66. Visita

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Andrew Pov.

Já perdi as contas de quantas vezes mudei o canal da televisão do quarto, tentando encontrar algo que me prenda. Eu me considero muito ativo e ficar parado num só lugar para mim é uma tortura. Fico inquieto vendo todos os médicos, enfermeiros, residentes passando de um lado para outro na correria do dia a dia. Sinto falta disso, mas sinto falta especialmente de estar em casa correndo e brincando com as crianças no quintal. Algo que não poderei fazer por pelo menos um mês, mas não me arrependo, fiz o que foi certo e as meninas estão bem.

Já é de noite e mesmo com o dia cheio, muita gente veio me visitar. A Meredith eu só vi pela manhã, ela entrou em uma cirurgia que durou praticamente o dia inteiro. Me sinto mal por estar aqui e não poder ajudá-la, nós somos uma equipe e sempre dividimos os pacientes, ou operamos juntos quando dá. As vezes é nosso momento de casal, enquanto operamos conversamos sobre a vida e o mundo, eu particularmente adoro isso. Nem sempre temos esse tempo para dar mais atenção um ao outro, e operar juntos acaba nos aproximando mais.

-Oi. Oi. Cheguei. Me disseram que tem um médico quebrado esperando por mim.

Meredith entra no quarto e logo vem me beijar. Ela segura em meu rosto com as duas mãos e me dá um selinho demorado.
Caramba, eu estou com tanta saudade dela.
Assim que me solta do beijo, ela senta na beira da cama, no espaço que eu já deixei esperando por ela.

-Chegou a melhor visita do meu dia. Eu já estava com saudade.

-É mesmo?

-Claro.

-Achei que eu não fizesse falta. Sei bem que você recebeu muitas visitas hoje, você tem muitas fãs por aqui, Dr. DeLuca.

Ela fala e me olha com certo deboche. Eu adoro esse jeito dela. Adoro quando ela está feliz e faz piadas e brincadeiras bobas. Tenho vontade de imprimir esse sorriso descontraído e levá-lo e tê-lo comigo em todos os lugares e momentos em que estou longe dela.

-Fãs? Eu não sei de onde você tira essas coisas.

-Vai se fazer de sonso, Andrew? Eu tenho informantes.

- A Helm está lhe dando informações muito equivocadas, meu bem.

-Você sabe que não.

Ela ri e faz carinho em minha mão.

-Eu todo quebrado e você com ciúmes, me sinto até lisonjeado.

-Bobão. Como você está? Ainda com muita dor?

-Não, hoje me senti melhor, mas a dor do tédio está me matando.

-Meu Deus, que exagero.

-Não é exagero, eu fico cansado de ficar parado e deitado aqui enquanto todo mundo está vivendo lá fora. Você também é assim, Doutora Grey, nem vem.

-Você está reclamando muito, quer fazer um twitter?

-Você hoje está uma graça.

-E você muito reclamão. Olha, eu te entendo, mas você ainda tem muitos dias para aguentar, então trate de ficar quieto.

-Eu não vejo a hora de ir pra casa ficar com as crianças, eles me entendem.

-Hum, eles entendem sim, entendem a bagunça que vocês todos fazem.

-Sabemos nos divertir.

-Amanhã vou trazê-los aqui, eles querem  ver você. Ah, e a Amelia falou que talvez você seja liberado no fim de semana. O que é bom, porque eu vou ficar em casa e posso cuidar de você.

-Você vai cuidar de mim é?

Eu passo as mãos pelas coxas dela e aperto de leve. Ela bate em minha mão e aproxima o rosto do meu. Eu fecho os olhos quando Meredith encosta os nossos narizes e acaricia o lóbulo da minha orelha. Eu me arrepio e me sinto extremamente calmo e amado, e essa sensação é a melhor de todas. Saber que meu sentimento é recíproco me deixa muito feliz.

-Eu vou cuidar de você do mesmo jeito que você cuida de mim todos os dias. Mas nem pense em safadeza, você fez uma cirurgia na coluna... então, zero sexo pra você por um bom tempo.

-A minha vida é muito difícil.

Eu coloco o cabelo dela atrás da orelha e dou um beijo em seu pescoço.

-Tá bom. Chega.

Ela faz um alongamento no pescoço e eu sei que ela está muito cansada, mas se esforça para estar aqui comigo.

-Amor, vai pra casa. Você fez uma longa cirurgia hoje, está cansada. Eu tô bem, vai descansar, tomar um banho e aproveitar nossa cama por mim.

-Não, eu não vou. Você tá bem, mas de repente... Sei lá...Sabe, eu tinha um amigo, Mark, ele estava no acidente de avião comigo. Ele ficou bem mal e depois de uns dias acordou alegre e bem, se despediu de todo mundo e depois partiu.

-Meu Deus, Meredith.

-É sério. 

-Não é a mesma coisa. Eu estou realmente me sentindo bem.

-Você não sabe...

-Eu sei, eu estou bem... Isso não é o surto.

-Não, eu não vou sair daqui, hoje é meu dia de ficar. Você que me aguente fedorenta do seu lado.

Ela se deita ao meu lado na cama.

-Você nunca vai ser fedorenta, você é o meu amor.

-Amar por acaso faz você ficar sem olfato?

-Amar faz com que eu aguente até seu fedor...

Nós rimos e ela semicerra os olhos e levanta da cama.

-Ei... Eu vou tomar um banho.

-É brincadeira.

-O Mark também acordou brincando igual você.

-Meredith, meu amor. Eu estou acordado há dias, já me reviraram por inteiro nesse pós operatório, eu vou ficar bem. Triste por não poder fazer amor com você por um tempo, mas eu não vou morrer.

-Você promete?

-Eu prometo. Nós vamos envelhecer juntos, vamos ver nossas crianças se tornarem adultas trilhando seus caminhos. Vamos viajar o mundo juntos. Você ainda vai andar muito de moto comigo, ah e quem sabe escalamos uma montanha?

-Esse final eu não gostei.

Ela beija minha testa e mexe no meu cabelo. Eu fecho os olhos para sentir e aproveitar o carinho dela.

-Vou tomar banho e já volto. Vamos fazer uma chamada de vídeo com as crianças. A Carolyn me mandou mensagem avisando que eles não querem dormir sem falar com a gente.

-Eu tô morrendo de saudade.

-Eles também estão. Já volto, não saia daqui.

-Muito engraçado, doutora Grey. Muito engraçado.

Ela pisca pra mim e sai. Incrível como todo meu tédio e desconforto do dia passou depois de eu vê-la e conversar com ela por alguns minutos. Eu amo amar essa mulher.








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Eles 😭

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