois de dar atenção para os fãs que estavam no ginásio após o jogo, já se encaminhava outra vez para pegar suas coisas e ir embora quando se encontrou com Macris também indo para a mesma direção.

- Que jogão ein vegana – Carol a abraçou por cima dos ombros enquanto continuavam a andar – você mandou bem demais!

- E você também Carolzinha – a morena sorriu para a amiga – você é o nosso pilar nesse time, sempre animando e botando a gente pra cima. O suporte que você deu pra Rosa foi essencial também, percebi ela meio pra baixo quando chegou e no início da partida... O que quer que tenha dito pra ela, funcionou. Ela voltou pro último set decidida a acabar logo com jogo.

- Eu não falei nada demais, só pra ela confiar nela porque a gente já confiava. E que ela ia arrasar – Carol sorriu distraída e Macris percebeu, mas guardou para ela – E ela arrasou mesmo.

- É, ela arrasou – Macris a observou com um olhar carinhoso.

Macris não queria dizer nada com medo de talvez assustar a amiga, mas ela estava extremamente feliz por saber que a mais velha estava se abrindo de novo para Rosamaria. Sabia o quanto as duas haviam sofrido nos últimos meses e vê-las compartilhando espaço, abraços e sorrisos aquecia seu coração.

- Bora vegana, que eu preciso de umas 12 horas de sono pra descansar depois desse tie-break – Carol já recolhia sua mochila rosa do seu banco e ia em direção a porta – amanhã eu to off.

Elas riram do comentário e se despediram.

Carol não brincava quando disse que precisaria de um bom descanso. O jogo havia sido cansativo ao extremo. Precisava dar um descanso para sua mente que estava trabalhando a mil por hora pensando em tudo e nada simultaneamente.

Mas também precisava dar descanso pro seu coração, que começava a bater mais forte outra vez depois de tanto tempo.

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Olha quem veio deixar um capítulo quentinho pra vocês!

Esse aqui deixou meu coração quentinho. Espero que sintam o mesmo.

É isso.

Aproveitem!