40| Nunca deixamos um Stone para trás

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Lancei um último olhar na direção do casal vinte, recebendo um pequeno sorriso solidário de ambos, e por fim, me retirei.

(...)

― Aonde pensa que vai? ― Questionei ao entrar no quarto e me deparar com Dean vestindo uma jaqueta e pegando as chaves do carro na mesinha ao lado da cama.

― Hey, estou falando com você! ― Disparei irritada, quando o mesmo me ignorou pela segunda vez naquela noite e tentou passar por mim. No entanto, fui rápida o bastante para bloquear o caminho com o meu corpo.

Busquei um contato visual, mas ele parecia relutante em olhar pra mim.

― Não quero discutir com você outra vez, Anna Lis. Facilite e saia do caminho... ― Pediu em um tom arrastado.

― Não pode deixar as palavras mentirosas do seu pai te afetarem. ― Exclamei, ignorando a dor que havia passado a cortar-me de dentro para fora, desde o momento que pus meus pés dentro do cômodo.

― Eu não quero falar sobre isso, Scott. Só quero pegar o carro e correr para longe desse castelo de cartas.

― É o nosso castelo, Dean. Nosso! ― Bradei. ― E foda-se se estiver prestes a ruir, eu não me importo. Porquê sei que se tivermos um ao outro, tudo ficará bem. Nós ficaremos bem. Então, por favor, não me deixe sozinha no meio dos destroços.

― Se eu não sair daqui agora, vou acabar explodindo. E mais do que ninguém sabe o estrago que posso causar, Anna Lis... ― em um ato desesperado ele levou as mãos a cabeça. E só então, sua voz voltou a soar outra vez, baixa e sofrida. ― De cartas ou não, não posso ser responsável pela destruição do castelo. ― disparou, me dando a satisfação de ter seus olhos castanhos sobre meu rosto pela primeira vez, desde que entrei no quarto.

A máscara de frieza e indiferença que havia usado para confrontar o pai, não estava mais sendo usada. E todos os sentimentos do homem que eu amava estavam sendo expostos em seu olhar completamente perdido. De repente me senti fraca e impotente por finalmente ser capaz de enxergar o quão quebrado ele estava. A dor que consumia meu ossos pareceu aumentar gradativamente enquanto conseguia ver a mágoa do abandono estampado em seu rosto. Mas foi apenas quando as palavras dele se chocaram contra meu cérebro, que senti o chão tremer sob meus pés.

― O que isso quer dizer? ― Minha voz não passava de um sussurro, mas ele me ouviu.

― Eu não faço ideia... ― disse ainda mais baixo. Seu olhar desviou do meu para algum lugar sobre meus ombros. ― eu só... eu realmente preciso sair daqui.

― E quando pretende voltar? ― Abracei meu próprio corpo em uma tentativa falha de me sentir menos solitária.

Eu sabia que a questão não eram os meus sentimentos naquele momento, contudo, pensar na possibilidade de que talvez ele estivesse desistindo me deixava doente.

― Eu não sei...

Uma risada amarga cortou minha garganta no instante em que suas palavras me acertaram feito um soco no estômago. Meus olhos passaram a arder ferozmente, e já era capaz até de sentir a vista ficando turva. Mas não deixaria que nenhuma lágrima caísse. Não enquanto ele ainda estivesse ali.

― E do que diabos você sabe? ― esbravejei com toda a raiva que possuía.

Dean permaneceu em silêncio.

― Isso só pode ser um maldito de um pesadelo... ― balbuciei para mim mesma, passando a caminhar pelo quarto com as mãos na cabeça.

O silêncio doloroso no cômodo permaneceu. Stone ainda se encontrava parado no mesmo lugar, ao pé da cama. As mãos guardadas dentro dos bolsos da calça e o olhar preso sobre os lençóis que continham o nosso cheiro. Voltei a me aproximar dele, parando apenas a alguns centímetros, forçando-o a me olhar.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now