𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 - 𝘁𝗵𝗲 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗿𝗮𝗴𝗼𝗻

𝕿𝐇𝐄 𝐁𝐄𝐆𝐈𝐍𝐍𝐈𝐍𝐆 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐍𝐃

       Conversas deram início, mas eram extremamente isoladas entre negros e entre verdes, como se cada grupo tentasse por ignorar a existência do outro até que Viserys se fizesse presente. A Mão e sua filha tagarelavam, sua mãe e seu padrasto dialogavam com seus irmãos e primas, e apenas Anya estava por não soltar uma palavra sequer, afinal, não poderia estar em pior companhia. Ela entregava alguns olhares de soslaio para tentar capturar o que Aemond estava fazendo, e via seu único olho fixo na mesa, parecendo analisar a melhor forma de atear fogo em cada pessoa ali presente. Usava as roupas negras de sempre, é claro, e se ancorava na cadeira de forma largada, mas alerta, como se estivesse pronto para se erguer e atravessar uma espada em alguém a qualquer momento, como um perfeito príncipe.

       Ele não tardou notar que ela o observava, e como sempre, pareceu irritado — O que é desta vez? — sua voz soou baixa, para que somente eles escutassem.

       Anya suspira, apanhando sua taça com ar de diversão — Sete infernos, você realmente odeia ser observado. Por qual motivo isso ocorre? Tem alguma insegurança ou algo assim?

       Um sorriso ladino surge nos lábios dele — Só acho que se minha querida sobrinha tem intenção de ficar me olhando, que ela faça isso de frente para mim, para que eu possa olha-la de volta também, e não pelos lados como uma amedrontada.

       — Eu não tenho medo de você — ela interveio na hora, e era verdade.

       Não era dele que ela possuía medo, mas de si mesma. Não confiava em si perto de seu tio, pois sempre tendia a agir com imprudência e irracionalidade. Tentava se controlar, e como tentava, mas ele aflorava nela seu espírito mais rebelde.

       O monstro que havia dela despertava.

       Aemond virou então pela primeira vez seu rosto até o dela, mantendo o fixo contato olho a olho por bons segundos, antes que descesse até sua boca, seu pescoço... seu corpo. Ela prendeu a respiração enquanto ele a avaliava — Não é o que seu corpo está dizendo, sobrinha.

       — Não sei do que está falando — replicou rapidamente, com o coração palpitando.

       Sabe sim, sua consciência replicou.

       Ainda fitando o colo dos seios dela, onde o colar da rosa da Donzela repousava, ele murmura — Pensei que havia prometido somente usar vermelho em minha presença como provocação. Estou desapontado por ter se esquecido.

       Anya quase riu — Você não parece desapontado, tio. E meus olhos — ela levemente encostou seus dedos no queixo do homem, levantando-o com delicadeza até que voltasse a ficar rente a seu rosto, obrigando-o a parar de olhar para seu corpo e mirar novamente suas íris — estão aqui.

       Ele permaneceu sério, mas aquele típico brilho entretido dançou na luz de sua única pupila, ao passo que em Anya, um sorriso singelo, quase irônico, decorou seus lábios, fazendo-a afastar sua mão e finalmente voltar sua atenção para seu prato. Enquanto ela se esforçava a não olha-lo, finalmente as portas do salão foram abertas, e com isso, soldados da guarda real adentraram carregando uma enorme cadeira em que Viserys se acomodava, escorando seu corpo e rosto de maneira que ficava evidente que ele mal estava aguentando o peso de seu próprio tronco. Seu rosto, ainda decorado com a mascara de ouro para ocultar parte da face, estava cansado, embora genuinamente mais revigorado do que da última vez que fora visto. Todos se levantaram para recebe-lo com a honraria digna de sua posição, e os guardas marcharam com o assento até o exato meio de onde se encontravam Alicent e Rhaenyra, e cautelosamente a repousaram ali, enfim permitindo que o rei fizesse parte de sua mesa como figura central. Um silêncio se instaurou, e nenhuma palavra fora emitida, pois agora a atenção era toda para o patriarca. Ele enfim movimentou suas mãos, pedindo para que todos voltassem a se sentar. E assim o fizeram, adequadamente voltando a suas posições e fitando o rosto do homem enquanto o jantar era servido pelos servos.