Capítulo 9 - Novas sensações.

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Seguiram em direção ao interior, rumo ao destino do passeio.

-- Porque você não bota uma música, é um longo caminho até lá. - Céu pediu.

Ele ligou o rádio e começou a tocar uma música no estilo eletrônico que estava bem na moda no momento. Quando escutaram as três próximas e eram do mesmo estilo, ela não aguentou e comentou.

-- Na sua playlist só tem esse tipo de música?

-- Acho que sim, por que você não gosta?

-- Na verdade, eu detesto.

-- Nossa, achei que você fosse uma pessoa muito eclética em relação a tudo.

-- Quase tudo. Desde que eu me lembro eu odeio música eletrônica. Na minha cabeça não faz sentido nenhum. Não consigo me sentir tocada por toda essa mistura de ritmos e batidas.

-- Eu nunca pensei muito sobre isso. Só gosto do ritmo. E é o que geralmente toca nos lugares que eu vou.

-- E que lugares são esses?- Ele havia falado demais.

-- Vários. - Respondeu simplesmente, parecendo não querer dar segmento ao assunto.

-- Mas apesar de algumas preferências, para livros e filmes você é bem eclética.

-- Em geral, sim. Só tem um tipo de filme que eu realmente odeio.

-- E qual é?

-- Filmes de ou sobre o Natal.

-- Mas todo mundo ama filmes de Natal. – Ele disse admirado.

-- Bem, eu com certeza não estou entre essas pessoas.

-- Mas por quê? Qual o motivo disso? Agora eu que sou obrigado a perguntar, o que você tem no lugar do coração, uma pedra?

-- Não, eu só não tenho paciência. É tudo muito repetitivo, meloso e clichê. As histórias são sempre as mesmas, e parece serem sempre filmes de baixa produção. Para dizer a verdade, eu vi no máximo uns dois em toda minha vida que eu não odiei.

-- Está bem, então, você definitivamente sabe defender seu ponto de vista. Mas bota uma música para gente escutar então. Alguma coisa que você goste.

-- Bom, se prepara que as minhas listas são realmente bem diversificadas.

Ela pegou o celular, conectou ao rádio e colocou para tocar uma de suas listas de músicas de ritmos variados. De músicas novas e antigas. Durante o caminho, conversaram sobre vários assuntos, não tiveram problemas para encontrar o local e pouco depois do meio-dia estavam chegando à entrada do camping. João entrou e estacionou o carro a sombra de uma árvore.

-- Descemos aqui, mas tem uma trilha que se faz a pé até a cachoeira.

Começaram a caminhada, ele levava as bolsas mais pesadas.

-- Eu estou me sentindo dentro de um episódio daquela série Lost. Você tem certeza que não me trouxe aqui para me matar e desovar o meu corpo não é?

-- Deixa de ser tão garoto da cidade, e pare de reclamar.

-- Mas eu sou um garoto da cidade!

A trilha era estreita por dentro de uma mata densa. João foi picado por uns trinta pernilongos e uns doze outros insetos que ele não fazia ideia de que tipos eram, mas não fez nenhum comentário ou reclamação, para não parecer ainda mais chato.

Depois de uns quinze minutos de caminhada, que pareceram horas, chegaram a um local que parecia uma clareira no meio da mata, tinha uma abundância de areia e algumas pedras. Uma queda de água bem grande que caia em uma parte que parecia mais funda do riacho, e outras três pequenas cachoeiras. A água era extremamente cristalina, com uma tonalidade de azul muito bonita. Nas partes mais rasas era possível ver a areia branca no fundo.

João pensou que essa paisagem não perdia nada para os lugares que ele conhecia no exterior. Como era possível que ele nunca tivesse ouvido falar dali? Ficava cada vez mais óbvio, que apesar de ter sempre tudo e todos os privilégios, sua vida era muito limitada de experiências e significados.

Maria do Céu percebeu o seu estupor e soube que havia acertado na escolha do passeio.

--E então? - Perguntou ela. -- Eu não disse que iria valer à pena?

-- Olha baixinha, você deu uma dentro. O lugar é maravilhoso.

Ela foi até um local na areia e estendeu as esteiras que trouxe, largou as bolsas encima delas e se sentou para tomar uma água. Tirou a camiseta larga, ficando apenas com o top preto de ginástica. João se virou nesse exato momento voltando da beira da água e a viu. Como uma simples camiseta ou a falta dela podia mudar tanto uma pessoa. Desde que a conheceu só a via usando roupas largas e confortáveis. Aparentemente não se preocupava muito com moda e estilo, não que andasse de forma ridícula, mas em nada seguia as tendências da moda. Mas com aquele short justo e curto, ficaram expostas às pernas mais perfeitas que ele já havia visto. Apesar de sua baixa estatura, as pernas eram longas e bem torneadas. Os pés eram pequenos e bem cuidados, apesar de aparentemente não usar nenhum esmalte nas unhas. Era magra, mas sem exageros, e os peitos eram surpreendentemente grandes e arredondados. As roupas largas escondiam tudo aquilo. Hoje ela ainda havia prendido o cabelo ondulado em um longo e alto rabo de cavalo, o que deixava deu colo ainda mais em evidência.

Sentiu seu corpo reagir e imediatamente se virou em direção a água. Fazia muito tempo que não saia com uma mulher. E ali, naquele lugar paradisíaco, ela estava especialmente tentadora. Tirou o tênis, as meias e a camiseta, achou melhor entrar logo na água. Para que ela não percebesse a sua repentina empolgação. Era muito desconfortável, estava se sentindo um garoto de quinze anos, sem controle sobre o próprio corpo. Ela levantou se e foi para perto da água.

-- Eu entendo, essa água é irresistível mesmo. - E entrou atrás dele.

Ele foi até embaixo da queda d'água e ficou ali, deixando que a água fria caísse sobre sua cabeça, torcendo para que esfriasse a mente. A observava nadar habilidosamente e mergulhar, cada vez que ela tomava impulso para submergir o traseiro ficava em evidência, era uma tortura. Ele não sabia se agradecia o fato de estarem só os dois ali ou maldizia. Por um lado, não havia nenhum expectador para sua provação, mas talvez fosse ainda mais torturante o fato de estarem apenas os dois em total isolamento, para fazer qualquer coisa que desejassem.

Céu o achou um pouco distante, como se algo o incomodasse. Resolveu dar um tempo para ele pensar e aproveitar o momento. Seguiu nadando e matando a saudade desse lugar tão querido. Nem sequer imaginava o que se passava em seus pensamentos nesse momento, bem como em outras partes menos mencionáveis do seu corpo.

A vizinha do CEOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora