. • ° ⋆✩.ᴘʀÓʟᴏɢᴏ ✫ ° ☪⋆ ✯. • ° ⋆

467 62 11
                                    

O que aqui se conta aconteceu há muitos anos, quando o professor ainda era um menino

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

O que aqui se conta aconteceu há muitos anos, quando o professor ainda era um menino. É uma história de maior importância, pois explica como começaram as idas e vindas entre o nosso mundo e a terra de Nárnia.

Naqueles tempos, Sherlock Holmes ainda vivia em Londres e as escolas eram ainda piores que as de hoje. Mas os doces e os salgadinhos eram mais gostosos e em conta.

Naquela época vivia em Londres uma garota que se chamava Polly. Morava numa daquelas casas que ficam coladas umas nas outras, formando uma enorme fileira.

Uma bela manhã ela estava no quintal quando viu surgir por cima do muro vizinho o rosto de um garoto. Polly ficou muito espantada, pois até então não havia crianças naquela casa, apenas os irmãos André e Letícia Ketterley, dois solteirões que moravam juntos.

Por isso mesmo, arregalou os olhos, muito curiosa. O rosto do menino estava todo encardido. Não poderia estar mais encardido, mesmo que ele tivesse esfregado as mãos na terra, depois chorado muito e então enxugado as lágrimas com as mãos sujas. Aliás, era mais ou menos isso que havia acontecido.

- Oi - disse Polly.

- Oi - respondeu o menino. - Qual é o seu nome?

- Polly. E o seu?

- Digory.

- Puxa, que nome sem graça! - disse ela.

- Acho Polly muito mais sem graça.

- Não é, não.

- É, sim.

- Bom, pelo menos eu lavo o rosto - disse Polly. - É o que você deveria fazer, principalmente depois... - e parou. Ia dizer: "Principalmente depois de ter chorado por aí", mas achou que isso não seria muito delicado.

- Está bem, chorei mesmo - disse Digory, bem alto. Sentia-se tão infeliz que nem se incomodava que soubessem que andara chorando. - Você também choraria, se tivesse vivido a vida inteira no campo, e tivesse tido um pônei, e um rio no fundo do quintal, e de repente viesse morar nesta droga de buraco...

- Londres não é um buraco - reclamou Polly, indignada. Mas o menino estava tão aborrecido que nem prestou atenção, continuando a falar:

- ...e se seu pai estivesse na Índia e você tivesse de viver com uma tia e um tio louco (quem ia gostar?), e isso porque eles têm de tomar conta de sua mãe... e se sua mãe estivesse doente e fosse... e fosse... morrer...

Aí o rosto de Digory ficou esquisito, como se ele estivesse fazendo força para não chorar. Polly falou com doçura:

- Desculpe. Eu não sabia de nada. - E, como não tinha mais o que dizer, ou querendo animar o garoto, perguntou:

- Seu tio é mesmo doido?

- Ou é doido ou então há um mistério nisso. Ele tem um estúdio no último andar e tia Leta nunca me deixa ir lá. Isso não me cheira bem. Tem mais: sempre que ele quer me falar alguma coisa na hora do jantar, ela não deixa, dizendo: "Não aborreça o menino, André." Ou então: "Digory não está nada interessado nisso." Ou: "Digory, acho melhor você ir brincar no quintal."

𝚃𝚑𝚎 𝙴𝚗𝚍 𝚘𝚏 𝚆𝚒𝚗𝚝𝚎𝚛 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora