Capítulo 13 - Decidi permanecer, que Deus me ajude.

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Eram nove horas da manhã quando João chegou em sua casa, conseguiu descer do carro e entrar em casa sem ser visto pela vizinha. Não precisava de ajuda para se locomover, apenas tinha que tomar cuidado para não colocar força na perna machucada. A dor estava controlada pelos remédios, sentia desconforto apenas se fizesse movimentos muito bruscos. Esperou Andreas tomar uma distância segura de sua casa e enviou uma mensagem para Céu, avisando que já estava em casa. Ela visualizou apenas uma hora mais tarde quando acordou, e respondeu que ia em seguida para ajudá-lo. Ele olhou ao redor, conferindo se havia algo no lugar que pudesse denunciá-lo de alguma forma. Ela nunca havia entrado ali, tinha ido apenas até a porta da frente. Tudo parecia perfeitamente bem, para a casa de um homem solteiro, que trabalhava em casa no computador. Havia tomado cuidado para não ser exposto, caso a vizinha quisesse ou precisasse visitá-lo.

Ainda não conseguia acreditar no tipo de acidente que havia tido. Cair de uma árvore enquanto tentava tirar um filhote de gato que estava com medo de descer. Parecia na melhor das hipóteses coisa de novela, se essa historia vazasse para seu pai, ou algum de seus amigos, era o fim dele e de tudo isso. Deixaram uma bonificação mais que generosa no hospital, para garantir sigilo absoluto sobre o caso. Também era muito provável que se isso vazasse ninguém acreditasse na versão original dos fatos, afinal ainda era custoso demais para ele acreditar. Sorte a dele que Andréas era um fiel escudeiro, em quem podia depositar toda a sua confiança. Sempre havia sido assim, desde a época em que eles haviam estudado juntos.

Ele não podia sequer pensar na hipótese de perder tudo aquilo. Definitivamente as coisas haviam saído do controle, tudo aquilo, entre ele e ela, não era planejado. Se envolver assim não estava no roteiro, e ele não sabia ao certo desde quando passara a querer mais do que apenas ser um amigo, um suporte. Ele não tinha como negar querer algo mais, o que exatamente ainda não sabia, mas tinha certeza que estava no caminho de descobrir. Perto dela, se sentia como uma pessoa diferente, mais livre. Sentia poder ser e fazer o que quisesse, ser autentico. O que era uma grande ironia, já que aquilo tudo era uma enorme mentira. A questão era, que no meio de toda aquela farsa, de certa forma ele talvez tenha encontrado o seu eu verdadeiro, um alguém que ele gostava de ser, mais-que-tudo, um alguém que vale a pena ser.

Ela bateu na porta e ele gritou para entrar, pois estava aberta, já sabendo de quem se tratava. Quando ela entrou, o encontrou sentado no sofá, com a perna para cima escorada em uma almofada.

-- Então quer dizer que você estava enrolado com uma coisa, por isso desmarcou comigo? Só se esqueceu de dizer estar enrolado com dez pontos na perna e uma concussão. Que tipo de idiotice foi essa de mentir para mim?

– Eu não queria que ficasse preocupada, já que ia ter que passar a noite no hospital. Além disso, foi uma coisa idiota mesmo o que aconteceu. - Ela colocou as mãos na cintura e perguntou.

– Mas o que aconteceu realmente? Como você se machucou assim? Invadiram sua casa e te atacaram por acaso?

– Não foi nada disso. - ele disse balançando a cabeça em negativa. – Eu estava trabalhando, quando ouvi uns miados na rua, a princípio eu ignorei, mas eu simplesmente não conseguia me concentrar no que eu tinha que fazer, o bicho não parava de miar. Eu fui lá nos fundos ver e era um filhote, que estava preso na árvore, em um galho bem de cima.

Ela se aproximou e sentou-se na guarda do sofá.

– Gatos sobem e descem de árvores João, é a natureza deles.

– Mas ele realmente parecia estar preso. E era tão pequeno, eu tinha que tentar tirar ele de lá, se não eu não ia conseguir trabalhar com todo aquele barulho. Foi então que de alguma forma que eu ainda não entendo, eu escorreguei e não consegui me segurar, cai com a perna encima desse ferro que a atravessou e bati com a cabeça no chão. Tive que levar dez pontos na perna. Foi humilhante, o tombo mais ridículo da história da humanidade!

A vizinha do CEOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora