4. O mistério do jarro

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— Quando vi o jarro em suas mãos imaginei que pudesse estar tramando algo pra mim, mas vendo que de fato o senhor não sabe do real significado e valor dessa relíquia, acho sensato o contar mais sobre ela antes de você decidir o que realmente quer fazer com essa coisa.

— O- o que? - perguntei completamente confuso - verdadeiro... valor, o que isso... significa?

— Senhor Estrada - ele fala em um tom de mistério - está agora prestes a entrar no nervo central de toda a minha coleção, esse lugar é onde guardo meus maiores tesouros e relíquias.

Abrindo a porta atrás dele, Abud revelou um pequeno elevador no qual logo entramos, ele apertou um botão que indicava para baixo e logo estavamos descendo, assim que a porta se abriu não pude conter minha admiração, um enorme bunker cheio de artefatos antigos guardados em caixas de acrílico e expostos como em um museu particular. Meus olhos varriam todo o lugar sem saber no que focar, sarcófagos, papiros antigos, joias raríssimas, adornos e livros estavam por todos os lados.

Estava quase desmaiando quando uma mão tocou meu ombro me acordando do meu transe, Abud me olhava com um sorriso orgulhoso antes de começar a andar pelo local iniciando uma extensa explicação.

— É melhor fechar a boca antes que alguma mosca ponha ovos aí - ele dizia em um tom zombeteiro enquanto se virava para ver se eu o estava acompanhando - Conhece a lenda dos Waratha?

Neguei com a cabeça assim que ele me olhou esperando uma resposta, logo ele prosseguiu com sua explicação.

— Na mitologia grega alguns Deuses desciam do olimpo para ter relações com as mortais, existem aqueles que acreditam que os Deuses egípcios não eram diferentes - ele fala me guiando até algumas relíquias de aparência muito mais antiga que as outras - as lendas contam que alguns desses relacionamentos acabaram gerando "herdeiros", Warathas... os Deuses que acabavam gerando filhos se gabavam perante os outros, isso causou intrigas em meio aos demais, o que levou eles até uma decisão trágica.

Ele parou em frente a uma porta e a abriu fazendo menção para que eu a atravessasse, assim que passei por ela pude ver outros jarros iguais ao de Amaris, cada um deles com uma cabeça de um Deus diferente, Osíris, Ísis, Set e Nephthys. cada um deles em uma proteção de acrílico única.

— Os cinco Grandes - Abud falava rodeando os jarros lentamente - cada um deles gerou um filho metade mortal, e cada um deles foi obrigado a aprisionar seus filhos em um desses jarros, seus corpos foram destruídos e suas almas presas eternamente em pedra, a lenda diz que Anúbis foi o único que quebrou a regra, ele escondeu o seu herdeiro em um lugar afastado, onde nenhum outro Deus pudesse machuca-lo, ele o enviou para um paraíso além dos campos de juncos.

Abud ergueu os olhos até as minhas mãos onde o Jarro de Anúbis estava, seu sorriso de canto crescia cada vez mais, ele fitou meus olhos dando continuidade a sua explicação.

 —Acredita-se que uma alma substituta foi presa em seu jarro, e aquele que o guardar longe dos deuses receberá longa vida como agradecimento por manter o segredo de Anúbis, se a lenda for realmente verdade - ele caminhou em minha direção - o que temos aqui é, não apenas um artefato antigo e valioso, mas também poderoso.

— I-isso é incrível - falo finalmente. - nesse caso, nada mais justo do que deixar ele com o senhor, com o resto da coleção, imagino que ele é o mais valiosos dentre eles.

Abud rio contente com minhas palavras, ele ergueu os braços em minha direção fazendo menção de pegar o Jarro.

— Nesse caso - ele falava mais calmo - me permite levar ele até meus especialistas, preciso ter certeza da veracidade dele antes de coloca-lo em minha coleção. o senhor pode me esperar aqui enquanto eu o levo.

Cavaleiro da Lua; gato e chacalWhere stories live. Discover now