35| Farsas e mais farsas

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― Eu não sabia que se sentia assim...

― Tudo bem, a culpa é toda minha de qualquer forma. O emprego é meu, não é mesmo?

― Dean...

― Apenas, sorria! ―Ele me cortou. ― O prefeito está vindo em nossa direção... ― E logo seus olhos já não estavam mais em mim, e aos poucos um sentimento ruim ia enchendo meu peito.

Nós também sentimos a sua falta Dean...

Me virando na direção do homem grisalho e de barriga avantajada acompanhado da sua esposa, abri um sorriso delicado. Senti o braço do meu marido rodear a minha cintura, me puxando para mais perto de si. Pela primeira vez naquela noite, um sorriso sincero surgiu em meus lábios ao saber que ele ainda me queria por perto, mesmo magoado.

Depois de uma longa conversa com a mulher do prefeito sobre moda, filhos e mais algumas coisas, meu marido e o dela decidiram que já haviam conversado sobre negócios o bastante. Agatha era uma mulher simpática e engraçada, mas suas companhias por muitas das vezes deixavam a desejar e acho que foi por isso que nunca me interessei em criar uma amizade com a mesma. Esperei até que o casal se afastasse para retomar a conversa de onde havíamos parado, mas quando estava prestes a dizer algo...

― Viu Marcos Abdalla em algum lugar? ― Perguntou, passando os olhos pelo salão.

― Eu nem o conheço...

― Droga! ― xingou baixo, claramente irritado. ― Ele disse que estaria aqui. E só vim a essa maldita festa pelo contrato. ― Passou as mãos pelos cabelos, impaciente.

― Talvez ele possa estar do outro lado do salão... há muita gente aqui. Podemos nos separar e procurar por ele, será mais rápido assim. ― Sugeri.

― Não sabe como ele se parece, lembra?

― Se o descrevesse não seria mais um problema para nós.

Ele pareceu pensar um pouco no assunto.

― Homem alto, loiro de pele bronzeada.

― Acabou de descrever 65% dos homens presentes neste salão. Preciso que seja mais específico, Dean.

― Procure por um idiota com uma tatuagem de cachorro no pescoço. ― Respondeu rabugento e estranhei seu comportamento. ― Você vai ficar bem sozinha? ― Voltou a falar, prendendo seu olhar no meu por alguns segundos. Era assim que nos comunicávamos; antes de qualquer coisa, procurávamos a verdade nos olhos um do outro.

― Claro. ― sorri sem mostrar os dentes e comecei a me afastar dele.

― Anna Lis! ― O ouvi me chamar e virei de volta.

― Se o achar antes de mim, não fale com ele. Me mande uma mensagem e vou encontra-la. ― E antes que eu pudesse perguntar o porquê, Dean se foi.

Conforme as pessoas passavam por mim e me reconheciam, acenavam por educação. E como uma boa garota, eu lhes oferecia meu melhor sorriso enquanto continuava meu trajeto. Alguns minutos depois, sem encontrar nem rastro do tal Marcos, desisti de rodar o salão feito uma barata tonta e me aproximei do bar improvisado. As prateleiras repletas de álcool de boa qualidade estavam deixando minha garganta seca. Mas eu não podia me entregar ao prazer que seria tomar algumas doses, já que segundo a doutora MCcall, minha psicóloga, beber em excesso me trazia recordações angustiantes e isso não era bom pra mim. Suspirei frustrada.

― Se eu fosse você, escolheria a azulzinha do lado esquerdo. ― Me virei na direção da voz desconhecida, desferindo um olhar de interrogação para o loiro ao meu lado.

― O que? Não estava em dúvida entre qual escolher? ― Devolveu, com uma das sobrancelhas erguidas em sinal de descrença. Também havia um sorriso sapeka em seus lábios.

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