Capítulo 24

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Era quase estranho. As semanas seguintes passaram sem intercorrências. Draco se sentia frustrado. Seu pai havia enviado um especialista de St. Mungus para examiná-lo e o homem não pôde concluir nada além do que madame Pomfrey havia feito, uma perda de tempo. Madame Pomfrey havia comparado seu cérebro à um encanamento entupido, o que não foi nada lisonjeiro. As memórias menores e com pouco contexto teriam mais facilidade em voltar, mas as realmente importantes precisariam de mais tempo e pressão. A pressão sendo toda a sua convivência com Harry, descrição da qual Draco não poderia discordar menos.

Fora as frustrações com sua recuperação, Draco tinha outras frustrações. Ele havia pedido para Harry não ceder a vitória para ele novamente no quadribol, mas isso também significou que ele perdeu todas as partidas que jogou até agora, e não havia como culpar o cenário nevado quando Harry  se saía tão bem. Draco tentava copiar a metodologia do garoto moreno, mas não entendia bem o princípio e, Santo Merlin, Harry era rápido. Talvez fosse a Firebolt que ele montava, mas Draco desconfiava que não fosse tão simples.

Harry era como a definição no dicionário de um verdadeiro apanhador. Às vezes, apenas assistí-lo cobria Draco de ciúmes, e então de orgulho, e então de algo que ele sentiu mais profundamente na noite de Natal e que sentia em momentos assim desde então; mas decidira não alimentar com muita esperança. Essa seria sua frustração mais profunda.

Talvez tenha sido um passo maior que a perna beijar Harry sob o visco naquela noite. Mas ele simplesmente não pôde resistir àquela oportunidade perfeita de experimentar aquele sentimento sem ter de ouvir uma rejeição depois. No entanto, o tiro saiu pela culatra, pois mesmo que não fosse uma rejeição direta, Harry havia preferido agir como se nada tivesse acontecido, o que deveria servir como uma resposta suficiente.

Era sua própria culpa por provocar tanto, e ele sabia. Agora Harry detinha todo o poder sobre sua sanidade e cada ação sua era como um feitiço, enlouquecendo Draco pouco à pouco. Mais de uma semana se passou, eles jogaram seis partidas organizadas e estavam devendo quantidades desumanas de chocolate. Seu status quo só foi quebrado na quinta-feira, quando a Minerva os chamou em sua sala, juntamente com alguns outros alunos.

 Seu status quo só foi quebrado na quinta-feira, quando a Minerva os chamou em sua sala, juntamente com alguns outros alunos

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Para Harry, os últimos dias foram um pesadelo. Certo, pesadelo podia ser um exagero, de certa forma ele estava no ápice de sua felicidade. Mas, para ser justo, Draco se tornara uma presença um tanto enervante desde o Natal.

Eles estariam conversando sobre algum assunto sem importância, e então Draco olharia para ele por um segundo a mais e Harry se perderia no que estava dizendo e seu rosto certamente se tornaria vermelho vivo. Harry sabia que o beijo havia sido apenas uma tradição boba de Natal, somado à uma provocação ainda mais boba de Draco. Era difícil se lembrar disso, no entanto, quando eles se sentavam frente à frente na biblioteca e suas pernas se entrelaçavam por hábito e ele sequer notava, até que ele de fato notasse e tivesse um colapso interno e seu rosto começasse a queimar enquanto ele debatia se devia puxar suas pernas para si ou fingir que não percebeu. Tudo isso enquanto Draco parecia inconsciente, imerso em sua mais recente leitura.

Minhas memórias de vocêWhere stories live. Discover now