Beemote

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— Bom dia, queridas! — Minha querida mãe sorriu para mim e Ana que estava ao meu lado. — Tenho uma boa notícia; vamos receber o ilustre Papa Zero, Nihil está vindo nos visitar... — Ela soou triste, talvez seja por conta daquele boato, será que ela ainda fica se remoendo por aquilo? — Quero que vistam suas melhores roupas! Quero ver todas lindas hoje a noite, principalmente vocês duas. — Ela abriu um sorriso segurando nossas mãos juntas. — Até onde fiquei sabendo, os três filhos de Nihil irão vir e o Cardinal também, vai ser ótimo para vocês duas ver os meninos. — Nossa mãe logo nós deixou.

Ana parecia muito animada com a notícia que ela havia dado para nós, por alguma razão, eu não me importava com o fato que Primo, Secondo e o Cardinal irão vir... mas o Terzo. Ele sim, por Satan, esperei tanto tempo para revê-lo. Ele é meu querido amigo de infância, nós costumávamos ser um próximos.

— Qual deles é o seu preferido? — Ana perguntou alegremente. — O meu é o Cardinal, acho ele tão carismático, lindo, perfeitinho e... e... e... — Ela estava tão feliz que mal conseguia expressar seus sentimentos.

— Eu sei que você gosta do Cardinal, você deixou bem claro na semana passada. — Tentei mudar de assunto, não queria responder aquela pergunta.

— Semana passada? O que eu fiz semana passada? — Ela parecia não se lembrar que passou a SEMANA TODA falando o quanto gostava do Cardinal e que estava morta de saudades dele.

Engraçado; ela o viu quantas vezes? Duas? Três? Lembro que da última vez que ele visitou o orfanato, ele apenas havia dado bom dia a ela e talvez sorrido, agora ela anda com o coração nós olhos por causa dele... o amor, como é estranho.

— Esqueceu que estava me lembrando a vez que o Cardinal te comprimentou? — Suspirei fundo.

— Mas... ei! Não respondeu a minha pergunta, mocinha. — Dei de ombros, começando a andar quando ela me agarrou pela cintura, me abraçando. — Vai! Fala quem é- aliás, eu sei quem é! — Não, você você sabe de nada- pensei comigo mesma. — É do Terzo, né? Vocês são amigos desde crianças.

— Sabe qual a diferença entre amizade e amor, Ana?

— Qual? — Ela me soltou e continuou a me acompanhar pelos longos corredores daquele orfanato.

— Amizade é o laço mais real que dois seres humanos podem ter, já o amor não existe. — Disse seco, a expressão dela mudou para algo próximo a estar confusa e triste.

— Mas o amor existe sim. — Ela soou triste, mas logo abriu um sorriso perverso; lá vem. — Se o amor não existe, como você explica seus sentimentos pelo Terzo?

— Me deixa em paz, não é como se eu amasse ele. Somos bons amigos, sua boba. — Não consegui conter um pequeno sorriso, Terzo fazia parte das minhas melhores memórias, mas éramos amigos.

Só amigos. Ou talvez...?

Logo a lua começava a brilhar no céu, trazendo a noite, as meninas do orfanato estavam agitadas; falando alto, andando de um lado para o outro, por Satan, parecia que o próprio Lúcifer estava vindo nos ver, não precisava de tanto.

— Como estou? — Ana perguntou sorrindo, passando a própria mão em sua barriga, ajeitando o vestido que estava usando, olhando para cima e para baixo.

— Que vestido lindo, caiu bem em você, você está tão bonita como Lilith. — Sorri, reparando o vestido avermelhado com detalhes de renda preta. Ela estava realmente muito bonita naquela ocasião, pronta para o abate. — Sabe... na realidade, você parece uma gótica da época vitoriana. — Impliquei.

— Ah, cala a boca. Eu sei que você gostou tanto quanto eu, esse vestido é lindo. — Realmente era. — Vou me maquiar agora, você deveria ir se vestir logo, ainda está de toalha de banho.

Não tinha ideia do que vestir, na verdade, eu só queria estar apresentável para que nossa mãe ficasse contente, ela nunca mede esforço para nos fazer feliz, gostaria de realizar seu desejo de estar bonita hoje a noite. Suspirei, olhei de um canto ao outro, nada bom o suficiente vinha a mente.

— Que tal aquele ali? — Ana sugeriu, apontando para um vestido vermelho com babados preto, era lindinho o vestido, mas parecia de boneca. — Vai ficar lindo em você, já que possui rosto pequeno, vai ser a bonequinha do Terzo hoje a noite.

— Ei! Sua- — Alguém me interrompeu. Era ela.

— E quem disse que Terzo iria desperdiçar o tempo dele com você? Vocês não se veem a anos, ele nem deve se lembrar de você. — Elita adentrou o quarto, aquela vagabunda junto com suas cadelas, Tabita e Ágata.

— E quem disse que alguém aqui pediu sua opinião, Elita? Por que você você vai lá e se fode? — Já tinha perdido a minha paciência, essa garota tem o poder de infernizar a vida até de Lúcifer.

— Como é que é? — Tabita questionou. Enquanto as outras duas riam e debochavam, mas eu nem tava aí para o que elas, nada podia estragar a noite, nem mesmo essas três cadelas de Satan.

— Vamos embora, meninas, não temos tempo para gastar com essas duas perdedoras. — Ágata respondeu, saindo do quarto junto suas amigas.

— Sério isso? Por que elas não nos deixam em paz? — Ana perguntou, enquanto trancava a porta do quarto.

— Eu não me importo mais, Elita é o tipo de pessoa que nem Satan quer a perto de tão irritante que ela é. — Respondi, terminando de me arrumar.

Após terminarmos de nos arrumar, fomos chamadas ao salão principal pois Nihil e a Irmã Imperator haviam chegado com os meninos e os seus devidos Nameless Ghouls. Ana e eu fomos caminhando até o corredor do cômodo principal, onde de cara já havíamos visto as visitas.

Primo e Secondo estavam rodeado de meninas – como sempre –, Cardinal estava cumprimentando nossa mãe, junto a Nihil e a Imperator.

— Não estou vendo seu futuro namorado, mas já encontrei o meu! – Ana disse animada, com um sorriso no rosto.

Ela nem parecia que estava com um coturno de salto, desceu as escadas com uma velocidade impressionante, indo em direção ao Cardinal, caramba; a menina estava mesmo apaixonada. Ei- espera, ela disse "futuro namorado"?

— Quer bebida? Trouxe vinho. — Escutei uma voz familiar vindo de trás de mim.

Ano Zero; A queda de um anjo.Where stories live. Discover now