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"Indiana, abre imediatamente esta porta ou vou ser obrigado a tomar medidas mais drásticas." Ouvi a voz do meu pai pela milésima vez nestes últimos dias.

Desde o corrido na faculdade tomei a decisão de não ir lá nós próximos dias. Pelo menos até as coisas se acalmarem. Não consigo nem pensar em ver a sua cara. Muito menos ter de conviver como se nada tivesse acontecido! Ele é um traidor, um aproveitador, um egoísta. Se depender de mim ele nunca mais me verá. NUNCA MAIS.

"Indiana, eu não volto a dizer!" o meu pai grita desta vez. Bufo frustrada, levantando-me de seguida em direção a porta. Rodo vagarosamente a chave destrancando a porta, o meu corpo fica parado vendo a porta sendo aberta bruscamente e logo uns longos e fortes braços rodeiam o meu corpo num abraço caloroso.

"indiana, minha filha..." o sussurro do meu pai e ouvido junto do meu ouvido. Era notável a sua preocupação. Neste momento de fraqueza já nada importava, nem mesmo o possível relacionamento do meu pai e da Pattie, agora tudo o que precisava era de um abraço forte do meu pai. Para me mostrar que estava segura com ele. Eu sempre confiei no meu pai e sei que só ele pode cuidar de mim. E neste momento o que mais preciso é do carinho do meu pai.

Os meus soluços agora são audíveis e a força dos seus braços a minha volta ainda são maiores, não me importo de estar de pijama ou até mesmo com uma cara numa desgraça, pois era o meu pai, a pessoa que sempre me apoiou, sempre cuidou de mim e que sempre me avisou que ele não era o rapaz certo para mim. Mas teimosa nunca aceitei o que me disseram... fui tão burra! Tão burra!

"Burra, Burra BURRA!!!" gritei frustrada.

"Calma filha. Tu não és burra! Tu... só estavas apaixonada. Apaixonada por um rapaz que não soube aproveitar a exceleste rapariga que és!" as suas palavras calmas, fizeram-me acalmar um pouco.

"era tudo uma vingança pai! Nada existi-o, não houve amor, não da parte dele. " voltei a soluçar

"Esquece-o filha, ele não merece que estejas assim meu amor."

"Eu sei pai, mas não consigo ser forte ao ponto de esquecer tudo o que passamos e depois ver que foi tudo mentira. Eu amava-o!" o meu choro intensificou-se

"calma! Tudo vai passar querida. Descansa um pouco! Eu logo volto para estar contigo." Disse beijando-me a testa.

" o pai ama-te muito."

"também te amo pai, muito!" logo o meu pai saiu do meu quarto, sem antes lançar-me um beijo.

Voltei a deitar a cabeça da almofada e novas lágrimas caíram pelos meus olhos. Eu não consigo ser forte, eu sou fraca, muito fraca no que toca a ele. Ele destruiu-me, destruiu tudo o que construímos. Tudo!

Um estrondo vindo da minha janela fez-me saltar da cama assustada. Segundos depois esse som é novamente repetido. Cautelosamente dirigi-me a janela abrindo-a com ressei-o de levar com alguma coisa. Quando consigo ver o que se passava todo o meu medo foi substituído por raiva. Raiva por ele estar mesmo ali, mesmo em baixo da minha janela junto de outro traidor. Não sei com qual fico mais desiludida, ele por me ter mentido e enganado este tempo todo ou o Max por saber de tudo e nunca ter dito nada.

"India, por favor deixa-me falar contigo!" ele gritou mostrando-se debaixo de o candeeiro de rua. As suas olheiras e cabelo desgrenhado agora eram visíveis e se fosse outra pessoa dizia que ele também estava a sofrer, mas não, ele não estava. Ele é que quis isto.

"Eu não tenho nada para falar contigo, e se continuares aqui eu chamo a polícia!" ameacei-o

"Por favor, tens de me ouvir! Eu não queria isto! Tens de perceber..." tentou explicar-se

"Eu não tenho de perceber nada! Aliais eu já percebi, eu já percebi tudo. Todo o teu esforço para te dares comigo ao início, todas as tuas provocações, todas as implicações com o meu pai, tudo!!! Tu não prestas! Tudo o que querias estas a conseguir. Estás-me a fazer sofrer e o meu pai também! Se era vingança que querias, bem, já a tens Idiota! Agora desaparece daqui!

A raiva que eu sentia por ele só aumentava a cada segundo que passava, já estava a perder a cabeça, e para não lhe jogar nada pela janela virei-me e fechei a janela e a cortina, mas ainda o ouvi a gritar que me amava. Os meus olhos logo foram de encontro com a sombra de alguém na porta que logo reconheci que era o Max. Logo senti as lagrimas voltarem a criar-se nos meus olhos. Eu não conseguia mais ficar aqui, eu só queria desaparecer. Senti as minhas pernas ficarem fracas e depois não me lembro de mais nada.

Abri os olhos pouco a pouco tentando perceber onde estava. Não demorou muito para recordar das coisas que se tinham passado e olhei em volta do quarto encontrando alguém junto a janela virado de costa. Aquele corpo é me tão familiar que não foi preciso nem pensar para saber quem era. Novamente as lágrimas escorreram-me pela cara e os soluços ficaram audíveis captando a atenção do ser de olhos cor de mel. Quando ele se

virou afundei mais o meu corpo de baixo dos cobertores tentando fugir do seu olhar. Mas logo senti a sua grande mão puxar levemente o cobertor de cima de mim. A única coisa que saia da minha boca eram som estranhos por estar a chorar. Os seus braços abraçaram-me com força e eu mesmo estando magoada com tudo não o consegui afastar. Sou uma fraca por não o conseguir afastar de mim, mesmo depois de tudo o que soube, mas fiquei tão refém do seu falso amor que custa desistir de tudo o que tínhamos. Os minutos foram passando e eu continuei a chorar sem parar e ele ainda não me tinha parado de abraçar, continuava com a mesma intensidade.

"isto n-não mud-da nada!" disse soluçando ainda nos seus braços.

"eu sei... desculpa India. Eu fui um completo idiota, se soubesses o quanto eu me arrependo de ter começado as coisas daquela forma..." largou-me, mas nunca desviou os seus olhos dos meus.

"Mas começas-te! E foi a pior coisa que fizeste. Eu nem devia estar a olhar para a tua cara. " disse virando-lhe costa. Mordi o lábio assim que este começou a tremer fazendo- me chorar novamente.

Olhou-me nos olhos "India..." começou.
"jason... por favor. Vai embora..." pedi desviando o olhar. Doía de mais ...

"Tu continuas sempre a culpar-me de tudo. Mas eu não fui sempre o mau da História! Se o teu pai não tivesse feito o que fez nada disto estaria a acontecer! Percebes?" disse levantando-se. Já senti a raiva na sua voz. Ele estava furioso, passava várias vezes as mãos pelos cabelos e pela cara.

"Para de tentar tirar as culpas de ti! Tu foste o culpado do que esta a acontecer. O meu pai só fez o que achava que estava certo. Tu é que não queres aceitar. O teu pai não voltou para vocês porque não quis! Vais me dizer que não sabias que ele já não tinha saído da prisão? A culpa disso já não foi do meu pai! Por isso para de deitar as culpas para cima dele." Disse me levantando irritada.

"Para tu de sempre defenderes o teu pai! Ele não é santo nenhum. E tu vais perceber quando descobrires tudo o que ele te escondeu estes anos todos!"

"O quê que queres dizer com isso?" perguntei agora não entendendo o ponto da discussão.

"Nada. Esquece." Disse preparando-se para sair, mas eu peguei no seu braço. "Porque que estas a dizer isso? Fala!" gritei-lhe no fim

"Desculpa india. Eu não devia ter dito nada." Disse e saiu porta fora deixando-me plantada sem entender nada.

THE PAST  that brought us togetherWhere stories live. Discover now