Capítulo 11- Jantar

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* Música sugestiva para o capítulo

Soraya

Sair da sala da Simone sem olhar pra trás, eu tinha que seguir em frente. Débora me aguardava encostada na parede, estava preocupada com essa repentina proximidade.

— Tirou suas dúvidas?

— Todas possíveis.

— Passado?

— Nem lembro mais

— muito bom, merece um sorvete

Débora beijou meu rosto e entrelaçou suas mãos na minha

Seguimos até a sorveteria perto da UNAES

— Débora, enquanto eu estiver me servindo e virar, fica atrás de mim? Para não ter risco de ninguém está atrás e eu derrubar todo o sorvete

Traumas

Ela me olhou confusa, com um ar engraçado

— Por quê?

— Longa história

— Faço melhor, deixa que eu te sirvo, sente lá

— Chocolate...

-Eu sei, yaya. Chocolate, creme e paçoca, você pede a mesma coisa desde os 10 anos.

♦♦♦

Desenhar era minha nova válvula de escape, eu ia em praças, campos, fazenda dos meus pais onde eu passei a ir com mais frequência esses últimos cinco meses. Eu adorava o amanhecer, o pôr-do-sol, o cheiro do campo. Eu tinha uma égua específica que se chamava tebetezada, Débora passou duas semanas me julgando por isso.

Nas noites na fazenda Débora e eu ficávamos horas escutando música no rádio, menina veneno era nossa principal música nos finais de semana lá, acompanhada de uma boa cachaça. Um dia estávamos tão bêbadas que pulamos na piscina da fazenda totalmente nuas. Tudo isso me deu bastante inspirações para desenhar, eu já tinha feito umas 30 obras ao todo.

Débora me convenceu a expor, em uma pequena exposição que teria no subúrbio de Campo Grande, eu não quis, achei arriscado, muito arriscado, mas ela disse que poderia ser minha representante, escreveria a autoria, só queria me mostrar o gostinho das minhas obras expostas.

Bom, eu aceitei

E esse dia chegou. Pela manhã eu estava nervosa, vestir uma roupa bem confortável, para não chamar muito a atenção da mídia.

— Está linda, yaya

— Eu estou quase me cagando de nervosismo, De. Você acha uma boa ideia?

— Yaya, suas pinturas são incríveis. É sua primeira exposição, relaxa o cú.

— E se alguém souber que são minhas?

— Ninguém vai saber, está minha marca de autoria nelas, lembra? Eu só quero você vendo o gostinho de expor suas obras. E olha — Débora me puxou um buquê de rosas amarelas— suas favoritas, né?

Sorrir emocionada, Débora me conhecia muito bem

— Você é incrível, De. Eu amo você.

— Eu também amo você, Yaya.

Chegamos na pequena exposição, tinha um número médio de pessoas, era para pintores amadores. Ao entrarmos na sala eu já tinha observado inúmeras pinturas, pinturas lindas e tão reais, mostravam tantos sentimentos e simbolismo através dos lápis e tintas. Algumas pessoas que reconheceram vieram ao meu encontro e pediram fotos, o jornal local estava ao vivo e me pediu uma entrevista.

Professora Tebet - Soraya e Simone TebetWhere stories live. Discover now