— Desculpa professor, é que fiquei indignada.

— Indignada com a decisão dele? Se ele namora com ela é problema deles, o nosso problema é essa peça. — Falou o professor e eu soltei a mão do Lucca nervosa.

— Professor, eu não tenho nada haver com a Emma, desculpa o que acabou de acontecer. — Lucca pediu. A primeira vez que ele falava algo que não tinha haver com a peça. — Eu nunca senti nada por ela e Nessa é a minha única amiga, por isso é que temos essa conexão tão forte.

— Está tudo explicado, ouviste, Emma? Agora vamos continuar com o ensaio, da próxima não vou tolerar, Daniella! — Olhou para Dani e ela abaixou a cabeça. Mas tinha um sorriso enorme vitorioso nos lábios.

💘

O ensaio terminou e eu saí com Dani até ao refeitório. Ela estava me contando da sua saída com o Nickolas ontem.

— E depois ele me beijou em frente a todos no restaurante. — Daniella falou sorrindo, quando chegou a melhor parte da sua história.

— Eu queria puder estar lá para ver esse momento tão fofo, amiga. — Eu disse.

— Bom, trocando de assunto, eu e a Ruth já conseguimos uma pista sobre a mãe do Lucca.

— É sério? — perguntei entusiasmada e ela afirmou com a cabeça.

— Encontramos o avô da melhor amiga, é um relojoeiro, a sua loja está perto da empresa dos Roberts.

— E que dia vamos a esse relojoeiro? — Perguntei empolgada.

— Amanhã como não tem ensaio da peça e das cheerleaders,  podemos ir até lá — Dani disse.

— Eu também estou prestes a fazer uma investigação, Dani.

— De quê?

— Do livro do encantamento. Sabias que ele não está no registro da biblioteca? — Perguntei e ela arregalou os olhos.

— Nessa, será que ele é realmente mágico? — Dani perguntou num sussurro.

— É isso que eu quero descobrir. Porque hoje de manhã, ele tinha uma frase diferente, estava escrito: nem todas as escolhas do cupido são certas.

— Será que foi um aviso? — Dani perguntou. Levou uma mecha de cabelo até a sua orelha direita.

— Eu não sei amiga. Agora que está ficando tudo bem, vem essa mensagem do são Valentim.

— Vamos para casa, você precisa de um banho e podes distrair-te com qualquer coisa boa.

— Tens razão.

Saímos do refeitório e entramos no carro da Daniella. Ela colocou o som alto, tocando a música Happy de Pharrell Williams. Cantamos até chegar a minha casa e eu desci do carro.

Despedi-me da minha amiga e entrei na minha casa.

Escutei o som da fritadeira na cozinha e futebol na sala. Obviamente era dia de  jogo do Paris Saint Germain.

Os meus pais eram adeptos do PSG desde que me conhecia como ser humana. De facto a equipe contava com bons jogadores, mas eu preferia a equipe espanhola, Barcelona.

Subi as escadas até o meu quarto e lancei a minha mochila na cama.

Tinha pouco tempo para a peça, mas estava indo tudo tão bem na minha vida.

Se fosse um romance, essa seria a parte fofa da protagonista, de viver o amor, tudo correndo bem.

Puxei a minha toalha no guarda-roupa e entrei no banheiro. Senti a água quente desabar sobre o meu corpo. Fazendo-me relaxar e pensar no quanto a minha vida mudou depois do dia dos namorados.

Lembro-me de ter saído às pressas da biblioteca, de ter me assustado com o Lucca no museu do amor. O seu quase pedido para ir comigo ao baile de finalistas. E o nosso primeiro encontro no dia dos namorados, mesmo que tenha sido sem convite e sim inesperado, para mim contou como encontro.

Tudo isso foi obra do cupido!

Terminei o banho e vesti o meu pijama rosa. Vesti um igual ao Baunilha e desci as escadas com o meu gato nos meus braços.

— Nessa, nem ouvi você entrando. — Minha mãe falou, fechando as cortinas da sala.

— Eu cheguei tão exausta que fui logo tomar um banho.

— Pelos vistos o ensaio de hoje prometeu. — Meu pai disse, após dar um gole na sua cerveja.

— Sim, pai.

— E o coração, como anda? — Minha mãe perguntou e eu engasguei-me com a minha própria saliva.

— Coração? Vai bem, batendo sei lá quantas vezes por segundo. — Minha mãe revirou os olhos.

— Você sabe do que eu estou falando, Nessa.

— Mãe, eu estou com sono, e com sono nem funciono bem, então, eu vou dormir, boa noite, eu vos amo muito. — Saí da sala com o meu gato e subi as escadas apressadamente até o meu quarto.

Tranquei a porta e deitei-me na cama olhando para o teto.

Como a minha mãe sabia de tudo?

Oh, Cupido!

Enviado Pelo CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora