JANEIRO

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Seoul, Coreia do Sul.
Estação rodoviária.

Agora que a verdade é apenas uma regra que você pode quebrar, você estala o chicote, muda de forma e engana o passado novamente.

Black Sheep – Metric.


Um, dois, três...dez minutos.

Coço a garganta, ajeito minha mochila nos meus ombros e olho envolta de novo. Ainda não tem ninguém procurando por mim. Fecho os olhos e suspiro frustrado.

Dez, vinte, trinta minutos.

Olho o relógio no meu pulso e confirmo pela quinta vez desde que cheguei ali que estava no horário certo. Bom, eu estava no horário certo, mas a outra pessoa estava a quase duas horas atrasada.

Pego o celular do meu bolso junto com o papel onde tinha anotado o número que a proprietária tinha me passado no outro dia, disco e assim que começa a chamar coloco o aparelho no meu ouvido. Eu deveria ter ligado para esse tal de Jongseong bem antes, eu sei, que tipo de idiota espera quase duas horas de atraso antes de ligar para a pessoa que é suposto que o encontre? Bom, esse idiota aqui é péssimo falando por ligações, ainda mais ligações com estranhos, então tende a evitar esse tipo de situação a todo custo. Mas parece que hoje realmente não era meu dia, depois do quarto toque ele atende.

— Alô? – uma voz grave soa do outro lado da linha e eu prendo minha respiração por alguns segundos.

— É...– falo por insistindo e então aperto os olhos me sentindo um idiota logo em seguida – quer dizer, alô! – não tenho nenhuma resposta do outro lado da linha então continuo a falar – quem fala é o Jongseong do conjunto de apartamentos sweet home?

— Sim – ele diz num tom pouco expressivo – e você, quem é?

— Bom, veja bem – coço minha garganta – eu sou o Park SungHoon e era suposto que eu estivesse me mudando hoje pra ir morar aí e a senhora Jang me disse que você estaria aqui no metrô pra me acompanhar, mas já faz um tempo que eu tô esperando e você não aparece, então achei que talvez fosse melhor ligar pra saber se tinha acontecido alguma coisa né, vai que você acabou se metendo num acidente – rio forçado mas logo paro e falo num tom sério – não que eu queira que você se acidente nem nada, longe de mim!

Talvez eu quisesse que ele tivesse se metido no mínimo numa batida leve de carro que não fizesse ninguém sair ferido, mas que fosse o suficiente para as autoridades ficarem segurando ele todo esse tempo e justificasse esse chá de cadeira que eu levei.

— Hum...– ele murmura e então eu escuto alguns sons de papéis – Park SungHoon, é?

— Eu mesmo.

— Entendi...– ele suspira – tô indo aí te buscar – e então desliga antes que eu possa ter a oportunidade de responder.

Okay.

Acho que isso quer dizer então que eu esperei duas horas por alguém que não tinha nem começado o caminho até mim ainda, certo? É, Seoul parece que vai ser realmente ótima. Enfio o celular no bolso com força e pendo a cabeça para trás enquanto fecho os olhos com força, pelo jeito eu ainda vou ficar aqui por um bom tempo.

                                    ...

— Aqui, deixa eu te ajudar com isso – Jongseong diz enquanto pega as malas da minha mão e as coloca no bagageiro do carro.

say yes to heaven | sunsunTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon