25| Quero você, apenas você

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Dezesseis anos atrás...

Quando nos conhecemos.

Avancei pelo corredor mal iluminado, decidida a tirar essa história a limpo. Se tudo o que aconteceu entre nós dois na infância tivesse a ver com a droga dos pais dele, eu iria mata-lo. Encontrei Dean em sua cozinha mexendo nos armários, e por um instante, eu quis abraça-lo, porquê a dor que transbordou dos seus olhos castanhos segundos atrás ao falar dos pais deixava claro que não era apenas um medo qualquer, mas um trauma. E de traumas eu entendia bem.

― Você me prometeu um café. ― O rapaz lembrou ainda de costas para mim.

― O seu medo com relacionamentos, a forma como você me tratava quando éramos crianças...

Os músculos das suas costas ficaram tensos por baixo da camiseta branca.

― Droga, você tentou me contar toda essa merda cinco anos atrás e me neguei a ouvir.

― Lis...

― Eu não era a sua mãe, Dean. ― balbuciei, e o ouvi soltar um suspiro pesado.

Então, ele finalmente cansou de fingir procurar por algo em seu armário e começou a se virar lentamente até que estivéssemos um de frente para o outro.

― Não, não era... mas quando finalmente percebi isso era tarde demais. ― Sua voz conseguiu soar ainda mais baixa que a minha. ― Eu não espero que entenda, Scott, muito menos que me perdoe, mas o medo de acabar igual ao meu pai me fez odiar qualquer coisa relacionada ao amor. E foi por esse motivo que tentei te afastar de todas as formas possíveis quando nos conhecemos. Mas eu já estava completamente apaixonado por você e foi tão fodidamente ruim ter que provar diariamente o contrário.

― Por que?

― Porque magoar você era como uma maldita auto mutilação... ― seu olhar encontrou o meu. ― Não vou ser um idiota dizendo que sentia a mesma dor que você sentia, porquê seria uma puta mentira. Mas estava ciente que todas as vezes que te fazia chorar era um metro mais longe que ficava do seu perdão. E isso doía pra caralho...

― Então, porquê o fez seu idiota? ― praticamente cuspi as palavras com um misto de frustração e raiva.

― Eu era um fodido emocionalmente, Lis! Que porra eu teria para te oferecer?

― Nada disso importava pra mim...

― Mas importou pra mim quando finalmente percebi que não poderíamos ter o nosso final feliz, porque eu sempre fui o vilão da sua história. Foi por isso que fui embora... você merecia mais.

― Pare! ― gritei sentindo o sangue começar borbulhar em minhas veias. ― Pare de decidir tudo por mim. Estou farta disso!

― Mas era verdade, merda! ― devolveu no mesmo tom. ― Ainda é...

― Então, porquê ainda está aqui, ein? Por que ainda não foi embora como das outras vezes? Eu não sou o caralho de um ioiô, Stone, onde você pode puxar quando está carente e depois jogar longe quando se cansar. ― nem ao menos percebi que tinha contornado o balcão de mármore e estava gritando em seu rosto, enquanto pressionava meu indicador em seu peito com tanta força que provavelmente ficaria roxo no outro dia. ― Decida de uma vez o que diabos você quer.

Como se essa última frase tivesse sido o estopim de que precisava, Dean saiu do estado catatônico no qual se encontrava e com um movimento rápido, me pressionou contra a bancada com o seu corpo.

― Porra, eu quero você! ― vociferou, e assim me desfiz em seus braços. ― Apenas você. Sempre você.

Dean colou nossas testas e fechou os olhos lentamente. Suas mãos desceram por meus ombros até a minha cintura e estremeci sob o toque caloroso. Sua respiração era desregular e quente contra meu nariz. Então, eu o beijei. Como se minha vida dependesse disso. Como se eu tivesse sonhado com aquele momento por tanto tempo que não pudesse me conter. E não me contive, eu estava queimando por ele somente com um encostar de lábios. Mas foi quando o rapaz me puxou mais contra seu corpo e mergulhou sua língua em minha boca que provei do verdadeiro inferno. Porra, beija-lo era ainda melhor do eu me lembrava. E só serviu para provar que nada se compararia a forma como nossas línguas dançavam em perfeita sincronia ou em como seu toque lembrava um milhão de descargas elétricas. Eu nunca tinha me sentido tão viva desde a morte da minha mãe.

Enlacei meus pulsos atrás da sua nunca e seus dedos se perderam entre os fios dos meus cabelos, suspirei ao sentir um leve puxão. Suas mãos, agora, passaram a deslizar lentamente por meu quadril, depois por minhas coxas até alcançar a parte de trás dos meus joelhos e me impulsionar para cima, fazendo com que eu entrelaçasse minhas pernas em volta da sua cintura. Senti minhas costas se chocarem contra a parede mais próxima, e deixei minha cabeça tombar para trás quando Dean mudou a atenção para o meu pescoço e passou a distribuir vários beijos molhados pela região sensível.

― Porra, eu senti tanto a sua falta. ― murmurou sobre minha pele e estremeci pela segunda vez.

Seus lábios voltaram aos meus, urgente e faminto. E com isso, me vi completamente sem rumo, sem racionalidade. Só havia o Dean e suas mãos explorando meu corpo de forma pecaminosa. Eu queria mais. Muito mais. Mordi os lábios com força para evitar um gemido quando sua boca desceu perigosamente pela minha clavícula, e então parou. O rapaz me desencostou da parede e me levou até o balcão da cozinha. Seus olhos estavam cravados nos meus e um sorriso genuíno estampava seu rosto. Gostava do brilho que eles continham, e gostava ainda mais de saber o motivo.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now