Queimando lentamente

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Eu sei que fui eu que sugeri um slow burn e eu sei que fui eu também que provoquei a Meila, mas quem pode me julgar? O desejo e o pensamento racional não funcionam juntos, geralmente quando estamos dominados por um, esquecemos o outro e eu estava querendo esse momento praticamente desde que voltei. Eu não sei se consigo explicar a sensação de ter a boca da Meila explorando o meu pescoço, seus lábios sugando e beijando a minha pele, seus dentes mordendo o lóbulo da minha orelha...eu só queria senti-la cada vez mais, mas esse não é o momento, eu não poderia correr o risco de estragar tudo por não conseguir me controlar. Precisamos fazer isso direito dessa vez.

_ Acho que já é bem tarde.

_ O que? _ela perguntou confusa, quando eu levei minhas mãos novamente até a sua cintura e parei seus beijos.

_ Acho que devemos parar.

_ Mas porquê? Não estava bom?

_ Estava bom, bom até demais, mas não devemos apressar as coisas.

Pelas suas expressões pensei que ela iria me matar, ou no mínimo me xingar, mas de forma surpreendente, Meila reagiu bem.

_ Tem razão, esperamos anos por um reencontro, podemos esperar mais um pouco por sexo_ Meila me deu um último beijo carinhoso no canto dos meus lábios_ mas saiba que estou usando todo o meu auto controle aqui_ ela sorriu com os seus lábios manchados de um batom vermelho.

_ Acredite, eu sei.

Arrumamos a cozinha e seguimos para os nossos quartos. Paramos em frente à porta do quarto da Meila e ela abriu a porta ainda segurando minha mão.

_ Acho que tenho que ir.

_ Sim...

_ Mas eu não quero.

_ Eu sei_ fiz um pequeno carinho na sua mão com o polegar_ boa noite diretora Bernal_ disse provocando ela.

_Boa noite senhorita Duvall_ ela disse lentamente soltando meus dedos e indo para o quarto, fechando a porta logo em seguida.

Se existe uma mulher capaz de desgraçar a cabeça de qualquer pessoa, ela se chama Meila Garcia Bernal.

***

Eu estava na sala, mesmo após o termino da aula de literatura, precisava corrigir algumas provas. Estava concentrada e só percebi a menina a minha frente, quando ela falou.

_ Boa tarde professora. Posso falar com você?

_ Claro_ eu disse, deixando as provas de lado e olhando para ela_ sobre o que, quer falar?

_ Ãh, bom...gostaria de fazer algumas perguntas, é um assunto pessoal, então se não quiser responder, não precisa.

_ Ok.

_ Ouvi algumas meninas falando que você...é...gosta de mulheres.

_ Sim, eu sou lésbica.

Percebi que ela estava bastante nervosa, ela brincava com anéis que tem nos dedos e pareceu se agitar ainda mais quando eu falei a palavra com L.

_ É...como você descobriu?

_ Descobri?

_ Que gosta de garotas?

_ Olha, não é a primeira vez que me perguntam isso_ lembrei da Meila e sorri_ não existe uma fórmula, pra mim foi bem natural, eu simplesmente não me atraio por homens e isso foi desde sempre, mas é claro que sempre existe aquela dúvida.

_ Então, como dá pra ter certeza?

_ Não vamos focar em definir nada por hora_ ela se remexeu na cadeira_ Bom, você tem sorte, nunca ouve tanta representatividade como agora. Tem uma variedade de filmes, séries, livros com o tema, sugiro que procure alguns e veja como se sente ao ler ou ver essas obras, onde mulheres se relacionam.

Se não fosse aquela noiteWhere stories live. Discover now