A briga

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Liguei diversas vezes para Ryle, era seu dia de ficar com a nossa filha, mas ele não se deu nem ao trabalho de explicar a razão pela qual não apareceu.

Acordo assustada com algumas batidas na porta, me viro para a cabeceira e vejo no relógio que ainda é de madrugada. Penso se será Atlas, pois o mesmo está numa janta com seus colegas de trabalho, mas ele tem as chaves. As batidas continuam então me obrigo a ir ver quem é. Só espero não terem acordado Emmy. Olhando pelo olho magico me espanto ao ver Ryle parado do outro lado da porta, e ele parece estar furioso.

- Lily abra essa porta- fico hesitante então não me mexo.

- Lily eu sei que está aí - fecho os olhos e torço para que vá embora.

- Abra a m**** da porta- respiro fundo e abro me preparando para mais um de seus surtos, Ryle passa por mim quase me derrubando e procurando por algo.

- Onde ela está? Vim buscar minha filha.

- Nossa filha está dormindo Ryle e ela não vai com você.

- Pensei que quisesse que eu a buscasse, ou por acaso aquelas ligações perdidas no meu celular foram de saudades?-

Ryle da alguns passos em minha direção, e assim que se aproxima percebo o cheiro de álcool.

- Onde você esteve? Está bêbado!

- Onde eu estava não te interessa Lily, agora me de minha filha.

- Se você acha que pode entrar na minha casa desse jeito e leva-la a essa hora está muito enganado, então já pode ir embora.

Ryle continua se aproximando, ficando a alguns centímetros de distância da minha boca.

-  Deixe-me passar ou se não...

- Se não o que? - Digo o interrompendo- acha que pode vir me ameaçar na minha própria casa?

Ryle fica em silencio apenas me observando, então seus dedos começam a percorrer minha pele, indo do meu rosto até meus ombros. Seu dedo passa lentamente pelo lado do meu coração, e meu corpo todo estremece. Seus lábios encostam bem em cima de minha tatuagem, e depois seus dentes cravam minha pele com tanta força que eu grito.

Tento me afastar, mas ele está me segurando com tanta força que nem se mexe. A dor de seus dentes perfurando minha clavícula se espalha pelo ombro e desce pelo braço. Imediatamente começo a chorar. A soluçar.

- Ryle, me solte- digo, com um tom de voz suplicante.- Por favor, se afaste.

Ele me vira, mas continuo de olhos fechados. Estou assustada demais para encará-lo. Suas mãos se afundam em meus ombros enquanto ele me empurra no sofá. Começo a me debater para escapar, mas não adianta. Ele é forte demais. Ele está fazendo de novo, o que me prometeu nunca mais fazer.
Está me machucando outra vez.

- Por que ele ainda está aqui, Lily? - Sua voz não está mais tão controlada. Ele está zangado.- Esse cara está em tudo.
Na m**** de sua tatuagem que antes era a parte que eu mais gostava em você. P**** Lily! O que tanto você vê nesse cara?

-Ryle- imploro- não vamos falar sobre isso agora- as lagrimas me escorrem pelas têmporas e molham meu cabelo.-
Você está zangado. Por favor, não me machuque. Por favor. Vá embora, e conversamos quando você voltar.

Sua mão agarra meu tornozelo, e me puxa até me colocar debaixo dele.

-Não estou zangado, Lily- retruca, com a voz perturbadoramente calma.- Só acho que ainda não demonstrei como eu te amo.

Seu corpo se aproxima do meu, e ele prende meus pulsos acima da minha cabeça, pressionando-os no sofá.

- Ryle, por favor. –Estou soluçando, tentando afastá-lo com alguma parte de meu corpo.- Sai de cima de mim. Não faça isso de novo
Não, não, não.

- Eu te amo, Lily- diz ele, e suas palavras atingem minha face.- Mais do que ele jamais amou. Por que você não enxerga isso?

Então fecho meus olhos mais uma vez, e rezo. Rezo para que ele não continue. Sinto suas mãos gélidas tocando minha pele. Então ele para. E não sinto mais um peso sobre mim. Mas ao abrir meus olhos me espanto ao ver Atlas furioso encarando Ryle. Ele chegou.

No que se torna um dos momentos mais terríveis que consigo imaginar, ele se vira e avança na direção de Ryle, agarrando-o pela gola da camisa. Assim que isso acontece, Ryle joga Atlas para trás e o imprensa na parede. Atlas se lança para cima de Ryle de novo, agora empurrando o antebraço no pescoço dele, prendendo-o na parede.

- Se a tocar de novo, vou cortar sua mão e enfia-la em sua garganta, seu imprestável!

Estou sem reação, então continuo imóvel sem conseguir me mexer.

- Você nunca será alguém para ela, sempre serei eu quem ela mais amou
Imediatamente, a sala se transforma em um borrão de punhos, cotovelos e gritos de “parem’’.

Escuto um choro vindo do quarto e então me recordo de que Emmy ainda está lá, subo correndo, ela deve ter ficado assustada com os gritos.

- Oi meu amor- digo entre sussurros e lagrimas- vai ficar tudo bem, confie em mim.

O silencio beira no ar por alguns segundos. Até que o som explode, enchendo a sala inteira. É tão alto.

Aperto os olhos e tapo os ouvidos, sem saber nem de onde o ruído vem. É um barulho agudo, como um grito. Ainda de olhos fechados continuo andando até a sala, quando chego abro os olhos e vejo o corpo sem vida do meu namorado a alguns metros de mim. Ryle está parado. Com uma arma em suas mãos. Vejo sangue escorrendo de suas mãos. Seu olhar intercala entre mim e o corpo de Atlas. Meus olhos estão arregalados, e balanço a cabeça, esperando que o último minuto da minha vida simplesmente desapareça se eu me recusar a acreditar nele. Me aproximo de Atlas e me sento ao seu lado.

- Meu amor.... Minha vida- digo baixinho- por favor... não faça isso comigo.

As lágrimas começam a escorrer do meu rosto e tudo vira um borrão. E a única coisa que consigo escutar é o barulho das sirenes. Alguém chamou a polícia. Olho para Atlas uma última vez.

Antes de apagar.

Literalmente é assim que acabaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें