Minha visão sobre os fatos

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Avisa que o capítulo é dela! É isso gente, o capítulo é narrado pelo demôn...Meila,kk, então se preparem.

Dentre todas as pessoas no mundo, que eu poderia contratar para substituir a chefe do departamento de humanas, eu nunca imaginei a Valentina como uma delas. Ela estava diferente desde a última vez que nos vimos, mas conservava a ousadia e a necessidade de enfrentar tudo e todos. É anarquista por natureza, não sabe obedecer a ordens e sempre vê quem está no topo da cadeia de comando como inimigo.

Os primeiros dias dela no internato foram um verdadeiro inferno na terra para mim, sempre me confrontava na frente dos demais professores e criava um clima de tensão a cada reunião, eu me perguntava porque não a demitia por insubordinação, mas era inegável que ela é uma ótima profissional e eu não teria como encontrar ninguém há poucos meses do início do ano letivo, então decide suportá-la.

A noite na sacada foi o nosso primeiro momento de paz e eu só queria ficar ali, olhando as folhas das árvores balançando e pensando em melhorias para o internato, mas a Duvall sempre sente a necessidade de falar e eu não queria ouvi-la dizer sobre os seus sentimentos, porque ainda doía... porque ainda dói. A conversa ia bem até ela mencionar os rumos que a sua vida tomou.

_ Você gosta do que faz? _ perguntei olhando para frente, não conseguia encara-la, principalmente se a sua reposta fosse negativa.

_ Eu aprendi a gostar_ eu não consegui perceber se estava sendo sincera, mas seu tom de voz mais baixo me fez achar que a resposta vinha carregada de frustração.

_ você teria sido uma ótima corredora_ disse me afastando do parapeito, pronta para sair da sacada.

_Meila...

Ela sabia que falar sobre isso significava o fim da nossa conversa, mas tentou me fazer ficar. Dei uma desculpa qualquer e fui embora.

***

Alguns meses depois, uma nevasca nos atingiu e em momentos assim as meninas podiam ir para casa até o clima mudar. Todos os funcionários foram dispensados, alguns tinham casas na cidade e outros alugavam quartos em hotéis, mas todos faziam isso dias antes, pois sabiam que durante o festival de inverno de Abadia, muitos turistas vinham para a cidade, era praticamente impossível reservar um quarto em cima da hora, mas é claro que a senhorita Duvall esqueceu disso. Peguei ela tentando quebrar o telefone.

_ Bom saber o respeito que você tem pelo patrimônio desse internato_ usei meu tom mais intimidante e vê-la me encarar assustada quase me fez rir.

Ela pediu para ficar no internato, mas eu não queria me responsabilizar por uma funcionária morrer de fome ou congelada nas dependências do meu internato. Sem alternativas convidei Valentina para passar uns dias na minha casa.

No caminho, enquanto o motorista da Uber dirigia, eu o pedia para ir devagar. Estar em um carro com a Valentina, durante uma nevasca não me trazia boas memórias. Meus punhos estavam fechados, eu não conseguia relaxar e achava que teria uma crise de pânico, até sentir a Valentina abrindo minha mão e encaixando seus dedos entre os meus, olhei para ela pensando em agradecer, mas ela encarava a paisagem lá fora. De qualquer forma foi mais fácil assim, eu me sentia tão acolhida que talvez minha expressão lhe passasse uma ideia errada sobre a situação. Pouco tempo depois chegamos a minha casa. Valentina se adaptou bem ao ambiente, bem até demais, pois já desfilava por ai com roupas íntimas. Chamei sua atenção e repassei as regras da minha casa. Isso não poderia acontecer, eu precisava manter meu autocontrole e ter ela de shortinho pela minha casa não iria me ajudar.

***

Ela me chamou para ir no festival de inverno e eu recusei, depois vieram questionamentos sobre eu estar namorando e quando percebi estávamos começando uma discussão, até que ela pediu uma trégua e eu resolvi aceitar pelo bem da minha sanidade mental. O festival estava incrível, eu até começava a me divertir com o jeito do Gustavo e parei até de implicar com a Valentina, até aparecer Ana Clara, oferecida e vulgar, como sempre. Sai uns minutos com o Gustavo e quando voltamos para a mesa vi ela se esfregando na Valentina e depois a beijou, deve ter enfiado aquela língua nojenta na boca da Valentina e segurava seu rosto, parecia que iria engolir toda a cabeça dela, quando o sexo em público acabou, elas conseguiram perceber minha presença.

Se não fosse aquela noiteWhere stories live. Discover now