01 | olhos azuis

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Quase caí para trás ao perceber que não havia o reconhecido antes. Quer dizer, como eu não me toquei que estava na mesma cidade que ele?! E mesmo eu querendo dar pulos de felicidade, eu procurei manter a calma para não assusta-los.

— Ah, é você... — foi o que saiu de minha boca.

Rafael, a.k.a. Cellbit, arqueou uma sobrancelha, meio desacreditado com o que ouviu, mas sorriu.

— Nossa, isso que eu chamo de emoção.

Tenho que admitir algo, eu sou fã do Cellbit, costumava assistir seus vídeos nas horas mais difíceis quando estava em Amsterdã. Perdi as contas de quantas vezes corria para o quarto com os olhos cheios de lágrimas só para ver suas loucuras em vídeo para tentar esquecer os surtos do meu pai.

Porém, "conhecendo" sua personalidade hiperativa e alegre, hoje ele parecia meio para baixo.

— Por que você me parece meio dark hoje? — perguntei, com receio de que estivesse me intrometendo muito. — Se não quiser dizer, tudo-

Alan — que antes falava com alguém no celular — me interrompeu, colocando um braço sobre meu ombro e limpou a garganta como se fosse contar uma história longa e emocionante.

— Bem, minha cara... — começou Alan, gesticulando com as mãos para dar ênfase nas frases, o que só deixava tudo mais engraçado. — É uma história surpreendente! Hoje cedo, Rafael gravou um vídeo e editou-o com perfeição, talvez um dos vídeos mais bem editado que ele já fez. Porém, esse babaquinha aqui... — deu tapinhas nas costas de Rafael, ato que fez o mesmo lhe olhar feio. — Esqueceu a porta do quarto aberta bem quando o vídeo redenrizava e foi pegar mais café na cozinha. Não deu três segundos e o Eredin, arrasando como sempre, entrou em ação. Esse cachorrinho doido conseguiu arrancar a tomada do estabilizador, desligando o computador.

— Parece que temos um Sherlock Holmes por aqui. — Rafael comentou, cruzando os braços.

Fiz uma cara confusa.

— O Eredin fez isso? Como é possível?

— Nem me pergunte. Não vimos como aconteceu, só vimos a tomada jogada no chão e meu trabalho arruinado. — falou Rafael, com uma cara de "fiquei bolado".

— Se vocês não viram como foi, como podem saber que foi o Eredin? — era a pergunta que martelava na minha cabeça.

— Oras, porque eu estou ficando na casa do Cellbit e também... — Alan procurou como continuar a frase. — Fui eu quem coloquei o Eredin lá.

Rafael virou em sua direção num pulo, boquiaberto.

— Você fez o quê?! — gritou.

— Ele estava chorando para entrar no seu quarto, não vi porque não ajudar aquele bichinho! — o mais velho defendeu-se.

— Alan, você é um filho de uma pipoca!

Tanto Alan como eu rimos muito da situação, enquanto Rafael jogava mais xingamentos engraçados em sua direção.

Falei que iria pagar por minha coisas e me afastei deles. Quando já estava fora da loja para voltar para casa, vi Alan se aproximar com rapidez e uma sacola cheia de compras.

— Onde você mora, baixinha? Já está bem escuro para você andar pelas ruas sozinha.

Realmente, já estava escuro quando saímos do mercadinho.

— Na verdade, eu apenas sei voltar andando. — comentei sem jeito, notando que Rafael saia da loja e vinha em nossa direção com uma interrogação acima da cabeça. — É que sou meio que nova aqui, mas acho que eu vou ficar bem.

Ele empurrou o Rafael na minha direção, fazendo-o quase cair em cima de mim.

— Por que você não acompanha ela? A Maethe acabou de me mandar uma mensagem dizendo que está chegando, vou esperá-la por aqui.

Lange se afastou de mim, rindo de nervoso. Mas ele logo fuzilou o amigo com o olhar.

— Ô, seu animal, tem para quê empurrar? — resmungou.

— Só vai logo, loiro de farmácia.

Senti minhas bochechas esquentando de vergonha, aquilo não era necessário.

— Não! Tudo bem, vou ficar bem, não precisa fazer isso! — tentei recusar de forma educada.

Cellbit me analisou em silêncio por segundos, que mais pareceram horas. Fiquei envergonhado com esse ato — já que ele realmente olhava no fundo dos meus olhos.

E o mais estranho era que o Alan estava vendo tudo com um sorrisinho no rosto. Ele movimentou a boca dizendo "pintou um clima" sem emitir som. Eu até queria rir, se não estivesse nervosa.

— Para que lado você mora? — perguntou ele. Apontei na direção em que vim. — É, aquele lado é meio perigoso mesmo.

Então se virou pro Alan, dizendo que se viam em casa.

O caminho foi meio constrangedor, pois ninguém falou nada. Bem, não é todo dia que eu fico sozinha com um Youtuber. Não tenho culpa se literalmente nada se passava pela minha cabeça, afinal, eu estava nervosa.

— Então... — ele quebrou o silêncio. — Você não é daqui?

— Não, eu morava em Amsterdã.

— Uou, deve ser legal morar fora daqui. — ele comentou, tentando ser simpático.

— É... — concordei, mesmo que tenha sido uma merda minha estadia lá.

E permanecemos em silêncio até chegarmos em frente a minha casa. Imaginei que minha mãe já deveria está preocupada pela hora. Me virei para o garoto ao meu lado.

— Bem, obrigada por me trazer em segurança, caro amigo, mesmo não precisando. — comecei. — Até mais?

O que eu não entendi foi o que aconteceu a seguir. Rafael simplesmente olhou para trás de mim e passou a gargalhar de alguma coisa. Fiquei tão confusa com a sua reação, que a minha foi inclinar a cabeça para o lado.

— Mas isso só pode ser brincadeira... — ele disse, em meio ao risos.

— O que foi? — perguntei.

— É que a sua casa... — disse e então apontou para a casa atrás de mim. — É em frente a minha.

{...}
"Oi, meu nome é Emily e eu conheci um youtuber nacionalmente famoso em um mercadinho" rsrs

Pois é, eu vou reescrever essa bagaça toda. Gsus, tava tão mal escrita que me dava agonia quando alguém começava a ler.

Desculpem aos que estavam lendo, mas prometo que não vou demorar para postar os capítulos.

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