eighteen

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Sam on

— Jason?! — bato na porta branca. O silêncio toma conta da mansão. Já deve ser um pouco mais das três e meia da manhã, mas não consegui dormir depois do que aconteceu na caverna. Tomei um banho e tentei esperar o amanhecer para falar com Jason, mas o som de sua voz pela caverna ainda ecoa na minha cabeça. — Jason… — chamo mais uma vez, e quando estou decidido a sair dali, a porta se abre. Jason está de calça de pijama e uma blusa de manga. Seus olhos estão vermelhos, seu cabelo bagunçando, e várias lágrimas estão rolando pelo seu rosto. Meu coração se aperta e retorce dentro do peito.

O abraço imediatamente, sem deixar que ele pronuncie qualquer palavra. Sinto sua respiração descompassada contra meu ombro e suas mãos apertarem minhas costas. Ouço a porta se fechar atrás de mim, e Jason parece piorar com tal fato. Seu corpo se pende pra frente e eu o aperto mais contra mim, eu sinto que ele precisa disso, precisa chorar e deixar sair, mesmo que eu não saiba a razão.

O guio até a cama, deixando com que ele deite no me peito. Seus braços me contornam, e eu começo a mexer em seu cabelo, sem fazer a mínima ideia do que deveria fazer. Suspiro. Queria poder fazer com que ele se sentisse melhor, com que não sentisse mais dor alguma, que nada de ruim tivesse acontecido com ele para que o deixasse dessa maneira. Sinto como Jason está machucado, quebrado por dentro, como cada lágrima que rola pelo seu rosto tem um motivo que o machuca por sair.

[…]

— Eu estou aqui, ok? — Digo depois de um tempo, ainda mexendo no cabelo de Jason. Ele está mais calmo agora, mas não parece melhor. — Estou aqui por você.

Ele levanta a cabeça e me olha. Seus olhos estão vermelhos e percebo que estão um pouco inchados. Jason se senta, me soltando. Também me sento, não desviando os olhos do rosto do moreno a minha frente. Ele coça os olhos e os mantém fechados por um instante, talvez tentando se acalmar para poder continuar a conversa.

— Você pode me contar sobre como veio parar em Gotham? — a voz de Jason sai fraca, cansada, mas com urgência. Eu prendo a respiração por um segundo. Por que ele iria querer saber isso?! Por que logo agora?!

— Eu morava em Central City… como você já sabe. — Começo incerto. Eu preferia que Jason me pedisse para que contasse qualquer outra coisa, que me pedisse qualquer outra coisa que isso. — No começo só trabalhava para a polícia e fazia um bico nos laboratórios Star. Até que descobri a identidade secreta do Flash. Não foi muito difícil sabe, com a coisa de ler mentes… Eu ajudei ele por um bom tempo, tanto que eu e Barry somos melhores amigos e não existe ninguém no mundo que eu confie mais do que nele. — Faço uma pausa, respirando fundo. — Só que um dia eu estava ajudando em uma missão. Algo com o tubarão rei e algumas charadas a serem desvendadas. Estava no laboratório, sozinho de madrugada, até que uma fumaça tomou conta do lugar. A próxima coisa que eu lembro é acordar deitado em um galpão, sozinho e amarrado em uma cadeira com uma plaquinha pendurada no meu pescoço escrito…

— "vilão da vez”. — observo o rosto inexpressivo de Jason, que acaba de completar a minha frase. Espero para ver se ele termina a história, mas ele se mantém quieto.

— Barry me achou. Me levou de volta para os laboratórios e me contou o que havia acontecido. — continuo a história. — Houve uma invasão nos laboratórios, me sequestraram e eu fui usado como capanga pelo tubarão rei. Estive em alguns assaltos e sequestros, sem contar com os sistemas que eu ajudei a invadir. — suspiro. — Não sei se eu estava mais frágil por estar cansado com o caso, ou se era pelo meu poder, mas eu fiquei no controle do tubarão rei por cinco dias até que me deixaram no galpão. Não consigo me lembrar de uma coisa sequer do que aconteceu, mas meu rosto estava em todos os jornais e eu era o novo procurado. Não preciso nem dizer como isso ficou ruim para o lado da polícia, não é? Um capanga infiltrado. Barry e Felicity conseguiram provar minha inocência, que eu não estava envolvido por opção e que estava sim sendo controlado, mas depois disso não consegui um emprego em Central City. Metade das pessoas acreditavam que eu era culpado, que era só uma encenação, e a outra metade que eu era inocente. Depois disso fui para Nova York, tentar algo novo, mas notícias correm e por mais que não tenha ficado na minha ficha criminal, não foi muito difícil saber o que havia acontecido. E então vim para Gotham, onde nome não importa e perguntas são as últimas coisas que fazem aqui.

Termino a história, mas tenho a impressão de que Jason já a sabia, só queria uma confirmação de que realmente havia acontecido. Ele coça o rosto e me olha. Seus olhos cansados me apertam o coração. Estico o braço e toco sua mão em um pedido silencioso de resposta. Sinto meu coração incendiar quando ele segura a minha mão e se ajeita para me olhar.

— Sinto muito. — ele diz baixo. — Você não merecia ter passado por isso.

— Tudo bem. — digo igualmente baixo. — Já foi, é passado. As coisas estão melhores agora.

— Estão mesmo? — ele pergunta com um olhar descrente e um tom irônico.

— Você me entendeu. — eu sorrio. Pode até ser que tudo não esteja as mil maravilhas, mas estar com Jason segurando a minha mão torna pelo menos 50% melhor. — Você quer conversar sobre tudo isso? Aquela discussão com o Batman foi…

Paro de falar assim que percebo que é um assunto muito delicado e que não devo me meter.

— Você se sente melhor? — mudo a pergunta.

— Agora que você está aqui, sim. — ele me dá um sorriso grato e meu coração acelera. — Obrigado por vir…

— Você não precisa agradecer. — sorrio. Ele me puxa para mais um abraço apertado e é como se de repente meu coração descobrisse que pode ser tão rápido quanto um velocista. Retribuo o abraço. Isso não é um bom sinal e não é nem um pouco bom para mim. Esse calor que está crescendo dentro do meu peito só pode significar uma coisa e eu não acho que seja um ataque cardíaco. Seria bem mais generoso se fosse.

When It Breaks || Jason ToddWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu