𝖂𝐈𝐂𝐊𝐄𝐃 𝐆𝐀𝐌𝐄

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Anya gesticulou com as mãos por sobre a água, fazendo pingos se dispersarem pelo chão.

— A meus parentes. A rainha, meus tios, a mão... por que estão me tratando tão... estranhamente? É como se todas as vezes que me abraçassem, espreitassem uma faca em minhas costas.

Mylena penteou as longas madeixas brancas da menina com delicadeza — Pensei que entre você e seus tios sempre houvesse uma relação de animosidade, minha princesa.

— Sim, brigas de criança, Mylena. Agora é diferente... eles sorriem pra mim como se sorri para uma nação inimiga. Como se... como se conspirassem secretamente.

A criada então finaliza, rodando até o lado esquerdo da banheira e e agachando, utilizando-se de um pano embebedado de perfume para percorrer pelos braços da menina — Mas é assim que sempre foi, minha princesa. Com seu pai, com sua mãe, e até com seu irmãos. Sempre com sorrisos pela frente e conspirações por trás.

Mylena estava com Anya desde que ela havia nascido. Acompanhou quase toda a história de sua família, e sabia de muitas coisas. Entretanto, a princesa não compreendia — Como nunca percebi? A aspereza, o receio? Como nunca notei?

— Você era uma criança, princesa — falou, e aquela mera frase fez Anya refletir profundamente, vendo a verdade que não conseguia enxergar.

Ela havia crescido.

Era agora quase uma mulher formada. Aquilo que perturbava a mente de um adulto e que jamais poderia perturbar uma criança, agora lhe era claro a vista e lhe deixava ansiosa. Ela podia claramente perceber tudo que a falta de idade e maturidade havia lhe ocultado, e não sabia se havia gostado. Sentia o que sua mãe andava sentindo por anos e anos quando morava ali.

Crescer era duro.

— Muito bem feito para mim — murmurou consigo mesma, com olhar sem luz — passei toda vida querendo crescer. Agora consegui.

Ela observou suas mãos — e nunca me senti tão miserável.

Visenya deixou a banheira para ser aprontada para suas atividades diárias. Tentara melhorar seu humor com um bom chá de anís selvagem e pão folheado. Observou Porto Real pela janela, onde um dragão, que ela julgou ser Sunfyre, voava entre o fosso e a baía da água negra. Vendo o belo animal fazer seu caminho, cortando o céu, decidiu que voaria um pouco em seu próprio dragão também. Nada como uma atividade ao ar livre para revigorar-lhe os ânimos.

Mylena voltou com suas roupas de montaria prontas para o uso, e sentada frente a sua penteadeira, esperou que ela trançasse seu cabelo para enfim deixar seus aposentos. Entretanto, enquanto fazia aquele trabalho, sua criada parecia observar a princesa de maneira excessiva, desviando quando percebia que era analisada.

Não suportando mais aquilo quando já ocorria pela quarta vez, Anya disse — Diga de uma vez o que está em sua cabeça, Mylena, todos esses olhares irão me deixar maluca!

A criada parou o que estava fazendo — Não é nada importante, minha princesa... é só algo que as servas da cozinha estavam comentando.

— Mexericando, você quer dizer — corrigiu, inclinando-se para observa-la melhor — me diga de uma vez.

Ela parecia querer rir — Elas andaram dizendo que na noite do banquete, os príncipes brigaram por uma dança com você.

Ela tentou, pelos deuses, e como tentou segurar sua risada, mas fora mais forte do que ela. Riu horrorizada por longos segundos, sendo incapaz de para para sequer respirar. Aquilo fora a coisa mais absurda que já escutara em toda a sua vida! Aegon e Aemond, brigando por ela? Logo por ela? Aquela piada alegrara o dia de Anya de uma forma certamente doentia.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 - 𝘁𝗵𝗲 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗿𝗮𝗴𝗼𝗻Where stories live. Discover now