— O que foi Audrey? — Meu pai questionou, parado na porta da sala. —Ah, deixa o gato em paz. Nessa, podes ficar com o gato.

   — Obrigada pai. — Eu sorri e abracei o meu Baunilha. —  Baunilha, esse anjo é o vovô Leandro.

   — Oi meu neto, de boas? — Meu pai perguntou e eu gargalhei.

   — Eu vou subir pai e mãe.

   Subi as escadas até o meu quarto e coloquei um cobertor velho no chão, tentei dar um jeito de parecer uma cama de gato e coloquei o Baunilha deitado no mesmo. Sentei-me em frente a penteadeira e abri o meu laptop. Fiquei a assistir filmes, enquanto a minha mãe cozinhava o jantar e para não ouvir conversas ofensivas sobre gatos. Eu me apaixonei pelo Baunilha logo que vi seus olhos brilhando e não será a minha mãe a fazer-me desistir dele.

   Depois de assistir dois filmes de terror, minha mãe chamou-me para jantar e eu saí do quarto, certificando-me de trancar a porta por qualquer imprevisto.

   Desci as escadas e entrei na cozinha. Sentei-me na cadeira ao lado da minha mãe e servi o purê de batata e um pedaço de bife.

   — Como foram as audições? — Minha mãe perguntou, cortando a carne.

   — Foram ótimas e o professor de teatro disse-me que fui bem, agora é só esperar o resultado. —  Redargui e minha mãe sorriu.

  — Decerto que conseguiste. — Minha mãe falou.

   — Eu espero que assim seja. — ela riu e meu pai apenas sorriu.

   — Tu és a Nessa Carter, a minha filha, não tem como você não conseguir ser a Cinderela. —  Meu pai disse e eu gargalhei.

   — Pai e mãe, vocês estão muito confiantes. — Brinquei. — Mas é isso, eu vou conseguir.

   As audições foram boas, mas teve meninas impressionantes. Várias loiras tentando ser a Cinderela e eu dei uma de espertinha e sentei-me na fila da Cinderela, a Cinderela ruiva. A minha amiga Dani é quem teve sorte, a fada madrinha pode ter qualquer cor de cabelo, mas Cinderela? Ela é loira.

   Terminei de jantar e lavei o meu prato, subi as escadas até o meu quarto e encontrei o Baunilha deitado na minha cama. Esse gato é mesmo fofo.

   Tomei um banho e vesti o meu pijama de corações e caveiras. Deitei-me ao lado do meu gato e adormeci olhando para o teto. Acordei com a forte luz do sol batendo no meu rosto, abri os olhos e de longe senti a silhueta da minha mãe ao lado da janela.

   — Mãe, hoje é sábado. — Reclamei, erguendo o meu corpo.

   — Onde está o teu gato? — Ela perguntou e eu procurei o mesmo por todo quarto mas não o achei.

   — Mãe, você... — Não consegui terminar de falar e contive uma lágrima rebelde.

  — Claro que não, ele está comendo, comida para pessoas, não ração para gatos e isso não serei eu a comprar, tens o final de semana inteiro para tratar desta tua aberração. — Minha mãe parou na porta e sorriu. — Tenha um bom dia. — Ela saiu do quarto e fechou a porta.

   Revirei os meus olhos e puxei a minha toalha do guarda-roupa. Bendita hora que inventei de adotar uma fofura para mim. Tomei um banho quente e vesti uma blusa rosa e calças de ganga azul escuro. Fiz uma trança longa com o meu cabelo e calcei o meu par de tênis branco.

   Saí do quarto e desci as escadas até o rés do chão, encontrei o Baunilha deitado no sofá e os meus pais tentando brincar com ele.

   —  Pai e mãe, eu vou ao pet shop do centro comercial.

Enviado Pelo CupidoWhere stories live. Discover now