Minhas memórias de você

Capítulo 16

- O que é? - Harry perguntou ao seu lado, preocupado com sua face sem cor, provavelmente.

- É da minha mãe. - Draco respondeu baixo, mas alto o suficiente para ser ouvido.

- São notícias ruins? - Harry se esticou instintivamente para ler o que dizia o envelope, sem muita consciência de privacidade.

- Não. - Draco empurrou os óculos de Harry com um dedo na junta entre as lentes, o que devia ser ao menos um pouco desagradável, dada a careta que ele fazia quando isso acontecia. - É um convite para o jantar de Natal na mansão.

- Um jantar? - Harry relaxou. - Por que essa cara de funeral que você está fazendo? - Ele estava genuinamente curioso.

- Você nunca esteve em um jantar da família Malfoy, não é? - Draco desdenhou. - Mas esse não é o meu maior problema. - Ele confidencializou.

- Então o que é? - Foi Hermione quem perguntou desta vez.

- Eu posso... não ter contado para eles sobre minha condição... ainda. - Draco falou um pouco baixo, mas audível o bastante para que Harry ficasse boquiaberto.

- Você não contou à eles? - Ron parecia confuso. - Por quê? Meus pais teriam um treco se eu escondesse algo assim deles.

- Por que você não contou? - Harry reforçou a pergunta com mais seriedade.

- Não sei... - Draco admitiu. - Minha mãe está estressada o suficiente desde o fim da guerra e não precisa de uma preocupação como essas. E meu pai... Ele provavelmente mandaria me amarrarem à uma maca no St. Mungus até eles me consertarem. Ele não é bom com sutilezas.

- Bem... Ainda assim. - Harry argumentou. - Não é como se você estivesse guardando segredo. Eles vão descobrir eventualmente e vai ser pior se não vier de você.

- Acha que eu não pensei nisso. - Draco bufou irritado. - Eu tenho tentado pensar em uma maneira gentil de entregar a notícia, mas quanto mais eu demoro, mais difícil fica.

- Então você talvez não devesse ir. - Hermione sugeriu prestativa.

- E dizer o quê? - Draco revirou os olhos. - Desculpe mãe, vou passar o Natal com meus novos amigos da Grifinória, não se preocupe comigo.

- Você pode dizer que vai passar com seus amigos da Sonserina? - Hermione clicou a língua irritada com o tom condescendente dele.

- Eu poderia, mas seria estranho, uma vez que eles e suas famílias também vão estar lá. - Draco concluiu e bateu a testa na mesa em frustração.

- É cara... Você tá encrencado. - Ron concluiu e voltou a comer.

- Onde vocês vão passar o Natal? - Draco perguntou numa busca despretensiosa por sugestões.

- Na toca. - Ron, Hermione e Harry responderam em uníssono com animação nos olhos.

- Casa Weasley? - Draco revirou os olhos. - Essa seria uma resposta ainda mais suspeita para dar à minha mãe.

- Você deveria apenas ir. - Harry tentou. - Você só não se lembra de mim, se evitar o assunto, talvez possa sair sem que eles descubram.

- Improvável, mas obrigado pela sugestão. - Draco comeu uma uva de um arranjo no centro da mesa. - Mesmo que tenha sido inútil.

- Urg. Nós estamos tentando te ajudar seu idiota. - Ron comentou. - Não seja desagradável.

- Que seja. - Draco ergueu a cabeça. - Querem me ajudar? Tragam uma solução de verdade. - Draco se levantou de seu assento. - Eu vou falar com meus "amigos Sonserinos" para ver se eles têm alguma sugestão. - Ele informou para que Harry não o seguisse. Era possível ouvir as aspas no ar quando ele falava e Hermione fez uma expressão de "que bicho mordeu ele?" quando Draco se retirou.