Capítulo 1

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Sete anos depois

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Sete anos depois

Londres, 20 de junho de 1821.

Mary não ousou encontrar a decepção que se transformara os olhos de lorde Rodwell. Desde o início da temporada, o cavalheiro demonstrara interesse por ela e Mary tentara, inutilmente, se entregar a tal corte. Quando, no mês anterior, ela rejeitara o pedido do barão de Conway, Rodwell enxergara tal ação como uma declaração clara da preferência da jovem por ele e aumentara as investidas em sua corte.

Mas Mary não se apaixonara por ele. Acabara, por até mesmo, recusar um beijo que ele tentara lhe roubar, pois a simples aproximação de seus lábios gerara um pânico sem precedentes em seu íntimo. O cavalheiro era, com toda certeza, muito bem-apessoado. Os cabelos claros não eram oleosos e estavam arrumados em todas as ocasiões, a vestimenta nunca trazia um único desalinho e ele se apresentava sempre perfumado. É claro que tal fragrância não estimulava os sentidos de Mary, mas a própria chegara a se considerar muito crítica em suas preferências.

Por que, afinal, ela não sabia exatamente o que queria. Mas sabia, exatamente, o que não queria. Não queria se casar com Devon Duncan, visconde de Rodwell, porque não o amava. Não poderia ser sua esposa e era isso que ela havia lhe informado após todos os passeios e danças compartilhadas naqueles dois meses.

— A senhorita não pode estar falando sério...

— Lorde Rodwell, eu sinto muito, mas...

O cavalheiro soltou uma risada irônica e depositou o buquê trazido na mesa de centro da sala. Mary havia passado por aquela cena algumas vezes em suas temporadas sociais, mas em nenhuma, havia ficado tão nervosa. Talvez porque, daquela vez, Devon cumpria quase todos os requisitos que ela desejaria em um marido, menos o mais importante: ele não fora capaz de fazê-la amá-lo.

— Eu deveria dar mais atenção ao que me disseram. Você nunca desejou um casamento de verdade, não é mesmo?

— Lorde Rodwell, não estou lhe compreendendo.

— É apenas um jogo? Apostas são de péssimo tom para as damas. Qual cavalheiro conseguirei ludibriar para que me peça em casamento agora? É simplesmente...

Mary arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que seus ouvidos escutavam. O lorde nobre e honesto que se apresentara nos últimos meses acabava se revelando um péssimo perdedor. Não estavam nem ao menos em uma competição, apesar das outras damas sempre se referirem a temporada desta forma.

— Eu acredito que o senhor deva partir...

— É claro que sim, não quero passar mais um momento em sua companhia, lady Mary.

Ela arquejou com a forma negativa com que ele utilizara seu título de nascimento.

— Eu nunca quis magoá-lo. Mas preciso ser sincera comigo mesma, lorde Rodwell.

O Destino de Lady Mary | Irmãos Blackburn 4Onde histórias criam vida. Descubra agora