Capítulo 16

205 15 0
                                    

Somente o tempo pode curar tudo, e somente ele pode nos dar uma direção. Os dias estavam passando tão depressa que até me assustava, faltava poucas semanas para que eu concluísse a faculdade e fazia alguns dias que já estávamos morando na casa nova – foi uma loucura a mudança, tudo porque a minha família quis nos ajudar e até os meus amigos embarcaram nessa arrumação. Contudo, havia algo que não saia da minha cabeça, o silêncio do meu perseguidor, fazia um tempo que não ouvíamos falar dele e muito menos houve aparições suas novamente – o Aaron disse que talvez ele tenha se cansado e procurado outra pessoa ou que talvez tenha se mudado, mas eu ainda ficava em alerta.

Abro meus olhos com o barulho do trovão que corta os céus, ia ser um dia bem preguiçoso e duvidava que todos aqueles garotos que estavam nos quartos de hospedes acordariam cedo. Olhei para o meu lado e vi o Aaron dormindo com uma das minhas pernas sobre a sua barriga e parecia bem à vontade com aquilo. Lentamente me levanto e coloco sua camisa por cima do meu pijama e desço até a cozinha, vejo que nos armários somente á os ingredientes das panquecas e até para fazer um suco natural, mas não tinha muita coisa extra, então eu comecei a fazer aquilo mesmo. Mas assim que estava cortando a melancia para fazer o suco, senti uma enorme vontade de come-la com a pasta de amendoim que a mamãe havia mandando, por tanto deixei alguns pedaços cortados para mim e terminei de cortar os do suco. Logo abri novamente a geladeira e peguei o pote que continha a pasta, abri a gaveta e peguei uma colher.

Coloquei aproximadamente o pote inteiro no prato, porém me lembrei que precisava para o recheio da panqueca e devolvi um pouco, mas ainda sim tinha grande parte no meu prato. Enquanto fazia as panquecas eu comia aquela combinação estranha, porém maravilhosa.

- Isso é nojento Solaria. – olho para o batente da porta e encontro o Thiago escorado nela.

- Fala isso porque nunca experimentou. – exclamo voltando a passar a melancia na pasta. – Caiu da cama ou o ronco do meu irmão o acordou?

- Os dois, tenho costume de acordar cedo.

- Entendo...prefere chocolate ou amendoim? – pergunto apontando para os ingredientes no balcão. – Se for chocolate preciso preparar a calda

- Chocolate e acho que metade dos caras vão querer também. – concordo virando a panqueca.

- Porque a senhorita me deixou sozinho na cama? – sorrio cuidando da minha panqueca, enquanto que sinto os braços do Aaron na minha cintura. – Bom dia querida.

- Bom dia...estava com fome. – digo e mordo minha melancia. – Aceita um pedaço?

- O que tem nessa melancia? – questionou tentando adivinhar o segundo ingrediente apenas olhando.

- Pasta de amendoim. – exclamou Thiago fazendo o Aaron se virar para ele. – A encontrei passando na melancia, devia ver a expressão que ela faz ao devorar essa coisa.

Dou de ombros comendo o último pedaço da melancia e voltando a cuidar das minhas panquecas. Logo os meninos descem e o falatório reina na minha cozinha, até o Aaron entrou na conversa – também, futebol é assunto para qualquer hora – enquanto que eu montava os pratos com as panquecas e arrumava os recheios no centro da mesa, de repente eu parei e coloquei a mão na barriga ao sentir um embrulho se formar, respirei fundo e senti o embrulho sumir me fazendo estranhar e voltar a arrumar a mesa. Termino de passar o café e busco o suco na geladeira, mas ao sentir o cheiro do café pronto meu estomago embrulhou de novo e desta vez não passou, somente senti a bile subir pela garganta, me obrigando a correr até o banheiro.

Tive sorte ou então eu teria vomitado no chão e seria uma nojeira. Levanto minha cabeça ao sentir as mãos do Aaron segurarem o meu cabelo, quando uma nova onda de vomito me obriga a enfiar a cabeça dentro do vaso.

ObservadaWhere stories live. Discover now