― Te vejo no campus amanhã. ― anunciei afastando o celular da orelha.

― Vai se ferrar, Stone! ― Esbravejou ao telefone e gargalhei com o seu desespero.

Jack Hale era um completo idiota quando o assunto era bebida e mulheres. O lema dos babacas da fraternidade, com certeza, se encaixava bem a ele. " Uma por noite." Tão fútil que ás vezes era desconfortável ser amigo dele, mas Jack foi o primeiro a me acolher quando cheguei em N.Y. e foi o único que fez questão de me enquadrar aos costumes americano.

― A Moto está na reserva! ― falei me arrependendo no segundo

seguinte.

― Se esse for o problema, não temos um problema. Sabe que tenho dinheiro suficiente para comprar um posto de gasolina só para você. E você tem dinheiro suficiente para comprar uma reserva de petróleo.

― Nem tudo se resume a grana, Hale. Paciência para aturar você bêbado, não vende em supermercado.

― Bastardo do caralho... ― o ouvi resmungar do outro lado da linha, e gargalhei alto.

― Não chore de saudades, estou chegando.

Festas de fraternidade eram um saco, de fato. Mas eu não podia continuar dentro daquele maldito apartamento encarando a foto da Anna Lis.

Ser babá do Jack parecia menos autodestrutivo.

Um ano atrás.

― Essa é a Alice, filha do meu sócio David. ― Meu pai disparou ao parar a minha frente com uma moça de cabelos ruivos em seu encalço. Seu olhar silenciosamente me mandava ser educado com a garota. Ou melhor, minha futura pretendente.

Quando Lucca Stone exigiu minha presença em seu evento em New York, já tinha em mente os fins deste decreto. Fazia alguns meses que o meu pai me ligava e fazia questão de citar o nome " Alice Monteiro" na conversa. No entanto, quando tentei recusar, nem me deram a vez de falar.

― É um prazer finalmente conhecê-la, Alice. ― Forcei um sorriso ao olhar diretamente para a garota desconhecida.

A mesma devolveu o cumprimento de forma igual, o que foi surpreendente. Ou ela não estava entrando no jogo dos nossos pais ou aquela era uma forma nova de jogar.

O homem que me criou se inclinou e murmurou em meu ouvido o seu ultimato da noite, algo como: Não seja um idiota e faça o seu melhor para entrete-la. Suas ordens idiota me fizeram revirar os olhos tão forte que senti dor em minhas córneas.

― Agora preciso encontrar seu pai para conversarmos sobre um novo contrato, mas sei que meu filho ficará feliz em lhe fazer companhia, Alice. ― escutei meu pai falar docemente com a menina antes de se afastar na direção oposta.

Revirei os olhos outra vez.

Alice era uma garota que não passava despercebida. Dona de um corpo que muitas garotas idolatravam, usava um vestido azul que lhe valorizava ainda mais. Os cabelos vermelhos caiam em ondas leves pelos ombros. Mesmo com uma maquiagem bem mais delicada do que qualquer outra mulher ali, ainda era a mais atraente.

Se eu já não estivesse ciente das reais intenções do meu pai quando nos apresentou, e se meus sentimentos não pertencessem a uma única garota, a ruivinha seria uma boa opção.

Lancei um último olhar na direção da garota, antes de desviar a vista para um grupo de senhores que levavam um papo entediante a alguns metros de nós. Eu me negava a acreditar que havia aceitado ser arrastado para essa situação ridícula de relacionamento arranjado e que agora tinha que ser babá de uma garotinha mimada.

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