corações de papel.

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                        jungwon's pov.  

Dos sons suaves e tão pouco movimentados se faz um início de manhã, assim como o comum e pensável. Mas naquela manhã em si eu parecia mais hiperativo ao comum, bem mais do que meu corpo acompanhava normalmente, e aquilo me soava estranho para cinco horas e pouquinho da matina.
Logo quando a água gelada tocou meu rosto pude despertar melhor, então respirei fundo  retomando meu foco, quando uma figura perfeitamente reconhecida por mim se escorava na porta do banheiro com algo em mãos, o que para mim era conhecido.

“Acabo de sair e me deparo com essa caixa, você andou pedindo algo na internet, filho?” ela mesma parece confusa com o pacote.

“Na verdade, faz um bom tempo que não, mamãe. Um amigo me entregou ela!”
A respondo, recebendo um olhar curioso.

“De toda a forma, eu preciso ir trabalhar, meu bem. Só fiquei confusa quando vi ela em cima do balcão. Qualquer coisa me ligue, sim? Não posso perder o ônibus.” ela fala de forma doce ao se despedir, me deixando um selar na bochecha e sem demorar nada sumindo de minha vista, assim que ouvi a porta se fechar.

Coloquei aquela caixa no balcão, tentando convencer minha curiosidade a se aquietar pois por mais que me sobrasse tempo, gostaria de fazer tudo correndo para poder pensar naquilo com certa calma.
Lembrei do dia anterior a este, Jaeyun ou Jake, um garoto extremamente simpático e da mesma universidade que eu e meus melhores amigos, porém nunca tivemos tanto contato com o australiano.
Ele parecia animado ao me entregar a caixa falando que um amigo havia lhe pedido isso, contudo, não falou seu nome.
Ontem a noite por mais que mentalmente eu quisesse saber o que aquela caixa guardava, meu corpo procurava urgentemente repouso. Apenas na manhã seguinte eu finalmente saberia o que me aguardava.

Encontrei paz quando meus afazeres foram cessados por mim mesmo, felizmente no seu tempo.
Observando aquele pacote, ele parecia perfeitamente feito a mão; em seus mínimos detalhes era uma caixa de entregas um tanto comum, mas havia um pequeno coração adesivo como um fechador para tal, pois quando finalmente resolvi abrir notei que não era apenas ele quem cumpriria este trabalho, também haviam fitas bem colocadas. Cheguei a conclusão que aquela pessoa desconhecida por mim era ao menos perfeccionista no que fazia, de fato.

Ao finalmente ver o interior da caixa, era algo que talvez eu não esperasse. Confesso que pensei do pior extremo ou melhor plausível, como um bilhete maldoso ou uma brincadeira de mal gosto, mesmo que o garoto que me entregou a caixa não parecesse andar com esse tipo de gente. Mas também pensei que poderia ser um presente amigável. Todavia, definitivamente não passou em minha mente um bolinho de cartas.

Cartas essas que cheiravam a perfume de "gente rica" por assim dizer, não havia definição melhor. Elas também eram muito bem feitas, os envelopes de papel especial para isso.
Ao todo, eram quase vinte e cinco longas cartas que eu não saberia se poderia ler todas só naquele pequeno período de tempo antes de ir para a aula, então suspirei, muito curioso para saber o que estava escrito em cada uma.
Obviamente não saberia por onde começar, mas naquele monte, uma em si me chamou a atenção; ela tinha um aviso em seu canto inferior, “Comece por aqui.” dizia.

Dito e feito, a carta já estava aberta sobre a mesa com uma caligrafia impecável e aquilo chamava a minha atenção, até começar a ler atento.

Eram longas linhas de um ato simplesmente romântico a nível de filme, o que me assustava, e após ler aquela carta eu me encontrava em puro êxtase.
Não era necessariamente ruim ter um admirador secreto, se não fosse no mínimo preocupante ele morar na minha frente por tanto tempo. Como eu sairia de casa agora sem pensar que poderia estar sendo observando? Ou melhor; sem saber quem me observa tanto. Por algum motivo eu não deveria estar tão interessado em descobrir mais sobre ele e adentrar totalmente no universo de todas aquelas cartas, pois na minha visão eu deveria estar assustado e não animado.
Minha hiperatividade afinal, tinha um motivo.

Ao desviar finalmente meu olhar daquela carta e tomar de volta a atenção na realidade, noto que meu horário já está em cima do que deveria, e imediatamente guardo novamente o amontoado de papéis da mesa. Agora eu pensava em como contaria aquilo para minha mãe sem ela não ironicamente querer chamar a polícia, e a resposta era; por mais intimidade que eu tivesse com ela, aquilo seria segredo até que eu assumisse haver algum perigo ali.
A forma que aquelas palavras escritas pareciam tão inocentes e genuínas me deixavam com certo pé atrás de desconfiar tanto de alguém que parece me admirar, mas óbvio que eu não confiaria totalmente naquilo.
Contudo, eu não guardaria isso apenas para mim, pois estava mais que claro que meu melhor amigo deveria saber o que se passava.

Meus dias sem emoção alguma haviam finalmente chegado ao final? Sentimentos bons e ansiosos tomaram conta de mim, mesmo ao sair pelo portão aquele que eu deveria temer agora, eu olhei curioso para aquelas casas altas a procura de algo, ou melhor, alguém. Minha intuição não parecia preocupada.

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