Você já viu o bastante, Anna Lis.

― Eu sei que com o que viu, a sua cabeça pode estar um pouco confusa, mas o que está dizendo é ridículo.

― Ridículo é a sua cara de pau. ― Rebati com ódio.

― Vamos pra casa, lá conversaremos com mais privacidade. ― Olhei em volta, percebendo alguns curiosos com os olhos e ouvidos bem abertos. Sorri com escárnio, farta de toda aquela merda.

― Eu vou pra casa, mas sozinha. ― Declarei. ― A sua amiguinha deve precisar de companhia mais do que a ótaria aqui.

Me livrei de seu aperto outra vez e foquei no meu trajeto para fora do ninho de cobras. Passando pela porta da frente, senti o ar gelado beijar meu rosto e bagunçar alguns fios do meu cabelo. Comecei a descer a escadaria agradecendo pela imprensa já ter ido embora. Assim não precisava ter que me importar em parecer bem.

Ouvi passos atrás de mim e logo soube que Dean ainda não havia desistido.

― Você precisa me ouvir, Scott. Eu não tenho nada com aquela mulher maluca! ― Disse, logo após bloquear minha passagem com o seu corpo.

― Você mentiu dizendo estar com Marcos Abdalla quando, na verdade, ele estava bem na minha frente. Escolheu ela a mim, Stone... ― Minha voz falhava uma vez ou outra enquanto as palavras eram pronunciadas.

― Pelo amor de Deus, Anna Lis. Olhe pra mim, por favor, olhe pra mim... ― pediu com desespero na voz.

― Eu não posso. ― Neguei com os olhos marejados. ― Você é alguém diferente pra mim agora.

Sem deixar que Dean dissesse mais alguma coisa, corri para longe dele descendo os degraus tão rápidos que temi por um tropeço.

Quando cheguei na calçada um carro estava estacionado perto do meio fio. O vidro abaixou e para a minha surpresa Abdalla estava sentado no banco do motorista com um sorriso cafajeste nos lábios.

― Vai uma carona, Cinderela? ― Ele perguntou abrindo a porta do carona.

Olhei para trás, me deparando com o Stone parado na metade da escadaria; ele esperava pelos meus próximos movimentos. Seu olhar frio e duro me dizia para não fazer isso. Mas eu estava se fudendo para o que ele queria que eu fizesse. E eu sabia que se ficasse teria que lidar com o traidor; não estava pronta para isso ainda. Não enquanto tudo parecia estar ruindo sobre minha cabeça.

Dean deu começou a descer as escadarias com o olhar em chamas. E foi tudo o que precisei para tomar coragem, deixando que aquele desconhecido/babaca fosse meu salvador. Entrei em seu carro e bati a porta com força, me atrapalhando toda no processo.

― Dirigi! ― Ordenei sem me importa se estava sendo mal educada. E assim, Marcos fez.

Em questões de segundos, já andávamos pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro em uma velocidade não permitida. Mas eu não me importava, até gostava. Dean havia me ensinado o apreço tanto pela velocidade quanto pela adrenalina.

― Te deixo sozinha por cinco minutos e você se mete em confusão, gata? ― O loiro ao meu lado soltou com deboche, me fazendo se arrepender de ter entrado no seu carro. Eu não sabia nada dele e mesmo assim o estava usando como piloto de fuga.

Fora a nossa primeira conversa ter sido um desastre, por ele ter se mostrado um babaca.

― Deve estar se achando um máximo por ter salvado a donzela em apuros, não é? ― Ralhei os olhos quando seu sorriso se alargou. ― Pois fique sabendo que não confio em caras que aparecem do nada.

― Você é tãooo chataa. ― Cantarolou e preferi me calar sem ter mais o que dizer.

― Pra onde estamos indo? ― Perguntou um tempo depois.

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