Fire On Fire - Daemyra (CONCLUÍDA)

Made to burn together

Rhaenyra narrando.

Observo a minha mão ir perdendo toda a coloração e circulação do sangue conforme Laena a aperta, evito olhar para ela, não aguento mais a ver sofrer e insistir para ter essa criança. Estamos dentro desse quarto a mais de quatro horas e até agora nem sinal de coroar, Daemon se afastou a pouco e está parado na porta, mas eu não saio do lado dela, não desde que começou o trabalho de parto. Laena é forte e já passou por isso duas vezes, estou confiante de que tudo dará certo, mas confesso que a demora começa a me assustar. Vejo o Meistre que nos acompanha se afastar e só deixar as parteiras em nossa volta e isso gela o meu peito.

Laena grita enquanto se esforça e eu praticamente sinto em mim a sua dor, eu sei como é a sensação, sei perfeitamente como isso dói mais do que dezenas de ossos se quebrando ao mesmo instante. Olho impaciente na direção do meu tio, quase suplicando, ele faz um sinal para que eu me aproxime. Dou um beijo na mão dela e peço sua licença.

── Diga a ela o que me disse ── Daemon exige e o senhor ao seu lado respira fundo.

── Em todos meus anos fazendo isso, nunca vi nada parecido. Eu lamento, mas as crianças não vão nascer.

Meu coração se fecha e minha garganta queima, olho para o homem calvo e grisalho com raiva, como se a culpa fosse dele simplesmente por dizer isso. Travo o maxilar e os pulsos, mas sinto meu queixo tremer.

── Como tem coragem de dizer algo assim? Ela vai conseguir....

── A primeira criança não está encaixada. Eu sinto muito, princesa.

Balanço com a cabeça e encaro Daemon, esperando que ele faça alguma coisa como ele sempre faz, mas ele apenas encara o chão.

── Existe um modo de tentar salvar os bebês... ── Ele começa e eu sei perfeitamente o que irá sugerir, antes que eu possa abrir a boca para responder Daemon me surpreende.

── A mãe sobreviveria?

Olho para trás e ela continua suando e gemendo em dor, meus olhos queimam e eu me vejo dentro de um pensamento maldito. Quando o meu pai precisou escolher, e perdeu tanto a minha mãe quanto o meu irmão naquela ocasião. O Meistre diz que não.

── Então não ── Meu tio diz, firme.

Dou o primeiro passo de volta a Laena que torna a seguir as orientações das parteiras e fazer força para expelir a criança. Daemon me segura pelo pulso, o encaro direto nos olhos.

── Rhaenyra... Não vai ter solução.

Ele engole em seco e me solta, e então eu retorno até Laena. Ela dá um meio sorriso ao me ver me ajoelhar ao seu lado na cama, passo um pano seco e limpo na sua testa.

── O que disseram?

── Nada ── Minto.