07| Não consigo mais

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Suspirei internamente, me cansando do joguinho de gato e rato. Isso precisava de um basta e para ontem.

― Lis...

― Eu nem acredito que vou dizer isso... ― hesitei por um segundo. ― mas se realmente mudou, prove se mantendo o mais longe possível.

― Me peça qualquer coisa, menos isso. ― disse se pondo de pé abruptamente. Porém, o que me deixou atordoada foi a forma como as palavras soaram doloridas.

― Por que?

― Porque eu não consigo mais...

― Não consegue mais o que?

― FICAR LONGE DE VOCÊ! ― vociferou. ― Isso foi apenas o que tentei fazer nos últimos nove anos, e eu não consigo mais...

― Pare!

― Mas foi você quem exigiu a verdade. ― Dean cuspiu ríspido.

― Essa não é a verdade. Então, pare com os joguinhos, eu não vou cair...

Ele riu com desprezo fazendo-me encolher internamente.

― A dona da verdade fica me acusando de estar jogando, mas deve ter se esquecido que quem veio até mim, foi você... ― seus olhos castanhos estavam ficando cada vez mais escuro conforme as palavras, afogadas no sarcasmo, deixavam seus lábios. ― foi somente você quem se colocou nesse martírio de estudar com a pessoa que mais odeia no mundo.

― Eu não escolhi ficar presa nesse lugar. ― explodi em indignação. ― Eu odeio tudo isso!

Esse idiota não pode, simplesmente, achar que escolhi estar aqui.

― E você acha que comigo foi diferente? ― bradou de volta. ― Acha que se eu tivesse escolha ainda estaria aqui? Eu teria ido embora no momento em que descobri a verdade sobre você...

Assim que as palavras abandonaram seus lábios e chegaram até mim, senti como se tivesse acabado de levar um tiro no peito e por um segundo me vi completamente vulnerável. Mas eu nunca admitiria tal fraqueza para ele. Se o babaca me achava tão repulsiva e intolerável, não era no meu quarto que deveria estar.

― Se me acha tão repulsiva assim, ficar longe de mim não deveria ser esforço algum. ― a fala era para soar indiferente, mas soou ridiculamente afetada.

Amaldiçoei-me mentalmente.

― Repulsiva? ― ele riu sarcástico. ― eu adoraria que fosse o caso.

― Então...

― A saudade infernal que senti de você nos últimos quatro anos não foram nada, comparado a ser obrigado a vê-la todos os dias ciente de que nunca será minha. ― Dean rosnou em minha direção.

Depois disso, o silêncio que recaiu sobre o cômodo foi esmagador. Mas dentro de mim, o barulho era tanto que chegava a ser sufocante... eu conseguia ouvir a armadura se rachando em um som estridente e desesperador.

Merda!

Uma frase e tudo o que lutei para conquistar nós últimos quatro anos, pareciam idiotas. Isso não era justo. Desde o momento em que as palavras malignas saíram da sua boca, eu me via fugindo do seu olhar desesperadamente, minhas mãos tremiam furiosamente e meu coração batia tão forte contra o peito que achei estar no meio de um ataque de pânico.

Você não vai quebrar, anunciei mentalmente ao sentir os olhos queimarem pelas lágrimas a caminho.

Não aqui, não na frente dele.

Apertei os olhos com força, ordenando para que as lágrimas voltassem para seu lugar de origem e respirei fundo até sentir meus batimentos voltarem ao normal. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, meu ex vizinho voltou a falar:

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