Prólogo: Como tudo Começou

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A catástrofe que testemunhara se equiparava à uma zona de guerra — um conflito colossal que abalou, literalmente, todas as estruturas do prédio

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A catástrofe que testemunhara se equiparava à uma zona de guerra — um conflito colossal que abalou, literalmente, todas as estruturas do prédio. Por mais que incentivasse uma visão otimista de uma situação sem solução, naquele momento, não podia sustentar essa ideologia sem agravar seu humor não muito tolerante. Havia um buraco no teto que supôs ser de uma falha tentativa de invasão, as janelas quebradas com direito a estilhaços jogados pelo assoalho e, o espetáculo principal, metade do escritório estava mergulhado no caos e o que permaneceu bravamente em pé se encontrava revirado, em condições precárias. Desconcertada, Diva largou a bolsa com o horror estampado por suas delicadas feições e que se transfigurava a medida que tomava consciência da gravidade dos estragos, indo de assombro a uma fúria descomunal. Ainda que pudesse mitigar parte dos danos com um pouco de magia, não tinha como calcular e o que teria que gastar nos reparos, o que provavelmente daria uma soma exorbitante que nenhum deles possuía.

O histórico de Devil May Cry desde que Dante começou o negócio se resumia a: alguma força maligna pôr o lugar a baixo ou alguém tentar matar o meio-demônio, não exatamente nessa sequência. Imaginou que agora que tinha quatro homens poderosos para lidar com o trabalho pesado e manter a ordem, o imóvel ficaria inteiro e não teria que se preocupar com nada além de reformas ocasionais para melhorar o fluxo de clientes. No entanto, diferente do previsto, em menos de seis meses perdeu não somente sua residência, que dividia com os gêmeos, como também a fonte de renda de ambos. Lutou contra o impulso de chorar de frustração, tragando o desgostos para si, ciente de que a culpa primordial do estado deplorável da agência vinha dos demônios que os desafiavam.

Praticou o exercício básico de respiração e contou até dez antes de confrontar os quatro caçadores que, pela linguagem corporal — uma mais distinta que a outra —, esperavam uma reação explosiva da mulher e tudo que receberam fora um longo suspiro, o que não amenizou a iminente ameaça que permeava o ar. Conhecendo-a como a palma da mão, Dante sabia bem que a falta de exaltação por parte dela significava que algo muito pior que qualquer bronca ou greve viria como uma forma de punição. Podia ver a aura dourada borbulhante feito um vulcão prestes a entrar em erupção, o perigo que se espreitava pela postura desolada dela e que precisaria de um plano de respaldo... Mulheres conseguiam ser muito assustadoras se assim desejavam.

Nero o fitou com a mesma impressão enquanto Vergil e Vitale não demonstravam apreensão em nenhum nível. Todos se contrastavam em seus opostos, o que fazia com que funcionassem bem — nem tanto em certas ocasiões — o que tornava a convivência menos desgastante. Contudo, ao se ver encurralado, Dante considerou uma desculpa para acalmar a fera em forma de mulher que agora os mirava com um semblante nada feliz.

— Quero uma explicação. — exigiu em um tom endurecido.

— Olha, doçura...

— Você não! — rugiu, cortando sua frase e fixando atenção em Vergil. — Conte, Vergil.

— Meu irmão, como sempre. — Vergil não poupou palavras para apontar o culpado por uma parte da desordem. — Ele perdeu tempo com as bobagens dele em vez de eliminar os demônios de vez.

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